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MÁRCIO CERVEIRA

Professor doutor, Consultor, Master Coach Trainer e Pesquisador, Márcio Cerveira assina esta coluna com objetivo de informar sobre Qualidade de Vida no Trabalho – Q.V.T, apontando de que forma a Liderança Corporativa alinhada irá contribuir para que o colaborador possa atingir o auge da sua performance. O conteúdo também aborda como a Inteligência Emocional deve ser usada no atual Mercado de Trabalho a fim de contribuir para a longevidade física e mental do colaborador.

Obesidade: como lidar com o assunto no ambiente corporativo sem perpetuar estigmas?

Marcio Cerveira

A obesidade é uma doença crônica que se caracteriza pelo excesso de gordura corporal depositada em diferentes partes do corpo, de forma que cause prejuízos à saúde. (CUNHA et al, 2010, p. 25)

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um significativo aumento da obesidade entre adultos: o número de pessoas com obesidade com 20 anos ou mais passou de 12,2% a 26,8% entre 2003 e 2019. 

Há um dado muito importante sobre o assunto em questão constatado na pesquisa realizada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica - ABESO e pela Sociedade tal, 85% das pessoas com sobrepeso no Brasil já sofreram algum tipo de ação que caracterizasse a Gordofobia, isto é, a discriminação contra pessoas acima do peso. 

São assuntos de extrema pertinência e de grande impacto dentro das empresas, nesse sentido não podemos deixar de falar sobre o combate à obesidade nas empresas em prol da qualidade de vida do colaborador, sem esquecer do combate à Gordofobia. 

Qual a relação entre IMC e obesidade?

A obesidade é uma das classificações indicadas pelo Índice de Massa Corporal (IMC). 

De acordo com a Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, o cálculo do IMC é feito dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). O resultado revela a classificação do IMC, que pode ser:

Classificação

IMC
Abaixo do peso Menor que 18,5
Peso normal Entre 18,5 e 24,9
Sobrepeso Entre 25 e 29,9
Obesidade Igual ou acima de 30

 

Fonte: Salú

Obesidade nas Empresas

Existem inúmeros impactos associados à obesidade no trabalho não somente pelas questões de saúde, assim como, pelas questões emocionais que muitas vezes o colaborador acaba submetendo em suas rotinas, sem dizer que os efeitos que a obesidade tem na saúde podem levar a faltas, afastamentos e até mesmo ao presenteísmo. Andrade e Chamon (2005) e de Nespeca e Cyrillo (2011).

Esses impactos podem gerar queda de produtividade e de lucratividade, afinal, há custos altos para as empresas decorrentes de absenteísmo (ausências no trabalho) e licenças. Lopes e Medeiros (2015) e de Levrini (2016).

Convívio social

Por outro lado, para as pessoas que se encontram com quadro de obesidade, há inúmeros impactos que vão além da saúde, pois a doença também atravessar o convívio social. Nesse sentido, os desafios desse convívio também acabam afetando as pessoas com obesidade no ambiente laboral, ou seja, no ambiente corporativo. Puhl e Brownell (2001).

Um desses desafios é o acesso ao trabalho: muitos empregadores muitas vezes adotam ações contraditórias e preconceituosas ao não contratar candidatos com obesidade devido a preconceitos relacionados à doença, como a percepção de que a presença da doença pode ser um indicador de indisciplina, por exemplo. 

Dentro das empresas, também pode haver discriminação das pessoas com obesidade, como a disseminação de estereótipos negativos sobre as habilidades e a competência dessas pessoas. 

Tais discriminações também podem resultar em doenças ocupacionais de nível psicossocial, como depressão, ansiedade e até mesmo transtornos alimentares que podem causar ganho de peso. 

Vale ressaltar que os trabalhos em escritório podem levar ao sedentarismo, que é um dos maiores fatores de risco para a obesidade e outros problemas de saúde, e isso também é uma razão para levar muito a sério o combate à obesidade dentro do ambiente corporativo. 

Combate à obesidade requer ajuda profissional!

