Aumento nos preços dos alimentos básicos compromete mais da metade do salário mínimo dos paraenses

Novas altas nos preços de alimentos como feijão, arroz, tomate, manteiga e banana tornam a cesta básica mais cara, afetando salário mínimo.

Amanda Engelke
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O custo da cesta básica para os paraenses voltou a aumentar. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (DIEESE/PA) aponta, em um estudo divulgado nesta quinta-feira (7), um aumento de 1,27% no custo da cesta básica em Belém, em relação ao mês anterior. Com um custo atual de R$ 665,12, a cesta básica compromete mais da metade do salário mínimo atual de R$ 1.412,00, que está em vigor desde 1º de janeiro de 2024.

O aumento não é exclusividade do Pará. Das 17 capitais pesquisadas, 14 apresentaram aumentos no custo do conjunto de alimentos básicos, com apenas três capitais registrando queda de preço. Para uma família padrão paraense, composta por dois adultos e duas crianças, o custo da cesta básica em fevereiro de 2024 foi de R$ 1.995,36. Isso equivale a 1,41 salários mínimos, uma quantia necessária apenas para cobrir as necessidades mínimas de alimentação.

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A maioria dos 12 produtos básicos que compõem a cesta básica dos paraenses apresentou aumento de preços. Entre eles, o arroz teve alta de 3,52%, seguido pelo tomate com 3,23%, manteiga com 2,80%, banana com 2,62% e feijão com 2,16%. No entanto, alguns produtos apresentaram uma queda nos preços, incluindo o óleo de soja com queda de 4,46%, café com queda de 0,80% e açúcar com queda de 0,79%.

Custo da alimentação básica acumula alta de 3,05% em 2024

O custo da alimentação básica dos paraenses nos dois primeiros meses de 2024 acumula alta de 3,05%, um percentual que supera a inflação estimada em torno de 1,00% para o mesmo período. Além disso, o custo da alimentação básica dos paraenses em 12 meses apresentou alta de 0,32%. No período analisado, a maioria dos produtos que compõem a cesta básica dos paraenses ficaram mais caros, com o arroz liderando com um reajuste acumulado de 30,73%.

Em termos de comparação nacional, no mês passado, a cidade do Rio de Janeiro apresentou o maior valor da alimentação básica com o custo de R$ 832,80. Em contrapartida, o menor valor foi registrado em Aracaju, com o custo total de R$ 534,40. Belém do Pará registrou o 11º maior valor da cesta básica entre os locais pesquisados.

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Por fim, de acordo com o DIEESE, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas em fevereiro de 2024 deveria ter sido de R$ 6.996,36. Isso é 4,95 vezes o salário mínimo reajustado para R$ 1.412,00. Em janeiro de 2024, o valor necessário era de R$ 6.723,41, e em fevereiro de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.547,58.

Nova cesta básica

O governo federal divulgou uma atualização no conjunto de itens que compõem a cesta básica brasileira e que deve nortear os próximos levantamentos acerca da Cesta Básica. Divulgada na quarta-feira (6), mas publicada nesta quinta-feira (7), a "nova cesta básica" agora inclui alimentos típicos da Amazônia, como o açaí, a maniçoba, o tucupi e a farinha. Essa adição visa orientar políticas públicas para melhorar o acesso à alimentação básica em todo o país.

Os alimentos estão divididos em dez categorias: feijões (leguminosas); cereais; raízes e tubérculos; legumes e verduras; frutas; castanhas e nozes (oleaginosas); carnes e ovos; leites e queijos; açúcares, sal, óleos e gorduras; e café, chá, mate e especiarias. No grupo de raízes e tubérculos, a maniçoba e o tucupi, derivados da mandioca, são agora reconhecidos como alimentos básicos. O cará-amazônico, tubérculo comum na região Norte, também entrou na lista.

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Abiu, açaí, bacaba, bacuri, biribá, buriti, cacau, cupuaçu, graviola, guaraná, jambo e manga são algumas das frutas amazônicas incluídas na lista. Ao lado delas, o murici (ou muruci), pupunha, taperebá, tucumã e umari também fazem parte da nova cesta. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a alimentação essencial deve ser baseada em alimentos in natura ou minimamente processados.

Reconhecimento dos produtos Amazônicos

Everson Costa, do DIEESE/PA, avalia positivamente a nova cesta. “Nós vamos com muito bons olhos. Não podemos esquecer que, infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade onde muitos não têm o que comer ou tem muitas dificuldades de garantir acesso a quantidade de nutrientes necessários. Neste cenário de insegurança alimentar, temos mais alternativas frente aos ultraprocessados, que acabam engrossando os gastos”, diz.

Costa observa ainda que a inclusão dos novos produtos é uma forma de garantir segurança alimentar e fortalecer a agricultura familiar. “É uma injeção para que possamos cada vez mais reconhecer e valorizar a nossa agricultura familiar e o seu potencial de colocar mais farinha, mais açaí, mais pescado nas nossas mesas, além de gerar mais renda em nível local”, acrescenta, citando que o Pará é responsável por 90% da produção nacional de açaí.

O economista Nélio Bordalo Filho também avalia em um incremento para o produtor. “Tanto ele como quem comercializa todos esses produtos. Certamente sendo incluído na festa básica esses produtos terão um aumento no consumo e a oferta também deverá ser ampliada para atender todos os consumidores. Além disso, é uma forma de valorizar e reconhecer a nossa cultura e nosso modo de vida na Amazônia. Então são medidas realmente positivas”, afirma.

Em relação ao impacto do bolso do paraense, Bordalo afirma que não acredita em impactos negativos. “Acredito que isso não vai ocorrer, muito pelo contrário, os paraenses, principalmente os nascidos aqui, já têm esse hábito, desse tipo de alimentação, então não vai haver tanta diferença. Isto na verdade só incentiva os produtores, principalmente de mandioca, em relação à farinha e o tucupi, e toda a cadeia produtiva envolvida nisso, da mesma forma que a do açaí”, pontua.

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