O que esperar da economia em 2024; confira as projeções para o Pará

Economista e entidades representativas consultadas pelo O Liberal projetam cenário favorável a partir de investimentos para a COP 30

Amanda Engelke
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O ano de 2023 chega ao fim com um saldo positivo para a economia brasileira. O crescimento de 3% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) é bem acima do projetado pelo mercado no início do ano, que à época previu um desempenho menor do que 1%. A repetição desse crescimento, entretanto, seria incomum para 2024 na avaliação do próprio mercado. Apesar disso, para o Pará, a perspectiva é boa entre os setores produtivos, sobretudo pela previsão de investimentos com a realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30) em 2025.

Isan Anijar, vice-presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), acredita que o cenário, especialmente para o Pará, é positivo para este novo ano. “Os anos de 2022 e 2023 foram marcados por turbulências políticas que afetaram não apenas a economia do Brasil, mas também as economias globais. No entanto, observamos uma melhora na estabilidade econômica no final de 2023. Em 2024 estamos com grandes expectativas, especialmente para o Pará, com a realização da COP 30 em Belém, em 2025”, afirma Anijar.

O vice-presidente da da entidade representativa do comércio empresarial paraense explica que a expectativa é de que o volume de investimentos previstos seja concretizado, gerando fôlego extra não só para o comércio, mas para todos os setores. “Projetamos um ano de intensos investimentos por parte dos governos federal, estadual e municipal, o que certamente resultará na geração de empregos e aumento de renda. Com isso, a economia como um todo tende a ser bem recebida e apresentar resultados positivos”, analisa.

image Isan Anijar, da ACP, acredita que o cenário, especialmente para o Pará, é positivo para este novo ano. (Divulgação)

Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), deposita também expectativas com os recursos anunciados. “Temos esperança de que os investimentos previstos no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) se concretizem, melhorando a infraestrutura e movimentando a economia. Nossa expectativa é de que as obras deste Programa não esbarrem em entraves e burocracias, pois uma vez paradas se tornam uma janela para o desperdício de recursos e impedem o desenvolvimento”, diz.

Logística impede o desenvolvimento do setor produtivo, aponta FIEPA

Apesar da projeção positiva para 2024, Alex aponta que o crescimento do PIB em 3% é o mesmo de 2022. Ele cita que a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que projetou os 3% em 2023, também prevê que a economia brasileira deve avançar 1,7% em 2024 e critica a falta de investimentos na redução de custos ao setor produtivo. “Os números refletem a falta de investimentos, problema que se agrava no Pará, cuja logística impede o desenvolvimento do setor produtivo, especialmente pelo custo da matéria-prima e do escoamento da produção”, afirma.

image Alex Carvalho, presidente do Sistema FIEPA, deposita também expectativas com os recursos anunciados. (João Barros / FIEPA)

Sobre os investimentos da COP, o presidente do Sistema Fiepa afirma que os recursos tendem a trazer melhorias em diversos setores que movimentam a economia. Para ele, “os investimentos na infraestrutura, aliados às políticas de estímulo, abrem um caminho importante para o fomento à bioeconomia, à verticalização da produção industrial, agregando assim valor aos produtos da floresta, gerando novos empregos e contribuindo com as metas da descarbonização previstas pelo Brasil”, avalia Alex Carvalho.

Economista projeta crescimento moderado em 2024

Doutor em Desenvolvimento Econômico e pós-doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), André Cutrim projeta um cenário desafiador para 2024, com motivos para um “otimismo cauteloso”. Ao O Liberal, o economista, que também é professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa) traçou projeções para a economia brasileira, fazendo um recorte especial sobre as possibilidades e desafios do estado do Pará em 2014.

Confira os destaques da análise do economista:

Retrospectiva e cenário global

Na avaliação do economista, 2023 trouxe resultados macroeconômicos positivos para o Brasil. Destacam-se a expectativa de queda na inflação em torno de 4,49%, a taxa básica de juros encerrando em 11,75%, além de um crescimento do PIB acima de 3%. Esses dados posicionam o Brasil como a 9ª maior economia mundial, superando o Canadá. Além disso, André Cutrim destaca que o FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta que até 2026 o Brasil pode avançar para a 8ª posição.