Um ponto importante a ressaltar é que a obesidade é uma doença crônica e, portanto, pessoas com essa condição precisam ser acompanhadas por equipes multidisciplinares como médicos especialistas, como o Endocrinologista, Nutricionistas, Profissionais de Educação Física, Psicólogos e Fisioterapeutas. 

Nenhuma ação isolada promovida pela empresa é suficiente para evitar os riscos que a obesidade pode trazer. Nesse sentido é de suma importância o cuidado em abordar o emagrecimento como uma possível solução para a obesidade, afinal, não se trata de um processo fácil. Levay (2013).

O Dr. Bruno Halpern, presidente da ABESO, destaca:

A obesidade é uma doença associada a aumento do risco de diversas doenças cardíacas, como infarto e insuficiência cardíaca. Isso pode não ser novidade, mas um erro comum é achar que a única forma para reduzir esses riscos é voltar para um “peso normal”. Assim, é comum que mesmo pessoas que já perderam peso no passado continuem sendo cobradas e até “levando bronca” de médicos dizendo que precisam perder mais e mais.

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As principais comorbidades que podem surgir ou se agravar por conta do excesso de peso e consequentemente influenciar na vida útil do colaborador nas empresas são:

• Diabetes mellittus tipo 2
• Hipertensão arterial
• Dislipidemias (altos níveis de colesterol)
• Esteatose hepática (excesso de gordura no fígado)
• Apneia do sono
• Artrose (degeneração das articulações do corpo)
• Infertilidade
• Câncer
• Depressão e ansiedade

Como promover Saúde e eliminar estigmas nas Empresas

Considerando que está envolvida em tantos estigmas e preconceitos como a própria Gordofobia, a obesidade é, além de um problema de saúde, é um tema complexo que exige abordagens sensíveis e muito cuidado em comunicar tal assunto dentro do ambiente corporativo.

Vale ressaltar que todo e qualquer Programa de Qualidade de Vida que a empresa promova não substitui o acompanhamento da equipe multidisciplinar. As ações na empresa sempre devem ser somadas às recomendações médicas. Witkowski (2007).

Além do cuidado com a saúde, que é fundamental, as iniciativas de combate à obesidade no trabalho devem considerar também o fator inclusivo das pessoas no ambiente de trabalho.

Condições ergonômicas adequadas

Uma forma de garantir a inclusão é proporcionar a ergonomia adequada para pessoas de todos os pesos, levando em consideração a NR-17, que estabelece parâmetros para a adequação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos colaboradores. (MARQUES, 2014).

Um exemplo de ergonomia para pessoas com obesidade é o ajuste das cadeiras de trabalho, que devem acomodar todos os tamanhos de corpo de forma confortável.

Outro exemplo é fornecer apoio lombar, uma vez que o excesso de peso pode causar pressão nessa região causando crises de lombalgia rotineiras, gerando assim muitas vezes o afastamento do colaborador em virtude das dores que o mesmo sente ao exercer suas funções diárias.

Estímulo à prática de Atividades Físicas

A prática de atividades físicas traz inúmeros benefícios para o corpo humano. A prática de exercícios é positiva não somente para a perda de peso, mas para evitar uma série de riscos atrelados ao sedentarismo e as doenças que a obesidade acaba acometendo os colaboradores. (BRASIL, 2009).

Mesmo assim, muitas pessoas podem se sentir desmotivadas a praticar exercícios, sobretudo os que são feitos em conjunto, como a ginástica laboral. Nesses casos, a conscientização coletiva precisa acontecer de forma respeitosa e inclusiva, afinal, todos os organismos se beneficiam da prática de exercícios. 

Benefícios que envolvem a prática de exercícios físicos também podem ser implementados para que os colaboradores possam ser estimulados a ter esse hábito em suas rotinas.

Benefícios de saúde mental 

Outras ações que podem favorecer o combate à obesidade são os benefícios relacionados à saúde mental, que também devem ser promovidas oferecendo um ambiente acolhedor para se trabalhar através das Políticas de Recursos Humanos. Isso ajuda a evitar os impactos emocionais dessa condição de saúde, e o desenvolvimento de transtornos psicossociais que podem causá-la.  Donaghy (2007).

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Márcio Cerveira
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