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Escritora paraense Monique Malcher recebe carta de leitor preso na Penitenciária de Tremembé

Premiada com o Jabuti, a autora fala sobre a mensagem de Ronaldo Santos, que está detido no Estado de São Paulo

O Liberal
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Receber uma correspondência com o remetente identificado como residente na Penitenciária Tremembé 2, no município de Tremembé, no Estado de São Paulo, não é algo comum para a escritora paraense Monique Malcher. Mas o envio inusitado ocorreu nesta semana, para o endereço da editora Jandaíra, em São Paulo, como relatado pela autora nas redes sociais na manhã da última quinta-feira, 9.

Na carta, Ronaldo Santos, o detento, elogia o trabalho da escritora e conta que tem o sonho de também se tornar escritor. Ele afirma que após ler o livro de Monique, foi tomado por uma emoção que jamais imaginou sentir.

Monique Malcher venceu em 2021 o Prêmio Jabuti pela obra Flor de Gume, que utiliza a literatura para tratar de temáticas como abandono parental e abuso sexual. E foi justamente este livro que chegou nas mãos do detento, por meio da doação de livros de uma ONG de São Paulo. Após a leitura, Ronaldo resolveu escrever uma carta para expressar que estava ansioso pelo vestibular na véspera da prova do Enem aplicada para pessoas privadas de liberdade.

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"Li essa carta chorando muito, pois esse com certeza entrou para a lista de dias mais felizes de minha vida. Ronaldo ainda não sabe, mas vou responder a carta e enviar outras coisas para ele", conta a escritora na postagem do Facebook.

Em entrevista ao Grupo Liberal, a escritora afirma ainda que Ronaldo faz parte de um grupo de leitura e escrita de poemas e contos. “Eu publiquei no Twitter a história e, coincidentemente, uma trabalhadora que faz parte de um projeto de leitura em São Paulo, o São Paulo Leituras, que faz essa distribuição de livros nas penitenciárias, me abordou e falou que meu livro tinha sido selecionado”, contou.

Para Monique Malcher, ter sua obra lida por pessoas encarceradas é algo muito especial, e ainda mais por receber a notícia por meio de uma carta. “Fazia muito tempo que eu não recebia uma carta escrita. Ver a caligrafia dele, que é, inclusive, muito bonita e as pessoas estão elogiando bastante, foi algo incrível. Mostrei para a minha mãe e ela também ficou muito emocionada, ela é professora”, destaca a artista.

A escritora afirma que a literatura salva vidas quando alguém em processo de recuperação, como Ronaldo, escolhe a leitura como um caminho. “Para mim mais importante do que ganhar um prêmio literário é receber essa carta. Ela fala muito sobre o nosso momento de país, sobre a questão carcerária, que não é tão comentada e debatida. É muito importante a gente acreditar na ressocialização das pessoas, nas novas chances. E no quanto a literatura pode ser uma ferramenta para levantar questões para as pessoas pensarem, independentemente de quem são e onde estão. Isso me causa muita esperança”, conclui.

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