“A missão mais importante da gestão do Governo Lula, para o ano de 2024, é manter os caminhos do crescimento econômico sustentado no Brasil, com distribuição da renda funcional, setorial, regional e pessoal. Isso implica uma abordagem que integre a sustentabilidade ambiental na execução de políticas econômicas, visando não apenas a estabilidade de preços e o controle da inflação, mas também a promoção de uma governança em prol do uso sustentável dos recursos naturais, em especial no Estado do Pará”, avalia.

6 projeções para a economia brasileira

  1. Projeta-se uma expansão pontual do PIB entre 1,5% a 2,5%, impulsionada principalmente pelo consumo das famílias e pela recuperação da confiança dos investimentos;
  2. A inflação seguirá sendo um grande obstáculo a ser superado, projetada em torno de 5%, acima da meta de 3,25% perseguida pelo Banco Central. O Governo Federal terá que seguir combinando, de forma cuidadosa, políticas fiscais e monetárias para evitar uma possível deterioração das expectativas inflacionárias;
  3. Espera-se que o Banco Central inicie um ciclo de cortes na taxa básica de juros nos primeiros meses de 2024. No entanto, a tendência é a de seguir mantendo a Selic em patamar elevado, algo em torno de 10%, como forma de sustentar uma política monetária contracionista;
  4. Após um desempenho positivo em 2023, impulsionada pela alta dos preços das commodities, é razoável projetar uma desaceleração do crescimento do setor de commodities, da indústria extrativa e da agropecuária para o ano de 2024. Mesmo assim, o setor externo brasileiro e o agronegócio continuarão sendo importantes para a economia, o que deve ajudar na balança comercial e no fortalecimento das reservas de divisas;
  5. Os setores de construção civil, indústria, serviços e comércio tendem a liderar – em grau maior ou menor – o crescimento em 2024. A situação fiscal, por seu turno, permanecerá sendo um desafio, com a necessidade de equilibrar investimentos públicos e o controle da dívida;
  6. A adoção de políticas fiscais equilibradas e a continuidade dos incentivos ao setor agrícola serão essenciais para a manutenção da estabilidade econômica e a retomada da confiança dos investimentos com menor grau de incerteza e risco.

Perspectivas para o Pará

Em sua análise, André Cutrim destaca que a política econômica para o Pará deve priorizar a sustentabilidade, incorporando-a de maneira transversal. "É vital incorporar a sustentabilidade na prática, priorizando setores como a bioeconomia e energia renovável". Ele destaca ainda a urgência na redução da informalidade, com investimentos em educação e setores emergentes para geração de emprego formal. Além disso, ressalta a necessidade de cooperação público-privada para enfrentar gargalos logísticos e de infraestrutura, visando o desenvolvimento equilibrado do estado.

"A agenda ambiental é essencial para o desenvolvimento sustentável, com investimentos em setores como bioeconomia e energia renovável", destaca André Cutrim. É crucial, segundo ele, melhorar a governança ambiental para combater práticas ilegais e promover um modelo de manejo como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A expectativa do economista é que o PIB paraense cresça em linha com a média do Brasil, entre 1,5% a 2,5%, impulsionado por setores-chave como mineração, agropecuária, indústria extrativa e comércio.

Margem Equatorial

A iminente exploração de petróleo nas Bacias da Foz do Amazonas e Pará-Maranhão, para o economista, requer equilíbrio entre desenvolvimento econômico, segurança energética e preservação ambiental. "Essa atividade requer estratégias integradas para atender esses elementos", ressalta, acrescentando que os desafios técnicos, financeiros e socioambientais devem ser considerados, especialmente em relação aos povos da floresta afetados diretamente. Para Cutrim, a gestão prudente dos royalties do petróleo será determinante para o futuro do estado.

Potencial

Para o economista, o estado do Pará tem potencial para acompanhar e de possivelmente superar o crescimento nacional em 2024, especialmente com os investimentos projetados para a COP-30. No entanto, superar os desafios demandará avanços tecnológicos, investimentos em infraestrutura e políticas consistentes de geração de emprego e sustentabilidade. Para isso, André Cutrim destaca a necessidade de um desenvolvimento socialmente inclusivo e dentro da legalidade ambiental para o estado.

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