Paraenses são selecionados para Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas da TV Globo

Rayo Machado e Porakê Munduruku tiveram seus projetos escolhidos entre mais de 500 inscrições

Bruna Dias
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Os paraenses Rayo Machado e Porakê Munduruku tiveram seus projetos aprovados no VII Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas (LANANI), promovido pela Globo, em parceria com a Festa Literária das Periferias (FLUP). Foram mais de 500 inscrições de roteiristas de todos os estados da federação, onde foram escolhidas 20 propostas.

Os selecionados iniciam agora o laboratório com dez aulas, todas online, que vão de 18 de setembro a 29 de novembro deste ano. Na dinâmica, os participantes terão acesso a um conteúdo com foco na técnica. As aulas fazem um giro pelo universo dos roteiros e diversos temas serão explorados, como gramática audiovisual, a dinâmica de trabalho do roteirista, conceitos básicos de narrativa e construção de personagens, entre outros.

“A partir da próxima semana iniciam as aulas e mentorias com os profissionais da Globo, em outubro teremos uma imersão nos estúdios da emissora. Como produto final devemos produzir um Argumento, que é a história do filme narrada em prosa com início, meio e fim. Esse é o principal documento de apresentação de filmes em negociações e editais, então a ideia é fechar o laboratório com esse material em mãos”, explicou Rayo Machado.

As aulas serão ministradas por roteiristas da Globo: Jorge Furtado, Elísio Lopes Jr., Rosane Svartman, Pedro Riguetti, Thais Pontes, Renata Andrade, Mariana Jaspe e Antonio Prata estarão na condução dos encontros. Os participantes também contarão com a mentoria de profissionais da emissora como Carla Faour, Edu Carvalho, Marcos Carvalho, Michel Carvalho, Pedro Alvarenga, Renata Sofia, Elsa Maffia, Clarisse Vianna e Paulo Ferreira.

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“O LANANI, em consonância com nossa agenda ESG, visa facilitar a entrada no mercado audiovisual e promover a diversidade na criação artística, dando oportunidades a pessoas negras e indígenas. Através desse laboratório, buscamos reforçar a equidade de oportunidades e garantir que esses talentos tenham espaço para se destacar e prosperar”, ressalta Fellype Pontes, gerente do núcleo de gestão artística da Globo e responsável por ações de desenvolvimento para elenco e criadores.

Rayo Machado e Porakê Munduruku fazem parte da sétima turma de o Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas para Audiovisual. Nos últimos seis anos, a parceria da Flup com a Globo vem mudando a cara do cinema e da televisão. Nesse período já foram formados mais de 200 roteiristas, de um total de mais de 2.500 inscrições.

“Sou um indígena de retomada no contexto urbano, de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. Fiquei muito com a escolha, para mim foi uma surpresa e uma alegria muito grande porque participar desse laboratório de narrativas é a realização de um sonho muito antigo de poder atuar nessa área do audiovisual como roteirista, como escritor. No meu povo eu sou Mombe'usara, que é um contador de histórias, guardião da memória dos nossos ancestrais. Sempre tive o sonho de poder levar através da escrita essa tradição para outras mídias e através dela para as novas gerações. Para mim foi uma grata surpresa porque eu não tinha grandes pretensões ao me inscrever, mas é uma alegria imensa por ter essa oportunidade de estar realizando um sonho antigo”, disse Porakê Munduruku.

“Acredito que mais importante ainda do que termos indígenas contando histórias ou abordando temas indígenas em nossa história, é abordar qualquer história a partir de uma perspectiva originária, de uma perspectiva indígena. A minha proposta de trabalho é para além de ser um indígena que conta histórias é poder abordar qualquer tema, qualquer temática, a partir de uma perspectiva originária calcada na visão que nós temos de ancestralidade, de natureza. E eu acho que esse é o grande diferencial da proposta com a qual eu concorri e fui vitorioso felizmente nessa seleção”, acrescenta o paraense.

O projeto de Rayo Machado é um longa-metragem de ficção que mostra uma viagem sobre terras amazônicas. “Com o título ‘O Vento É Meu Irmão’, o filme conta a história da viagem da jovem Tuca e sua família de Belém até Porto-Velho para o casamento de Bené, seu meio-irmão, mas ele desaparece misteriosamente no rio Madeira às vésperas da cerimônia. Com a ajuda de Marcos, um jovem da cena punk da cidade, Tuca irá percorrer o interior de Rondônia em busca do irmão e descobre que alguns propósitos são inevitáveis, muito maiores que certas convenções e interesses pessoais, e que precisam ser assumidos com força e coragem”, disse Rayo.

Assim como Porakê Munduruku, a paraense celebra esse novo momento profissional e pessoal. “Eu fiquei muito feliz com essa aprovação e animada com o que virá daqui pra frente. Esse já é o 4° laboratório de desenvolvimento que participo com o mesmo projeto e todos tiveram a sua importância, mas o LANANI é meu primeiro lab de projeção nacional e promovido por um grande player de mercado como o Estúdios Globo. Vejo isso como uma oportunidade de, ao final desses três meses, sair com ‘O Vento É Meu Irmão’ maduro o suficiente para avançar para a fase de produção. Além disso, o LANANI é conhecido por encaminhar os profissionais que participam dessa experiência para boas posições no mercado audiovisual, e estou em busca de oportunidades. Minha intenção no Cinema sempre foi mostrar a Amazônia de dentro para fora, pelo olhar de quem é territorializado nessa região, e hoje sinto os caminhos abertos para esse movimento”, finaliza Rayo Machado.

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