Consumo de tucunaré cru pode causar meningite, dizem pesquisadores

Estudo publicado nesta segunda (4) relata primeiro caso brasileiro de meningite provocada pelo parasita Gnathostoma, após consumo do peixe em formato de sashimi, em 2017

O Liberal
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Pela primeira vez no Brasil, pesquisadores registraram um caso de meningite eosinofílica causada por um parasita do gênero Gnathostoma, que ataca o sistema nervoso central do corpo humano. O caso está relacionado à ingestão de peixe cru, especificamente do tucunaré, e foi publicado nesta segunda-feira (4) por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e outras instituições.

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A ingestão de larvas de Gnathostoma é a segunda causa mais frequente de meningite eosinofílica no mundo. Um dos autores do estudo, o pesquisador Carlos Graeff-Teixeira destaca a importância do registro: “É a primeira vez que se encontra um caso de meningite eosinofílica provocada por Gnathostoma. Esse parasita até agora tinha provocado apenas lesões cutâneas’’, explica, referindo-se aos relatos de infecção registrados até o momento no Brasil. 

O caso ocorreu em agosto de 2017, quando um jovem viajou para realizar uma pescaria na região do rio Juruena, na divisa dos estados do Amazonas e do Mato Grosso. Alguns turistas que faziam parte do grupo relataram episódios de diarreia aguda após o consumo de tucunaré, em formato de sashimi.

Apesar de não ter apresentado disenteria, o jovem teve fadiga, palpitações, falta de ar e fortes dores de cabeça, e foi submetido a exames de sangue e coleta de líquido cefalorraquidiano. O fluido está presente no sistema nervoso central e nas meninges, e é responsável por transportar nutrientes filtrados do sangue, bem como eliminar substâncias tóxicas produzidas pelas células cerebrais e da medula espinhal. O exame indicou 63% de eosinófilos no sangue – glóbulos brancos em resposta a infecções por parasitas ou alergias.

Ainda que os exames iniciais tenham sido inconclusivos, a suspeita da infecção surgiu após o histórico de viagem e o relato de outro turista, que estava na mesma região e apresentou uma lesão na pele abdominal do tipo “bicho geográfico”, possivelmente causada pelo mesmo parasita. As amostras foram analisadas em maio de 2018, na Tailândia, e confirmaram a presença de anticorpos anti-gnathostoma, demonstrando que o paciente lesionado teve contato com o parasita.

O estudo serve de orientação à população em geral sobre o perigo do consumo de peixe cru. “O ideal é levar ao fogo e apreciar o peixe assado, cozido, grelhado’’, recomenda Graeff-Teixeira. O pesquisador acrescenta que, embora o maior número de relatos de infecção parasitária no Brasil envolva o tucunaré, é preciso aguardar as conclusões de novos estudos sobre outras espécies envolvidas na transmissão deste parasita.

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