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Produtores culturais e artistas questionam a ausência de nortistas no Ministério da Cultura

Pasta anunciou os nomes dos sete secretários e presidentes das três fundações nesta semana. Nenhum deles é nortista.

Thainá Dias

A falta de representantes da Região Norte no Ministério da Cultura de Lula, comandado por Margareth Menezes, tem chamado a atenção de produtores culturais e artistas amazônidas. Na última segunda-feira (2), a pasta anunciou os nomes dos sete secretários de órgãos do Ministério, assim como os presidentes das três fundações geridas pela Cultura. Nenhum deles é nortista. 

A ausência foi questionada pela Companhia de Teatro Madalenas, grupo com mais de vinte anos de existência em Belém, por meio das redes sociais. O caso também foi reprovado pela produtora cultural Lorena Saavedra e pelo ator Leonel Ferreira.

Segundo Lorena, “a região Norte é uma das maiores regiões do Brasil, tanto em densidade geográfica quanto populacional. É uma das regiões mais ricas em bioma natural, na biodiversidade, mais culturalistas do Brasil, mas ainda faz parte das 3 regiões mais pobres do Brasil. Temos uma falta de políticas públicas de cultura imensa e isso é resultado da não participação da Amazônia nas construções diretas dessa política nacional. Ter representações diretas da Amazônia dentro da construções das políticas culturais do Brasil é a garantia de ampliação de acessos, de instrumentalização adequada para escoamento e desenvolvimento da nossa cultura. Porque só quem vive aqui é quem sabe como é o nosso dia a dia. Sulistas ou até mesmo nordestinos não reconhecem o valor que temos como nós aqui nós reconhecemos”, afirmou.

Lorena destaca ainda que “a ausência de representatividade ocasiona primeiramente na fragilidade da nossa identidade cultural amazônica. Somos um povo ribeirinho, das florestas, dos rios, de uma periferia que pulsa cultura e muita arte e de uma cultura popular que nasce da ancestralidade africana e indígena”.

“Para que alguém faça um planejamento real sobre as nossas políticas culturais tem que ter conhecimento de territorialidade, conhecer e viver o dia a dia do território amazônico, do contrário, virão pessoas de fora e vão planejar ações que não condiz com a nossa realidade, e ai a gente não consegue ter a autonomia de gestão que merecemos e que precisamos ter pra manutenção e salvaguarda da nossa cultura”, concluiu a produtora.

Para o coordenador da companhia de teatro Madalenas, Leonel Ferreira, “o Norte mas principalmente a Amazônia está no centro do debate mundial no contexto político atual. Algo que só se viu na década de 1990 com a realização da Rio 92. Em função da crise climática e dos debates em torno da preservação da Amazônia, os olhares se voltam para cá. Contudo é importante e fundamental ampliar esse olhar com outras lupas e enxergar a a grandeza da diversidade cultural que existe em nossa Região. E isso é indiscutível. Há manifestações artísticas e culturais que só existem aqui e trazem consigo a riqueza do seu patrimônio imaterial”, comentou.

Por isso, o artista enfatiza: “cadê a Amazônia no Ministério da Cultura? Temos pessoas que podem muito colaborar sobre maneira com a execução de políticas culturais voltadas para a Amazônia e o Norte do País. Pois corre-se o risco de se repetir velhos comportamentos do passado que não cabem, de sermos meros expectadores e sermos "sugados" por um modelo de política cultural feita de fora pra dentro sem uma construção coletiva de fato e mais, com sem representantes da Região. Espero que esse equívoco possa ser revisto pois ainda há tempo para isso. De outra forma poderá gerar um sentimento de frustração e decepção”, concluiu.

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