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Mães de crianças autistas lutam por atendimento no Hapvida

Beneficiária alega que dificuldade no atendimento fez o tratamento da sua filha regredir

Maycon Marte | Especial para O Liberal
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Pacientes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), denunciam atrasos no atendimento e a falta de profissionais capacitados na rede Hapvida de Belém. A prestadora de serviços, que já é alvo de um número elevado de reclamações, encara agora um movimento de mães em busca do atendimento, garantido por lei, para seus filhos. Entre as queixas, a qualidade do atendimento também deixa a desejar. “Eu já ouvi do médico que não era para mim ter expectativas para minha filha sobre a evolução dela”, relata uma das mães.

Em julho de 2021, foi publicada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a resolução que descreve os direitos de pacientes com autismo em planos de saúde. A norma garante um número ilimitado de sessões de tratamentos. Segundo o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), já havia informado, as denúncias contra o grupo estão sendo investigadas. “Por meio da Promotora de Justiça do Consumidor, Regiane Ozanan, informa que existem reclamações de consumidores sobre o atendimento a pacientes com autismo pelo plano de saúde HapVida. Por isso foi instaurado um Inquérito Civil para apurar se a operadora de saúde tem realmente condições de prestar os serviços que oferece no mercado”, pontua.

A mãe de uma das beneficiárias do plano, Elaine Figueiredo, conta que a filha começou todo o acompanhamento pela rede e lamenta ter percebido regressão do seu desenvolvimento. “Minha filha ficou um ano sem fonoaudióloga e especialista em TEA, ela regrediu, então fui atrás e hapvida sempre dizendo que ela está sendo assistida, sendo que o fonoaudiólogo que colocaram ela, não era especialista e ela ficava 20 minutos, não teve progresso, fiz denúncias na ANS”, afirma. 

Segunda a tutora da beneficiária, a troca constante de profissionais durante o tratamento contribuiu negativamente na evolução da sua filha. “A gente ficou sem terapia ocupacional e fono, só ficou a psicóloga fixa. Nesse decorrer, ela ficou de rodízio de profissionais. Às vezes ela é atendida por uma fonoaudióloga, depois ela é atendida por outra, isso porque eu fazia briga, ou lá na recepção, ou com a coordenação, ligando todo dia para central, para falar que isso não era possível”, explica.

Elaine ainda afirma que precisou recorrer aos serviços de profissionais por fora do plano, arcando com mais custos para conseguir não atrasar terapias. “Psicopedagogia eu estou pagando por fora (...) você tem que solicitar, aguardar a Hapvida marcar e eles alegam que devemos escolher ou psicopedagogia ou psicologia comportamental, como estava com medo da minha filha parar de falar, estou pagando por fora o atendimento porque demora muito”. Embora exista a possibilidade do reembolso, a burocracia do processo a desestimula. “O protocolo do reembolso é um transtorno horrível então desistir”, pontua.

Método específico

O acesso aos métodos corretos e a profissionais especializados é essencial para a autônoma, Priscila Moraes, mãe de outro dos beneficiários com dificuldades em relação ao plano. A tutora conta que devido a uma falta de profissionais, terapias tradicionais teriam sido sugeridas como alternativa, o que na sua visão não funciona para as crianças no espectro. “Eu tenho encaminhamento das terapias desde abril de 2023, não consegui marcar, pois não tinha profissional e quando conseguia marcar era para terapias tradicionais, só que essas não servem para uma criança TEA, tem que ser mais específica (...) chamada ABA”, afirma.

O método de Terapia Comportamental Aplicada (ABA, na sigla em inglês), é amplamente recomendado para o tratamento de crianças autistas e se baseia em evidências que avaliam as singularidades e necessidades de cada paciente. A psicóloga, Andréa Farias, explica que cada pessoa com autismo vai ter um plano de tratamento específico para as suas necessidades e reforça a importância de seguir a recomendação estabelecida para o paciente. 

“A intervenção é individualizada e o grande problema é que às vezes a gente não tem o respeito às necessidades do cliente, principalmente quando ele precisa de uma intervenção com uma carga horária maior, porque isso pode ser oneroso, por exemplo, para planos de saúde (...) não há uma regra única, o que há como regra é que a gente precisa respeitar aquilo que foi delimitado no plano de intervenção do cliente, seja uma, duas horas semanais ou até mesmo quarenta horas semanais, a depender das necessidades”, explica.

Promessas

Segundo os relatos das mães, a unidade Hapvida Medicina Preventiva, localizada na Travessa do Chaco, estaria sendo preparada para oferecer atendimento especializado a estes pacientes. De acordo com as usuárias do plano, o mecanismo se chama “Grupo TEA” e forneceria o atendimento com os profissionais necessários. A mãe de um beneficiário, Priscila Moraes, realizou o cadastro neste grupo em dezembro do ano passado, mas ainda aguarda o atendimento.

O que a Hapvida diz

Em nota, o grupo Hapvida respondeu que oferece profissionais especializados e segue recomendações dos planos terapêuticos. “Dispomos de diversos profissionais especializados para atendimento de pacientes com TEA como Psicólogo, Fonoterapeuta, terapeuta ocupacional e nutricionista. Quadro que está em expansão, pois estamos com um novo time de profissionais da área da psicologia, fonoaudiologia, nutrição e terapia ocupacional”.

A prestadora de serviço confirma a criação de uma nova unidade voltada a pacientes com Transtorno do Espectro Autista, com previsão para o segundo semestre. “Teremos mais uma unidade destinada exclusivamente para o tratamento de pacientes com TEA, com previsão de inauguração no segundo semestre. Ainda aponta “aumento do quadro de profissionais e serviços exclusivos para os atendimentos de pacientes com TEA” e afirma estar aberta ao diálogo para esclarecimentos às famílias.

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