IBGE: Menos de um quarto da população do Norte consegue realizar descarte adequado de esgoto

O Censo 2022, recentemente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve um novo recorte disponibilizado nesta sexta-feira, 23, revelando que, embora o Brasil tenha apresentado melhorias em seus números de saneamento básico, ainda enfrenta desafios significativos. Cerca de 49,03 milhões de brasileiros continuam incapazes de descartar adequadamente o esgoto.

Dentre esse contingente, aproximadamente 39 milhões despejam seus dejetos em fossas rudimentares ou buracos improvisados. Mais de 4 milhões direcionam seus esgotos para rios, lagos ou o mar, enquanto o restante utiliza valas ou outros locais não especificados para o descarte.

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Adicionalmente, há 1,18 milhão de brasileiros que não têm acesso a banheiros ou sanitários. Em 3.505 municípios, menos da metade da população reside em domicílios com coleta de esgoto.

Os problemas decorrentes da falta de saneamento básico estão diretamente associados à propagação de doenças, como esquistossomose e cólera, além de causarem desequilíbrios ambientais, contaminando mananciais e rios, e impactando negativamente na biodiversidade.

A situação mais preocupante é observada na região Norte do país, onde menos de um quarto da população consegue realizar o descarte adequado de esgoto.

Amapá tem apenas 10,9% de acesso adequado a esgoto

O estado do Amapá se destaca negativamente, registrando apenas 10,9% de seus habitantes com acesso a sistemas de esgotamento considerados adequados pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plan-Sab), como rede geral de esgoto, fossa séptica ou fossa filtro.

Apesar dos desafios persistentes, há um registro de melhoria nas condições de esgotamento sanitário ao longo das últimas décadas. Dados do IBGE indicam que todos os estados apresentaram aumento na proporção da população vivendo em locais com coleta de esgoto ou em residências com fossa séptica em comparação aos censos anteriores. Em 2000, 59,2% dos brasileiros destinavam corretamente o esgoto, número que subiu para 64,5% em 2010 e agora representa 75,7% da população.

97% dos brasileiros possuem acesso adequado à água

O levantamento do IBGE revela que, apesar dos avanços no acesso à água, ainda há desafios significativos a serem enfrentados. Enquanto 97% dos brasileiros possuem acesso adequado à água, uma parcela considerável da população ainda enfrenta dificuldades.

No total, 82,9% residem em domicílios conectados à rede geral de distribuição, enquanto outros 14,1% obtêm água através de fontes como poços profundos, rasos, artesianos, lençóis freáticos, nascentes ou outras fontes consideradas adequadas pelo Plan-Sab. No entanto, 3% da população ainda depende de caminhões-pipa, água da chuva, rios ou açudes sem tratamento adequado, entre outras fontes.

Novamente, a região Sudeste se destaca como a mais bem abastecida, onde 91% dos moradores têm acesso à rede geral de distribuição de água, enquanto 8% conseguem água por fontes consideradas seguras. Segundo o IBGE, apenas 0,79% dos habitantes dessa região recorrem a meios não adequados.

Por outro lado, na região Norte, pouco mais da metade (55,7%) dos moradores de domicílios particulares recebem água através da rede geral de distribuição. Outros 36,1% obtêm água de poços profundos ou artesianos, poços rasos, freáticos ou cacimbas, que também são considerados adequados.

O IBGE também destacou que a Região Nordeste apresenta as maiores proporções de dependência do "carro-pipa" como meio de abastecimento. Cerca de 3,5% da população dessa região depende desse método, que é a principal forma de abastecimento em 68 municípios locais.