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Novo ano ruma para recuperação econômica, afirmam especialistas

Após uma crise intensificada pela pandemia da covid-19, especialistas têm boas expectativas

Elisa Vaz

A crise sanitária provocada pela pandemia da covid-19 afetou diversos setores econômicos após a necessidade de isolamento social para evitar a propagação do vírus. Os dois últimos anos têm sido desafiadores para empresários e governantes, que veem em 2022 a chance de uma retomada capaz de amenizar a recessão econômica pela qual passa o país.

De acordo com o economista Eduardo Costa, os principais termômetros desta crise são a taxa de crescimento da economia, a taxa de desemprego, a situação de vulnerabilidade social e a inflação. No ano de 2020, como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil teve uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 4,1%, ou seja, tudo que é produzido dentro do país. Para o ano de 2021 estima-se um crescimento em torno de 4,65%. O resultado deste desempenho econômico, explica Eduardo, foi o aumento do desemprego e da vulnerabilidade social.

“Atualmente, a taxa de desemprego está em 13,2%, ou seja, cerca de 13,7 milhões de brasileiros estão desempregados. Como consequência disto, verificou-se a piora da situação da vulnerabilidade social. Pegando apenas a questão da insegurança alimentar para exemplificar, assistimos a um aumento significativo nos últimos dois anos de pessoas vivendo em situação de fome. Alguns indicadores apontam para cerca de 20 milhões de brasileiros que, de alguma forma, sofrem de privação alimentar, um crescimento em torno de 25% em relação a 2018”, destaca.

A situação social no país não se tornou mais dramática em decorrência da execução de um programa emergencial de transferência de renda, o auxílio emergencial, na avaliação do especialista, além das medidas adotadas pelo governo federal, que incluíram a transferência de recursos para os Estados fazerem o enfrentamento da pandemia, medidas que funcionaram como colchão social e econômico de amortecimento, na medida em que o volume injetado na economia ajudou a estimular o consumo e a amenizar a recessão econômica. 

Outro indicador importante é a inflação. Segundo Eduardo Costa, a recessão econômica, com elevado desemprego e aumento da vulnerabilidade social, juntamente com uma inflação alta, produziram uma “tempestade social preocupante”. Em 2020, de acordo com o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que reflete a inflação, registrou alta de 4,5%. Para 2021, a projeção é de uma elevação do índice em torno de 10%. “Itens como energia elétrica, combustíveis e alimentação tiveram elevações expressivas, exercendo um efeito de compressão negativo na capacidade de consumo das famílias. O poder aquisitivo do brasileiro caiu consideravelmente. Em síntese, a crise sanitária teve uma repercussão econômica e social dramática em nosso país”, argumenta o economista.

Dentro do Pará, o efeito da pandemia foi similar, diz Eduardo, com impacto negativo no desempenho da economia, inflação, aumento do desemprego e piora dos indicadores sociais. Apenas no Estado, 963 mil famílias foram beneficiadas com o Auxílio Brasil, o que corresponde a cerca de 32% das famílias do Pará, e 1,7 milhão estão registradas no CadÚnico, portanto, em situação de vulnerabilidade social. Porém, esses beneficiários injetaram os recursos na economia de seus municípios e do Estado, estendendo essa cadeia, via efeito multiplicador, para o comércio local e para a economia informal, evitando o aumento do desemprego e da vulnerabilidade social.

Também houve efeito positivo na arrecadação estadual, pelo estímulo dado ao consumo por meio da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “A crise econômica também impactou fortemente as finanças públicas dos três entes da federação – União, Estados e municípios. No caso do Pará, as finanças públicas do governo estadual foram beneficiadas, no ano de 2020, com a suspensão da dívida pública por parte da União no montante de R$ 539 milhões, o que, indiscutivelmente, colaborou com o equilíbrio das contas públicas e com a garantia do cronograma de pagamento dos fornecedores do Estado. Ainda foi repassado o total de R$ 21 bilhões para o governo do Pará e para os municípios do Estado, mantendo os compromissos de transferência de recursos, cooperando, também, para a amenização da crise fiscal dos Estados e municípios. Em termos específicos da saúde, houve repasse na ordem de R$ 3,4 bilhões, seja como recursos ordinários para a saúde ou adicionais para o enfrentamento da pandemia”, defende o economista.

