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João Bosco chega a Belém para celebrar 50 anos de música e brasilidade

O artista prepara também a gravação de um novo álbum de canções inéditas, após o lançamento do single “O Canto da Terra por um Fio”

Abílio Dantas
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Entre auroras e crepúsculos de um país cheio de contradições, João Bosco traz à música brasileira há mais de 50 anos canções voltadas aos habitantes comuns do Brasil e suas histórias. No próximo sábado, 24, o músico e compositor volta a Belém para se apresentar na Assembleia Paraense (AP), a partir das 22h, e dividir com o público as emoções e memórias da carreira construída desde 1972, quando sua primeira gravação foi veiculada em um disco de bolso do jornal O Pasquim.

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“É um show reflexivo, que traz as reflexões sobre toda a nossa história. Construímos um repertório, eu e meus parceiros, sobretudo a partir dos anos 70, com canções sempre voltadas para as questões da nossa nação, para as contradições e complexidades da população comum. Não apenas sobre os mais pobres, mas também sobre aqueles que são da classe média, que muitas vezes pensam que são diferentes, mas fazem parte desse país marcado pela desigualdade”, afirma João Bosco, refletindo sobre sua obra, que será apresentada mais uma vez na capital paraense.

Segundo o compositor, o que sempre o guiou como autor foi a necessidade de iluminar com sua música histórias que geralmente são ignoradas pelos discursos oficiais. “Com meus muitos parceiros, mas principalmente com Aldir Blanc, fiz muitas canções que trazem como protagonistas personagens que são a maioria da população brasileira. Ou aquelas que fazem parte de episódios da história do Brasil, como a população negra e indígena”, destaca. Como exemplo da presença afro-brasileira em suas canções, João Bosco cita as figuras de João Cândido, que inspirou “Mestre-sala dos mares", e o atleta João do Pulo, homenageado na música homônima. Ambas são parcerias com o poeta e cronista Aldir Blanc, que após morrer em 4 de maio de 2020, veio a intitular a lei de incentivo a artistas e produtores de cultura.

“Nossas canções continuam atuais porque o país continua a apresentar os mesmos problemas de desigualdade. E, por outro lado, temos o Carnaval, que é o momento em que as pessoas de todos os tipos e classes saem para as ruas, para depois, quando o período, ter que enfrentar os trancos de tudo que há por vir. Para mim, é como se a gente sempre estivesse entre o trágico e o cômico, entre a aurora, que é o momento do início do dia, e o crepúsculo, quando a luz baixa”, declara o artista.

Tocar novamente na capital paraense, para além do reencontro com o público, é também relembrar um tempo em que Belém esteve mais presente nas rotas de apresentação do músico. “Por um grande período da minha carreira eu vinha quase que anualmente a Belém. Vinha sempre para lançar o disco novo. Assim, toquei muito no Theatro da Paz, que é um teatro maravilhoso, com sua arquitetura característica. E também toquei muito na própria Assembleia Paraense, onde vou me apresentar de novo agora. Para mim, Belém tem como algo muito importante os ritmos musicais da cidade, que sempre alcançam muito sucesso popular no Brasil, como foi o caso da lambada. É uma cultura com um alcance popular muito grande”, diz o compositor.

Novo álbum

A história de João Bosco continua em curso, com o pensamento e as melodias ainda em processo de constante renovação. Na segunda quinzena do mês de março, ele entra no estúdio para gravar um novo álbum com 11 canções inéditas, que será lançado até junho deste ano. A canção “Canto da Terra por Um Fio”, parceria com o letrista, escritor e apresentador Francisco Bosco, foi lançada como single em dezembro do ano passado, e já apresenta um pouco das temáticas que as canções devem trazer, como as preocupações com os povos originários e com a região amazônica.

“Quando me dei por satisfeito ao chegar no fim dessa canção (fonemas, sonoridades, ainda despidos de tradução e sentido) disse para mim mesmo: é uma canção que vem do chão, da terra, do suor, do barro do chão, da fauna, da flora, do Poço Fundo...onde as pessoas vivem, trabalham, preparam a terra para semear, cantam em louvor ao que virá. É uma canção que eu diria afro-indígena, ou seja, tem a pegada rítmica/harmônica Afro e uma melodia que remete ao canto da floresta, ao campo, aos bichos, ao chão da terra e àqueles que a habitam”, declarou João Bosco no período do lançamento da música.

Além de Francisco Bosco, o álbum também trará uma canção inédita com o parceiro Aldir Blanc. “Antes mesmo de surgirem as letras, as próprias canções já sugerem seus temas de forma misteriosa, enigmática, pelas melodias, pelas sonoridades a que remetem. A canção tem algo de mágico. E dessa forma foram surgindo as músicas, que trazem muito forte o que falamos na canção João do Pulo, o nosso ‘sangue afro-tupi”, adianta. “Mas de um trabalho novo a gente só pode falar depois que ele estiver gravado, quando soubermos como aquelas canções e seus arranjos soaram no estúdio”, reflete.

Serviço

João Bosco, 50 anos de Carreira

Data: 24 de fevereiro

Local: Assembleia Paraense (AP) - Av. Alm. Barroso, 4614

Hora: 22h

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Cultura
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