Homenageado da Feira do Livro Salomão Larêdo tem batalha incansável pela literatura amazônica

Salomão é um dos homenageados na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que começou no último sábado (9)

Vito Gemaque
fonte

Salomão Larêdo é um operário da literatura. Constrói romances, obras de poesia e de memória um livro seguido do outro. Um trabalho disciplinado em prol da criação literária amazônica o guia desde o início da sua vida. Desde 1982, quando publicou o primeiro livro “Senhora das Águas”, não há um momento em que Salomão Larêdo esteja sem estar produzindo uma nova publicação. No total, já foram 54 livros de maneira independente. Por essa riquíssima história, Salomão Larêdo é um dos homenageados na 26º Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que iniciou neste sábado (9).

Ao longo desses mais de 40 anos de história na literatura, Salomão enfrenta diversas dificuldades, mas nunca desiste de lutar para publicar novos livros e fazê-los chegar ao máximo de pessoas que consegue. “Todas as pessoas me fazem essa pergunta. Por que tu continuas? Se é uma luta, uma dificuldade grande que relacionas? Porque eu gosto, eu acho que tenho dom, tenho compromisso pela formação que eu tive e recebi, e porque, exatamente, entendi que esse era o meu fado, como a Matinta Pereira que tem o seu fado, esse é o meu”, compara.

O primeiro dia da Feira foi dedicado totalmente a Salomão e à Heliana Barriga, escritora infantil paraense, com as Vozes dos Homenageados. Essa homenagem foi uma coisa que Salomão nunca esperou receber. Ninguém imaginaria que o menino de três anos de idade, que aprendeu a ler e escrever, na Vila do Carmo, interior de Cametá, seria um dia um dos escritores homenageados por uma das maiores feiras do livro do Norte do Brasil. Apenas sua mãe Maria do Carmo Larêdo foi profética ao saber do conhecimento prematuro do filho. “Tu vais ser escritor, Salomão!”, adiantou.

De família pobre, Salomão mudou-se constantemente atrás de oportunidades de estudo. Os pais incentivavam a leitura dos filhos. Mesmo sem recursos, o pai Milton Larêdo trazia livros que conseguia emprestados ou doados e todos os dias lia um pouco para os filhos. Aos dez anos, a família veio para a capital Belém, onde Salomão entrou para o Colégio do Carmo, onde ele produziu o primeiro livro artesanal. “O livro impresso comecei em 1982 com o livro de poemas chamado Senhora das Águas, mas bem antes em 1965, quando estava no ginásio, no Colégio do Carmo, eu fiz o livro chamado ‘O Porquinho’, distribui para os meus colegas lerem”, relembra.

A homenagem estadual foi para Salomão o reconhecimento não somente do seu trabalho de mais de quatro décadas, mas também um reconhecimento à literatura que surge do povo. Os personagens populares, a cultura e as lendas são a inspiração de base. “Recebo como uma homenagem ao povo paraense. Eu escrevo sobre a cultura e ao meu povo, e a ele que deve seguir essa homenagem. Eu estou como um representante do povo, do menor, do excluído, do abandonado, do negro, do indígena, da mulher, de todas aquelas pessoas que se sentem invisíveis nessa sociedade e sobretudo, na literatura, como nós”, ressaltou.

Mesmo com alguns poucos avanços o incentivo à literatura é um dos problemas que Salomão percebe no passar dos anos. Para ele, é preciso que haja um potente incentivo governamental dos governos federal, estadual e municipais para que a população seja incentivada a descobrir a literatura. “Tu não tens um exercício grande de livro e por literatura da nossa gente”, afirma. O conhecimento amplo sobre a cadeia produtiva do livro faz com que Salomão tente sozinho vencer esse dragão de dificuldade. Ele próprio paga pelas suas edições quando não conta com nenhum incentivo, distribui para as livrarias, divulga lançamentos, viaja para lançar as obras no interior e ainda encaminha de graça para bibliotecas públicas, sem nunca esquecer da terra natal Cametá.

“Meu grande sonho na literatura é realmente ser conhecido e lido. O escritor quer ser lido por todo o povo do Pará, do Brasil e do mundo. Quero continuar produzindo bastante. Ter muitos leitores que gostem, que o livro faça efeito na vida deles, que sejam leitores críticos, que se sintam amados, bem com o texto que produzo”, resume.

Serviço: 26ª Edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes

Homenageados Salomão Larêdo e Heliana Barriga 

Período de visitação: de 9 a 17 de setembro, sempre das 9h às 21h, no Hangar Centro de Convenções, em Belém

Entrada gratuita.

Realização: Secretaria de Estado de Cultura (Secult), do Governo do Estado. 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA