CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Idoso preso pela ditadura retoma emprego em banco após 59 anos

Agora com 80 anos, ele foi readmitido após ganhar processo na Justiça

Emilly Melo
fonte

Um idoso, de 80 anos, recuperou o emprego em um banco de Feira de Santana (BA) depois de perder o posto por ser preso pela ditadura militar. Ele passou 12 dias sob tortura de militares, em 1964, sob a acusação de ser “comunista”.

Osmar Ferreira conseguiu o primeiro emprego no início da década de 60, no Banco do Estado da Bahia (Baneb). Ele fazia parte da diretoria da associação de empregados, que virou sindicato em 1964.

“No meu primeiro emprego, que foi no Banco da Bahia, fui convocado por um colega do Banco do Nordeste para fazer parte de uma diretoria e ajudá-lo na fundação da Associação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Feira de Santana, que posteriormente veio a ser o sindicato”, lembrou Osmar em entrevista ao G1.

Aos 21 anos, ele foi consolidado no sindicato do banco até que teve a carreira bancária interrompida pela ditadura. Após o golpe de 1964, todos os sindicatos e associações foram fechados e o homem foi preso por ser diretor sindical e líder de movimento trabalhista.

“Eu estava trabalhando, no dia 8 de abril de 1964, quando entraram um sargento do Exército e dois sargentos da PM com metralhadoras na agência do banco, e eu fui chamado na gerência. Lá eu fui comunicado que deveria comparecer ao 1º Batalhão da Polícia Militar. Virei para o pessoal das Forças Armadas e disse: ‘podem ir, que vou terminar o meu serviço aqui e vou para lá’. Eles disseram: ‘você tem que ir agora’”.

Osmar então foi detido pelos militares e torturado por 12 dias, "recebendo agressões constantes que lhe causaram traumas", afirma o idoso. 

“Foram muitos tapas, muitos ‘telefones’ batendo nos ouvidos, para contar coisas que eu nem tinha conhecimento. Queriam que eu dissesse onde estavam as armas de Francisco Pinto, então prefeito de Feira. A alegação é de que eu seria comunista”.

Quando foi solto pelos militares, Osmar foi demitido do banco e passou a trabalhar como caminhoneiro, ao lado do pai. Tempos depois, Osmar conseguiu se formar em direito e atuar por 39 anos como advogado trabalhista e eleitoral. Em 2003, entrou com um processo de anistia na Justiça, que foi reconhecido em 2010.

O processo ao Baneb, que hoje pertence ao Bradesco, resultou na readmissão de Osmar ao quadro de funcionários do banco. Agora com 80 anos, ele voltou ao antigo emprego, na quarta-feira (26), acompanhado de amigos de longa data que acompanharam sua história.

“Que eu sirva de exemplo para os jovens bancários da Bahia, de Feira de Santana, e do Brasil, na luta por dias melhores. Lutar sempre, não desistir jamais”, afirmou Osmar ao G1.

(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão da editora Fabiana Batista)

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Brasil
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BRASIL

MAIS LIDAS EM BRASIL