Pesquisa mostra que 7 em cada 10 mulheres têm medo de sofrer assédio no carnaval

O estudo também mostra que muitos brasileiros "culpam" as mulheres pelo assédio sofrido

Carolina Mota

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a empresa Question Pro, feita com 1.507 pessoas de 18 anos ou mais, residentes de vários estados do Brasil, observou que muitas mulheres se sentem inseguras no período carnavalesco.

Considerando as pessoas entrevistadas, 45% das mulheres afirmaram já ter sofrido assédio na vida e 56% afirmam que o carnaval deste ano é menos seguro que o do ano passado.

Também foi revelado que 50% das mulheres já passaram por situações de assédio sexual especificamente no carnaval, em bloquinhos de rua ou em outras comemorações carnavalescas.

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Pesquisa também mostra que boa parte da população acredita que assédio sofrido é culpa da vítima

32% dos brasileiros concordam que, se a mulher estiver com pouca roupa no bloco de carnaval é porque está querendo beijar ou que "cheguem" nela. 19% concordam que é normal um homem "roubar" um beijo de uma mulher no carnaval se ela estiver bêbada e com pouca roupa.

Para a promotora Fabíola Sucasas, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo (MPSP), a porcentagem de pessoas que concordam que não existe problema em um "beijo roubado", e, por outro lado, o medo das mulheres de sofrer assédio no carnaval, mostra o tamanho do obstáculo.

"A pesquisa apresenta, de um lado, o medo das mulheres e a realidade de que o assédio já foi vivenciado por metade delas; de outro, o que é preocupante, que esse medo está justificado, pois elas lidam justamente com o fato de que milhares de brasileiros ainda cultivam a ideia de que a roupa e a bebida são sinal de consentimento para a abordagem sexual", afirma.

"'Beijo roubado' é uma expressão naturalizada de uma conduta criminosa. Não é poesia, não é samba e tampouco brincadeira. Um dos maiores fossos a serem debatidos está justamente na ideia de que o consentimento e o dissentimento ainda se valem da percepção da moral sexual da mulher e não na sua liberdade e dignidade", completa.

Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Mirelly Pires, jornalista de OLiberal.com

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