Em entrevista de emprego, mulher sofre discriminação por ser mãe: ‘difícil contratar quem tem filho’

A mulher publicou no LinkedIn uma conversa por mensagem de aplicativo com o recrutador, que a tratou com rispidez, descaso e discriminação

Carolina Mota
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Uma candidata a uma vaga de emprego, moradora de Cariacica, no Espírito Santo, relatou nas redes sociais que sofreu discriminação durante um processo seletivo. Segundo o post, que contém prints da conversa, o recrutador atrasou cerca de três horas do horário marcado, questionou a rotina de “tantos compromissos de alguém desempregado” e alegou ser “sempre difícil contratar quem tem filhos”.

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O caso

De acordo com a vítima, o recrutador havia entrado em contato com ela no dia anterior para agendar uma vídeo chamada para às 8h. No dia seguinte, ela mandou uma mensagem a ele para confirmar a conversa, mas só teve retorno às 11h, quase três horas depois do agendado.

Com o atraso, ela informou ao recrutador que não conseguiria entrar no horário solicitado por ele, pois tinha compromissos que impediam a ação, levando-o a dizer, em tom de ironia, que poderia imaginar os compromissos "de uma pessoa desempregada".

Sentindo-se atacada, a moça se justificou, dizendo que teria que organizar coisas relacionadas ao filho dela, recebendo a resposta: "Sempre difícil contratar quem tem filhos mesmo".

Samara Braga, de 32 anos, afirmou em entrevista ao G1 estar desempregada há dois meses e que estava em busca de uma nova oportunidade, quando se deparou com a situação. Ela decidiu compartilhar o caso no LinkedIn para que a conversa servisse de alerta para outros recrutadores e candidatos da rede, levando o post a receber mais de 3,5 mil comentários.

"Aconteceu comigo e estou sem acreditar que exista profissional assim. Não é o tipo de publicação que as recrutadoras gostam de ver no perfil, mas é necessário compartilhar", diz a legenda.

Samara conta que mesmo sem um emprego formal, ela procura equilibrar as funções de mãe com a produção de doces para conseguir sustentar o filho de apenas seis anos.

"Me senti ofendida, discriminada, humilhada de ter que estar me desdobrando para colocar comida dentro de casa e ainda precisar passar por isso. A mulher precisa ter que se reinventar, ter que empreender a todo momento para poder sobreviver. Um filho não impede uma mulher de trabalhar, pelo contrário, ele é uma motivação”, diz.

O que diz a lei

Segundo a advogada Bianca Martins Juliani, especialista em direito trabalhista,  caso ocorra algum tipo de abuso, situações vexatórias ou discriminatórias, é possível pedir indenização por danos morais na área trabalhista. Também é possível fazer denúncia nos canais de ética ou ouvidoria da empresa.

Mesmo sem ter vínculo com a organização que está tentando uma vaga, o candidato pode buscar os canais internos de denúncia da empresa para reportar o problema.

A Inspeção do Trabalho do MTE tem uma área própria para o enfrentamento dessas práticas, que é a Coordenação Nacional de Combate à Discriminação e Promoção da Igualdade de Oportunidades no Trabalho, bem como coordenações regionais descentralizadas.

O canal de denúncia é: denuncia.sit@mte.gov.br.

Sobre o caso, Samara afirma que não pretende fazer uma denúncia formal.

*Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com

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