Geladeiras podem custar mais de R$ 5 mil com nova regra do governo

Medida anunciada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) endurece regras de eficiência energética

Emilly Melo
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O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou mudanças que endurecem as regras de eficiência energética, que definem quais modelos de refrigeradores podem ser vendidos no Brasil. Em contrapartida, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) projeta que a alteração fará com que o preço do eletrodoméstico dispare.

O reajuste será sentido, sobretudo, para a população baixa renda, pois, segundo a entidade, os principais produtos comercializados serão aqueles considerados de alto padrão, que podem custar, em média, de quatro a seis vezes o salário mínimo nacional, variando entre R$ 5.280 e R$ 7.920. Atualmente, uma geladeira frost-free básica pode ser encontrada por R$ 1,8 mil em lojas de varejo on-line.

A resolução, publicada em 8 de dezembro deste ano, institui o novo Programa de Metas para Refrigeradores e Congeladores de uso doméstico e estabelece índices de eficiência energética para as geladeiras, com o objetivo de proporcionar mais economia na conta de energia elétrica dos consumidores. O argumento da pasta é que, além do acesso a refrigeradores mais eficientes, a medida também vai atrair investimentos para o setor industrial brasileiro.

A primeira etapa do programa começa no próximo 31 de dezembro, e define que os equipamentos fabricados tenham índice máximo (teto) de 85,5% do consumo padrão. A segunda etapa, que entrará em vigor em 31 de dezembro de 2025, estabelece que só poderão ser fabricados equipamentos que tenham um índice máximo de 90% do consumo padrão. Atualmente, o índice máximo permitido está em patamares acima de 96%.

A meta é que os produtos disponíveis nas lojas sejam 17% mais eficientes que os disponíveis nos dias atuais no mercado nacional.

Impactos socioeconômicos

André Cutrim Carvalho, economista e doutor em desenvolvimento econômico pela Unicamp, destaca que a mudança pode não ser sentida por famílias com uma renda maior por ser um reflexo das desigualdades sociais do país, o que pode implicar em uma disparidade ainda maior no acesso às premissas básicas de direito, como uma alimentação saudável e segura.

“Geladeiras não são apenas eletrodomésticos, mas ferramentas essenciais para a segurança alimentar. Elas permitem o armazenamento seguro de alimentos, reduzindo o risco de doenças transmitidas por alimentos e contribuindo para uma nutrição mais equilibrada. Assim, um aumento em seu preço pode limitar o acesso a essa ferramenta de vital importância, exacerbando problemas de insegurança alimentar”, afirma Carvalho.

“Do ponto de vista macroeconômico, o aumento nos preços das geladeiras pode ser um indicativo de pressões inflacionárias que afetam não apenas o consumo de bens duráveis, mas também o custo geral de vida. Isso pode levar a uma erosão do poder de compra, afetando desproporcionalmente as famílias de baixa renda e contribuindo para o aprofundamento das desigualdades socioeconômicas no país”, complementa o doutor.

A atendente de farmácia Viviane Nunes, de 33 anos, revelou que o reajuste no preço do eletrodoméstico está além do seu orçamento. Apesar da promessa de redução na fatura de energia, a atendente acredita que o aumento dos valores não compensa no bolso.

“Não está no meu orçamento uma geladeira no valor de R$ 5 mil. A minha mãe quer trocar a dela neste próximo ano e estamos pesquisando os valores. Uma geladeira de até R$ 2.500 caberia no meu orçamento. Eu iria dar uma entrada e pagar o resto parcelado no cartão”, conta Viviane.

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