O futuro do 'passadão': conheça os artistas novos que têm mantido o brega marcante vivo

Inspirados pelo brega do passado, Arthur da Silva, Layse Rodrigues e Lucyan Costa contam histórias de suas gerações

Lucas Costa
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Se a festa de aparelhagem que toca brega, merengue, cumbia e lambada é chamada de Baile da Saudade, tem uma geração cada vez mais nova sentindo falta do que não viveu, mas querendo manter o embalo das danças de salão para as próximas gerações. Entre esses nomes estão artistas como Arthur da Silva, Layse Rodrigues e Lucyan Costa - carinhas novas na cena musical paraense, mas que apresentam trabalhos autorais mergulhados nos gêneros que embalam paraenses nas pistas há muitas décadas.

Arthur, de 23 anos, é o mais novo dos três, e traz para sua música as referências que aprendeu a identificar com os avós, com quem foi criado. “Por muito tempo eles guardaram o vinis de cantores dessa época, então eu meio que cresci com eles dois cantarolando essas músicas, que passaram para CD pra que eles ouvissem, e eu acabei ouvindo”, conta ele, lembrando de nomes como Vavá da Matinha e revelando que a vontade de fazer um disco de brega vinha desde então.

“Eu sempre quis fazer um disco de brega assim, esse é um desejo meu de muito tempo”, revela. “Eu queria fazer uma homenagem ao brega, só que tem vários tipos de brega, né? E essa sonoridade antiga que o pessoal chama popularmente de passadão sempre me atraiu muito, e eu, com a minha banda, veio a vontade de trabalhar essa sonoridade e fundir ela com com a soul music, que foi contemporânea e foi influência também, tanto que um dos discos que mais referencio para esse trabalho é o ‘Chega de Promessas’, do Reginaldo Rossi, que é um disco que propõe de fato essa fusão do brega como soul”, completa Arthur.

image Arthur da Silva (Tuyuka Lara/ Divulgação)

Layse, 29, que bota um grande público para dançar brega todas as quartas-feiras na festa Quartas Tropicais, no Apoena, também traz a paixão pelo brega de berço. No caso dela, a experiência vem de imersão na cultura dos bailes da saudade feitos pelo avô, no Marajó, onde morava.

“Sabe como é crescer no Pará, né? A gente faz festa todo final de semana e reúne com a família, aquela coisa. Eu aprendi a dançar e a ouvir as músicas desde pequena”, conta Layse, que passou a sentir falta desse clima quando entrou na música, desde a experiência dos bailes até a forma como as letras do brega falava sobre o mundo ao seu redor.

“O brega antigo tem um jeito muito natural de falar sobre a relação que as pessoas têm com a natureza, né? Isso é uma coisa que os bregas de hoje em dia, as variações como o tecnobrega e melody, já falam mais sobre amor, sobre gerações pessoais, né? Eu também falo sobre isso, mas falo com relação a um contexto mais antigo, musicalmente buscando esse contexto do jeito que eu peguei lá de trás com a minha família, das bandas bares, da música antiga mesmo, do bolero, do brega, do Roberto Vilar, das das harmonias, sabe? A minha vontade é trazer isso pra cá pra frente agora”, justifica Layse.

Brega com a cara delas

image Layse Rodrigues (Teresa e Aryane/ Divulgação)

Essa vontade de trazer de volta o brega para uma nova geração, feito por uma nova geração, traz ainda uma novidade carregada por artistas como Layse: de contar histórias de mulheres, sob perspectivas de mulheres. “O passado ainda ficou devendo isso pra gente”, diz a artista. 

“Eu penso que um dia minhas músicas vão estar na rádio, e essas mulheres que são mais velhas do que eu, as mais adultas, elas vão ouvir e compreender que aquela música, que era do passado, que elas gostam de ouvir, está aqui de volta, só que agora com uma voz feminina”, torce Layse.

A volta do brega raiz

Um nome mais recente na cena do brega é Lucyan Costa, 37, que também traz para seu trabalho autoral as músicas que ouvia com o pai. “Hoje são as referências para o álbum que eu tenho chamado ‘A Volta do Brega Raiz’, cantores como Teddy Max, Mauro Cotta, Ivan Peter, Juca Medalha, Frankito Lopes, etc, que são donos de clássicos dos anos 80 e 90 do nosso brega e que todo paraense conhece, se identifica”, conta ele.

“Desde muito novo me apaixonei por esse gênero e nutri o sonho de ter uma banda que tocasse isso. Então montamos o projeto A Volta do Brega Raiz com o objetivo de tocar na memória afetiva das pessoas que viveram essa música brega romântica, marcante, clássica dos anos 80 e 90, aqui no nosso estado do Pará”, explica Lucyan, que assim como Lays, tem público cativo.

“Eu fico muito feliz assim que estamos voltando com isso, sabe?”, comemora Layse sobre trazer públicos mais jovens para as festas. “Eu fiquei muito feliz que a gente começou a conquistar novos públicos. Então uma que a gente chamava de música de velho, né? A gente foi conquistando reconquistando, e isso é uma luta constante”, destaca.

“Eu costumo dizer que o nosso brega tem uma sonoridade atemporal, conquista qualquer geração, me conquistou desde criança e hoje é o que eu amo fazer. Eu fico extremamente feliz de ver novos artistas revivendo também esse brega clássico, inovando também com músicas autorais mas com aquela pegada de antigamente, sabe? É uma forma de honrar todos os que levantaram essa bandeira antes e hoje são ídolos”, destaca Lucyan.

Arthur também celebra a possibilidade de poder fazer brega do jeito que conheceu com os avós. “Quanto mais o gênero for cantado, quanto mais pessoas novas fizerem o gênero, mais ele vai se perpetuando. Então só tem a ganhar mesmo. E nós fazemos parte dessa renovação por enquanto. Em breve outras pessoas vão fazer parte dela também, outras pessoas vão se interessar pelo brega, vão ter vontade de fazer disco de brega”, diz.

Playlist de brega passadão

Layse Rodrigues preparou uma playlist com suas maiores referências do brega para os leitores de Oliberal.com. Confira:

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