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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Um herói chamado Batman

Marco Antonio Moreira

A estreia da nova versão cinematográfica de Batman nos cinemas tem incitado maior interesse do público a este personagem que gera curiosidade de muitos leitores, espectadores e telespectadores, desde os anos 1930.  O personagem Batman foi criado pelos artistas Bob Kane (desenhista) e Bill Finger (escritor) e teve a sua primeira aparição nos quadrinhos Detective Comics na edição número 27, em março de 1939. Em 1943, quatro anos após sua publicação, Batman tornou-se protagonista de uma série que foi exibida nos cinemas chamada O Morcego (Batman, 1943) com o ator Lewis Wilson no papel principal.

Batman

Neste período, diversos seriados foram produzidos e exibidos nas salas de cinema e criaram novos públicos. A época de ouro dos seriados nos cinemas iniciou nos anos 1930 e teve seu auge nos anos 1950, quando, com a chegada a televisão, houve mudança no comportamento do público. A série Batman teve 15 episódios com duração de 20 minutos. Em 1949, foi produzida uma nova série de cinema chamada A Volta do Homem-Morcego (Batman and Robin) com o ator Robert Lowery.

Nos anos 1960, Batman voltou a ter destaque em uma produção audiovisual  com uma série produzida para a televisão protagonizada por Adam West como Batman ao lado do ator Burt Ward como Robin. O excelente ator Burgess Meredith foi um dos vilões interpretando o personagem Pinguim. A série teve intensa audiência, especialmente pelo equilíbrio entre as cenas cômicas e de ação, em diversos países, incluindo o Brasil. Assisti diversos episódios desta série que tem um trabalho diferenciado na criação de histórias com um visual vinculado a estética dos anos 1960. Seu sucesso internacional estimulou a produção do longa metragem com os atores da série de TV, em 1966, com a direção de  Leslie H. Martinson.

No final dos anos 1970 foram comprados os direitos de realização de uma nova versão cinematográfica de Batman com a produção dos estúdios Warner Brothers. Felizmente, o projeto foi desenvolvido, a partir de 1986, pelo diretor Tim Burton que, na época, se destacou em seus primeiros filmes de longa e curta metragem. Burton dirigiu Batman (1989) e Batman o Retorno (1991) com Michael Keaton como Batman em produções de grande bilheteria mundial que, inevitavelmente, apresentaram vilões admirados pelo público como Coringa em ótima interpretação de Jack Nicholson. Burton colaborou na elaboração de um personagem mais humano, muitas vezes menos herói, que, ao lado dos vilões, apresentavam a realidade da cidade Gotham City sitiada pelo ódio e crime organizado.

O sucesso dos filmes dirigidos por Tim Burton gerou outras versões de Batman nos anos 1990. Mas, infelizmente, diferentes do conceito visual e temático de Burton, são filmes mais fracos e sem originalidade. Dirigido por Joel Schumacher, Batman Eternamente (1995) com Val Kilmer e Batman e Robin (1997) com George Clooney mantiveram as bilheterias com altos rendimentos, mas foram criticados pela sua preocupação em desenvolver uma estética veloz, típicas dos vídeos games e clips musicais da sua época e não se preocupar com a qualidade dos roteiros que, infelizmente, não apresentaram características significativas ao personagem principal.

Nos anos 2000, a Warner Brothers manteve interesse no potencial comercial de Batman e felizmente, apresentou anseio de novas perspectivas ao personagem admitindo o cineasta Christopher Nolan em novas versões com altos orçamentos de produção. Com muita criatividade, ele dirigiu uma ótima trilogia composta por Batman Begins (2005), Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008), Batman – O Cavaleiro das Trevas ressurge (2012). Nolan inclui outras características a Batman com histórias que revelam seu histórico emocional que, de certo modo, orienta as ações que realiza contra o crime em Gotham City. Christian Bale tem ótima participação como protagonista. A trilogia de Nolan foi extremamente lucrativa e mereceu diversas análises fílmicas. Impossível não citar a participação brilhante de Heather Ledger como Coringa.

Mudanças para conquistar mais público, especialmente mais jovem, surgiram depois do sucesso desta trilogia. Com Batman vs. Superman: A Origem da Justiça (2016) e Liga da Justiça (2017) ficou evidente que as cenas de ação teriam atenção especial e Batman não aparece com particularidades importantes que surgiram nas versões de Burton e Nolan.

Com The Batman (2022) temos a oportunidade de assistir este interessante e especial personagem em outras histórias interpretado por Robert Pattison, ótimo ator que surpreendeu em filmes excelentes como Cosmópolis (2012) de David Cronenberg e Tenet (2020) de Christopher Nolan. Espero que este novo filme esteja vinculado, de algum modo, com as versões de Burton e Nolan que criaram, de maneiras distintas, outros olhares sobre Batman que é um personagem diferenciado no mundo dos super-heróis. Com personalidade forte, ambígua, algumas vezes contraditória e muitas vezes com comportamentos que revelam suas fraquezas, sentimentos e consciência social sobre o mundo em que (sobre) vive, Batman é um protagonista que, certamente, ainda pode nos surpreender na sua luta constante para se entender como humano/herói e, principalmente,nos ajudar a compreender o complicado e complexo mundo em que ele e nós vivemos.

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