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Mulheres do rap nortista se unem em nova edição de 'Apoenas'

Defendendo novamente o rap feito por mulheres do norte, projeto renova seu time com o que há de novo na cena

Lucas Costa
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Um novo time de rappers emergentes da cena nortista se junta para fortalecer ainda mais o movimento, assim como mostrar a cara do seu trabalho em uma canção conjunta. O “Apoenas 2”, que reúne desta vez Thais Badu, Yanna Mc, Matemba, Yara Mc e Agatha Sou, já está disponível no YouTube, no canal de Igapós Filmes.

O projeto, que teve sua primeira edição em 2019, com um time de rappers formado por Thais Badu, Ruth Clark, Damadik, Bruna BG, Nega Ysa e Anna Suav; agora renova os ares para mostrar um pouco mais do rap feito por mulheres nortistas. Esta segunda edição do trabalho tem realização de duas produtoras: a Igapó Filmes, que tem como integrantes Victor Peixe e Victória Sampaio; e Sou Preta Filmes, idealizada por Thais Badu.

Agatha Sou é uma das artistas que integra o time do “Apoenas 2”. Fã da primeira edição do projeto, ela relembra que foi a partir dali que conheceu as cantoras do projeto, que a deram força para seguir a própria carreira.

“Foi através dessa cypher que comecei a me interessar ainda mais pela cena do rap, e é muito necessário uma cypher só de mulheres. Ver outras mulheres fazendo, eu como uma mulher preta aqui do Tapanã, uma jovem preta que estava começando uma vida artística, eu olhei para elas e vi elas como referência, e eu pensei ‘nossa, um dia também posso fazer isso, posso cantar’. E eu comecei a cantar, entrei na cena, comecei a fazer rap”, relembra Agatha.

O convite para participar da segunda edição do projeto veio de Thais Badu, e Agatha revela ter a emoção que veio junto da oportunidade. “Fiquei muito emocionada, muito feliz de ter sido convidada, e realmente eu senti muita responsabilidade, porque o primeiro Apoenas foi um peso muito grande, e eu achei que nao ia conseguir alcançar nesta segunda cypher, mas graças a todas as meninas e a produção, eu consegui, e fiquei muito feliz com o resultado”, conta.

Em “Apoenas 2”, o ponto de partida das rappers é falar da forma como a pandemia as afetou. Com um verso potente, Agatha começa criticando um padrão de beleza, e como não se encaixa nele. “Eu sou exatamente aquilo que tu não queria, uma preta, pobre e feia da periferia”, diz ela na música.

“Digo que meu sonho e orações para Deus era ser bonita, já que o padrão nunca me viu como bonita. Tanto que queria ser capa de revista, mas revista nós só temos da polícia. Por eu ser uma MC que rima em batalhas de rap, é muito comum que os policiais nos abordem, porque para eles isso é coisa de vagabundo. Falo que as pessoas só querem me ver por baixo, mas através da poesia, do hip-hop e principalmente pela minha mãe, eu consegui ter voz e ser ‘salva’”, conta.

A cantora fala ainda da dor trazida pela pandemia, dizendo que a “doença maldita” levou sua alma e também sua prima. “Quando eu escrevi essa parte eu chorei bastante. Lembro da minha prima que faleceu por covid-19. Por isso canto ‘saudade’ e como eu sinto saudade. Não só das manas que perderam suas vidas por essa doença, mas também por feminicídio. Mas eu ressalto o ‘manas pretas’, porque as taxas de feminicídio no caso das mulheres negras são muito maiores em relação às mulheres brancas. E no fim, eu canto quase que um grito de desabafo na real: ‘Saudade das manas pretas que não puderam chegar até aqui’”, explica.

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