Para 2022, a expectativa de Eduardo é de que o ano seja desafiador, econômica e politicamente. No caso da economia, as projeções não são animadoras. Segundo o especialista, o PIB deve crescer apenas 1%; a inflação deverá ser inferior à deste ano, mas ainda preocupante, da ordem de 5%; a Selic deve ser elevada para combater a inflação, gerando efeito negativo no consumo e no investimento e impactando a taxa de crescimento da economia; e deve haver estabilidade no câmbio.

“Porém, precisamos lembrar que 2022 será um ano eleitoral. E, dependendo das pesquisas, incertezas políticas e eleitorais poderão gerar impactos negativos nas expectativas dos agentes. É nesse sentido que é muito difícil estabelecer uma projeção para o ano que vem. Mas, em um cenário de polarização política, tal como o mais provável, podemos ter impactos negativos nos indicadores projetados. Devemos torcer para não sermos atingidos por nenhuma nova onda da pandemia”, adianta Eduardo.

Bom ano para investir

No mercado financeiro, o cenário pode ser diferente. Apesar das possíveis e esperadas instabilidades econômicas e políticas por conta do ano eleitoral, especialistas apostam que este pode ser um bom ano para quem quer começar a investir e construir patrimônio.

O sócio-diretor da AçãoBrasil, escritório credenciado à XP Investimentos, Márcio Baena, acredita que os juros básicos – taxa Selic – na faixa de 10% e os juros de renda fixa bancária voltando a ficar acima de 12% bruto por ano farão muitas pessoas aportarem mais nos investimentos de Renda Fixa, ou seja, quando, no momento da aplicação, a pessoa já sabe quanto aquele valor vai render. Além disso, aqueles que ainda usam a poupança, que voltou pagar apenas 0,5% ao mês, também devem passar a procurar investimentos melhores – Márcio diz que, mesmo sendo isenta de impostos, não justifica o brasileiro ainda manter mais de R$ 1 trilhão na poupança e o paraense mais de R$ 14 bilhões.

“Há muitas outras escolhas que poderiam ser feitas, como o próprio Tesouro Selic do governo federal. Já para a Bolsa de Valores, veremos o mercado em compasso de espera, como ocorre sempre em anos eleitorais. Após a definição dos próximos governantes, teremos espaço para movimentos mais consolidados. Em geral, a nossa área de análise acredita que o Brasil descolou do resto do mundo e ficou barato, enquanto que as Bolsas de Valores de todo o mundo estão em alta, renovando máximas todos os anos. No longo prazo, são em momentos assim que os investidores conseguem os melhores resultados, nos momentos de baixa”, garante o especialista.

Do mesmo escritório, o assessor de investimentos Leonardo Cardoso lembra que, historicamente, anos eleitorais têm grandes oscilações para os investimentos de Bolsa de Valores no Brasil, pois as pesquisas eleitorais ditam o tom do comportamento dos ativos de risco no curto prazo. “Essa volatilidade, para uns, pode ser entendida como risco, mas para outros como oportunidade, pois, apesar das oscilações no curto prazo, o ano de 2022 tende a ser um ano de recuperação para boa parte das empresas brasileiras e é uma máxima do mercado financeiro que a cotação da empresa em Bolsa ao longo do tempo deve seguir o lucro dela; por isso a importância de se investir em companhias lucrativas e que tenham uma saúde financeira interessante”, orienta.

As oportunidades aparecerão tanto para o investidor mais arrojado quanto para o mais conservador, na opinião de Leonardo. A escolha correta do investimento adequado dependerá do perfil do investidor, sua aptidão ao risco e seu horizonte de tempo. O assessor afirma que é “imprescindível” entender que, para investimentos com oscilação maior, como os da Bolsa de Valores, o horizonte de tempo do investidor deve ser maior; são tipos de investimento indicados para objetivos de longo prazo, como a compra de um imóvel ou mesmo a independência financeira.

“Aplicações mais seguras são a pedida, nunca esteve tão fácil investir com qualidade, fugindo de aplicações com taxas altas ou mesmo com rentabilidades baixas. O ano de 2022 será muito interessante para quem gosta de investir sem se expor a riscos. Voltando ao patamar de dois dígitos da Selic e com uma inflação alta, o investidor consegue investimentos muito seguros com rentabilidades superiores a 1% ao mês.  Recomendo estudo e análise de opções, como Tesouro Direto, fundos de Renda Fixa e bons Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que podem entregar uma boa rentabilidade sem ter um risco atrelado aos investimentos”, ensina Leonardo.

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