Rapper Kaê Guajajara traz resistência indígena à Feira Pan-Amazônica do Livro

A cantora e compositora maranhense vem pela primeira vez a Belém apresentar suas composições

Abílio Dantas
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“A alegria de encontrar os parentes” é como a rapper e escritora indígena Kaê Guajajara define o sentimento de apresentar seu trabalho como cantora e compositora pela primeira vez em Belém. Nascida em Mirizal, no Maranhão, mas criada no Rio de Janeiro a partir dos sete anos de idade, Ela é a atração musical da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes nesta quinta-feira, 14, no Hangar Centro de Convenções, onde sobe ao palco às 20h. O repertório do show traz mensagens sobre perseverança, cuidado com a natureza e respeito à cultura ancestral indígena.

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O rap entrou na vida de Kaê no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, como uma “tática de sobrevivência” e denúncia do apagamento que sofria enquanto pessoa indígena no cotidiano da favela. “Como dizem que nós (indígenas) não estamos mais aqui, eu sentia a necessidade de pautar o meu lugar de vida como um lugar de resistência também, e ainda, dos povos originários”, afirma. Desde a descoberta da música e da prática de criar letras, Kaê lançou dois álbuns; Zahytata, lançado neste ano, e Kwarahy tazyr, de 2021.

O processo de criação de uma música, para a artista, vem de diferentes lugares e situações. “O que me faz compor uma música é a vida. A vida vai pulsando, vai acontecendo, e buscamos trazer assuntos que não são falados na maioria das músicas que existem hoje em dia, principalmente no ‘mainstream’. A gente vive a necessidade de fazermos os nossos ouvierem os nossos. O que mais me faz compor é a vontade de nos devolver a autoestima, de nos fazer sentir o que nunca sentimos em alguns lugares”, explica.

Enquanto convidada da 23ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, Kaê destaca que sua relação com a literatura é muito estreita, e perpassa diversos aspectos e momentos da sua vida. “Eu escrevi um livro chamado ‘Descomplicando com Kaê Guajajara’ que, inclusive, está em edição para sair em breve. Esse livro foi lançado no momento da pandemia em que pensamos como poderíamos continuar, apesar de não estar fazendo show, a levar as nossas informações, principalmente para as escolas, que era onde nós íamos bastante antes da chegada da pandemia. Lançamos, primeiramente, em formato PDF. Esse PDF rodou muitas escolas, em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas surgiu a necessidade de termos também ele em formato físico, pois muitas professoras querem dar aos alunos. Mas estou também escrevendo outro livro, agora para crianças, que só vou lançar também depois do descomplicando. Ainda não tenho data. É um livro que vai falar sobre o fato de que as crianças muitas vezes só recebem narrativas que reforçam comportamentos coloniais”, anuncia.

Todos os trabalhos lançados por Kaê até o momento seguem uma história, que inicia com as canções que falam sobre sobrevivência e a resistência contra as violências direcionadas aos povos indígenas. Agora, de acordo com a rapper, o foco será a vivência indígena e suas particularidades. “O meu projeto é juntar em cada vez mais ritmos os instrumentos indígenas, a língua indígena, para que a gente possa dizer a partir da música que o mundo inteiro pode bem-viver com os povos indígenas”, defende.

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