II Gyra Vozes Mulheres apresenta projetos de artes cênicas no Sesc Ver-o-Peso
O evento é protagonizado e produzido por mulheres negras, indígenas ou afro-indígenas do Pará, que se expressem através da arte
A arte cênica independente de mulheres paraenses ganhará visibilidade no festival II Gyra Vozes Mulheres, que ocorrerá no Sesc Ver-o-Peso no próximo sábado (02). O evento é gratuito e tem o objetivo de fortalecer trabalhos diversos das artes cênicas produzidos por mulheres em Belém, além de compartilhar vivências e experiências das autoras destes projetos.
Idealizadora do festival, Ingrid Gomes explica que tudo começou em 2022, através do espetáculo Alecrim Dourado, realizado em 2022, que reuniu mulheres para falar sobre suas produções na área das artes cênicas.
“Foi um encontro para falar sobre essa racialidade amazônica, trabalhando com a corporeidade das mulheres indígenas, negras, e afro-indígenas. O objetivo foi de dar visibilidade para as mulheres que são produtoras do seu trabalho, através da perspectiva dos corpos amazônicos dessas mulheres, que participaram como uma forma de aquilombamento neste primeiro momento”, explica a produtora cultural.
Em sua segunda edição, o Gyra Vozes Mulheres vai oferecer ao público uma roda de conversa sobre produção cultural, além de diversas apresentações das mulheres que integram a programação. Segundo Ingrid Gomes, todas as mulheres participantes do evento são negras, indígenas ou afro-indígenas, e imprimem em suas artes toda a identidade racial presente em seus corpos.
“Haverá duas apresentações de teatros performance, duas de dança, e duas mulheres que vão recitar poemas. No espaço de cinema, vamos realizar o ‘Cine Gyra’, com quatro curtas para apresentar trabalhos de mulheres também no audiovisual. Tudo será dialogado com as artes cênicas e com o trabalho artístico que nós desenvolvemos na cena independente”, ressalta a idealizadora.
Ingrid Gomes afirma que o evento também é uma forma de resistência e de valorização por todo o esforço dedicado nas produções culturais, feitas por mulheres, que muitas vezes não têm a devida visibilidade.
“A gente percebe que nós mulheres movimentamos a cena artística e estamos no fronte de produção cultural, e ao mesmo tempo. A questão de fazer esse festival não é só visibilizar, mas também fomentar e fortalecer narrativas que são feitas por nós mesmas, que muitas vezes não têm nenhum tipo de financiamento e nem mesmo um cachê. É importante discutir quais são as estratégias para sobreviver de arte e pensar nesse grande movimento, que é também uma celebração e de perceber como é a vivência de cada uma”, pontua.
Além dos projetos de artes cênicas que serão apresentados e compartilhados, o público presente no evento também vai contar com a comercialização de diversos gêneros da arte independente paraense. Na chamada Feira Criativa serão vendidos produtos naturais, pela Eulauea Cosméticos, pinturas artesanais, pela Turdus Ateliê, e roupas sustentáveis pela Margaridas. Todas as marcas são de mulheres empreendedoras no ramo da arte.
Segundo Ingrid Gomes, toda essa rede cultural e artística em volta do Gyra Vozes Mulheres faz do evento um movimento importante de resistência e de fortalecimento das produções artísticas feitas pelas mulheres.
“Perceber que apesar de tantas questões a gente consegue fazer cultura é a nossa semente. Meu principal ponto é como fazer produções culturais que não sejam nocivas, que nos alimente, nos nutre para continuarmos a fazer. Quando a gente se vê ali, fazendo e produzindo, percebemos que podemos fazer arte de uma forma afetiva, que vai atingindo até outros patamares de benefício, incluindo o psicológico”, conclui a produtora artística.
Programação
A programaçao cine-Gyra será realizada de 15h30 às 16h e composta de quatro curtas protagonizados por mulheres. As produções audiovisuais são: "Alecrim", com direção e roteiro de Ingrid Gomes; "Cura", com direção e roteiro de Tarsila Rosa; "Manifesto Marielle Vive", com texto, corpo e performance de Priscila Cobra; e Maria na ponta da Lança, com roteiro e performance de Ingrid Gomes.
As apresentações cênicas serão realizadas de 17h30 às 20h10. O "Teatro Performance" é protagonizado por Ruthelly Valadares e Joana Chagas; "Poesia Peitopensar", por Kauacy wajãpi ( Sônia Miranda) e Roberta Tavares; e "Dança", por Natália Lobo, Odara Gabrieli e Kimberlly Negrão.
O Festival II Gyra Vozes Mulheres é realizado através do apoio da Fundação Cultural do Pará, por meio do edital da Cultura Livre e com a concessão do espaço Sesc Ver-o-Peso. O evento é gratuito e aberto a todos os públicos
Serviço:
Festival II Gyra Vozes Mulheres
Data: 02 de março
Horário 15h30 às 21h
Local: Sesc Ver-o-Peso (Av. Boulevar Castilhos França – Campina)
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