Entenda por que a laranja está tão cara em Belém e qual o tipo que mais vende

Comerciantes do fruto na Feira da 25, bairro do Marco, explicam as estratégias utilizadas para impulsionar as vendas

Gabriel da Mota

A menor oferta da laranja, período conhecido como entressafra, tem encarecido o preço da fruta em Belém. Na Feira da 25, bairro do Marco, comerciantes afirmam que apenas a laranja regional está sendo comercializada, devido à alta no valor da saca que pode chegar a R$ 80 (do tipo paulista). O cenário deve melhorar a partir de maio, com o cessar das chuvas intensas.  

Na manhã desta quinta-feira (21), o feirante Jorge Amorim (65 anos) estava recebendo um carregamento de sacas de laranja regional do seu fornecedor, para repor o estoque. Quando o produto está na safra, a saca com 100 unidades custa R$ 20. Em alta desde janeiro, neste mês, a saca está saindo a R$ 35 e sendo repassada a R$ 38 para os consumidores, cuja clientela é em maioria formada por proprietários de restaurantes. 

image Jorge Amorim (65 anos), feirante (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

“Como se diz, não existe mais safra. A população aumentou e, hoje em dia, vai tudo pra São Paulo e Estados Unidos. Aqui [no Pará] tem uma fábrica em Capitão Poço, [mas] eles preferem vender pra lá do que pra cá, porque lá é dólar”, explica o comerciante. Seu Jorge diz, ainda, que a laranja paulista está custando R$ 60 (a saca) e, por isso, não compensa comercializá-la. 

“O pessoal pensa que é a gente que aumenta, mas não. O que ganha menos é a gente, e o que ganha mais é o atravessador”, afirma. Para facilitar a saída do produto ao consumidor individual, o feirante vende três unidades por R$ 2. Além disso, ele também disponibiliza meia saca (com 50 unidades) pelo valor de R$ 19. “Antes eu vendia 500 sacos por semana; hoje, pra vender 100 sacos é duas semanas. Caiu muito [as vendas]”, complementa.

image Max Rogério Barros (42 anos), feirante (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

O feirante Max Rogério Barros (42 anos) também trabalha na Feira da 25 e diz que, apesar do preço alto, as vendas estão boas neste mês de março. “A procura é grande, porque a gente vende muito pra lanchonetes. Aí sai bastante”, explica. A saca com 100 unidades da laranja regional está sendo adquirida por R$ 35 e revendida a R$ 40 pelo vendedor. Assim como Jorge, Max também vende pacotes de três unidades de laranja por dois reais. “Só quando não tem a nossa mesmo é que a gente vende”, afirma, referindo-se à disponibilização eventual das laranjas do tipo paulista e pêra. 

Um dos clientes de Max é o empreendedor Mauro Almeida (29 anos), que compra laranja toda semana. Nesta quinta-feira, ele adquiriu 10 unidades na barraca do comerciante, mas costuma comprar em maior quantidade (entre 40 e 50 unidades). “Nesse período é um pouquinho mais caro por causa da entressafra, mas o preço tá razoável”, avalia o cliente, que gastou R$ 6 para levar as 10 laranjas para a mãe, consumidora do fruto.

Dieese

De acordo com o Dieese Pará, a laranja-pera, mais comum de ser encontrada nos supermercados do que nas feiras, estava sendo comercializada a R$ 5,67 (o quilo) no mês de fevereiro em Belém – uma alta de 6,91% em relação a janeiro, e de 11,39% no acumulado somente neste início de ano. Além disso, o supervisor técnico da entidade, Everson Costa, afirma que a laranja do tipo regional deve ser incluída em futuros estudos de variação de preço do fruto na capital paraense.

Na última terça-feira (19), o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou que, em algumas regiões do estado de São Paulo, a caixa da laranja-pêra (40,8 kg) chegou ao patamar médio de R$ 100 neste mês de março; o maior preço real em 30 anos.

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