Memorial da Cabanagem sinaliza Belém 408 anos como pátria da luta pela liberdade e democracia

Movimento é referência para luta dos povos amazônicos, inclusive, na realização da COP30, como pontua historiador Michel Pinho

Eduardo Rocha
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Com uma iluminação especial até esta sexta-feira (12), quando o município de Belém completará 408 anos de fundação, o Memorial da Cabanagem, na entrada da cidade, no Entroncamento (eixo Almirante Barroso-BR-316), simboliza toda uma história de luta do povo paraense pela liberdade e democracia, e por isso mesmo é lembrada em programação do Governo do Estado no aniversário da capital do Pará. "A Cabanagem é uma referência não só para os paraenses, mas para todos os brasileiros de uma forma geral. Foi a maior revolta social do Império brasileiro e da história do Brasil nos seus mais 500 anos e traz para a gente a memória de uma luta social muito identificada com interesses populares. Isso é muito forte e importante até hoje", destaca o professor de História e historiador Michel Pinho. 

Ele se refere, inclusive, ao fato de que essa referência histórica completará 190 anos em 2025, ano da COP30 em Belém, "momento para a gente pensar a nossa justiça climática e também as nossas questões sociais mais profundas".

Indignação

Pinho observa que "o Monumento da Cabanagem, de 1985, se situa no momento específico da cidade e do Brasil, que é a retomada democrática após os anos de Ditadura Militar. Ele é feito pelo então governador Jader Barbalho e tem o sentido de comemorar os 150 anos da Cabanagem". Esse monumento é marcado pelas características modernistas. O seu autor é Oscar Niemeyer, um dos arquitetos mais importantes do mundo no século XX e delimita dados interessantes, como ressalta o professor Michel Pinho. 

"Primeiro, uma cripta onde estariam colocados os restos mortais dos líderes cabanos e, segundo, as três fases da Cabanagem que dão aquele sentido de um gráfico no monumento. A primeira fase seria a tomada de Belém, a segunda fase seria uma fratura nesse processo revolucionário, com a derrota dos cabanos na Cidade de Belém, e, depois, a direção dos cabanos para o infinito num sonho de justiça social", destaca o historiador.

A Cabanagem, como informa Michel Pinho, é um movimento múltiplo na história do Pará e da história do Brasil. "Ela surge de uma série de indignações por parte dessa elite econômica e política em Belém e no interior com as figuras de Batista Campos, Félix Clemente Malcher, os irmãos Vinagre, Eduardo Angelim e sua família, mas também surge dos interesses de mais diversos atores sejam eles negros, indígenas, mulheres, quilombolas, que ao longo desses períodos que vão do século XIX, em 1815 até 1840, percorreu o interior do município de Belém e do interior do Estado na luta por uma justiça social marcada fortemente pela desigualdade".

Memória

Uma programação comemorativa dos 408 anos da fundação de Belém, por parte do Governo do Estado, começou na sexta-feira (5), via Secult, intitulada "Preamar Cabano: Aniversário de Belém 408 anos". Como parte dela, o Memorial da Cabanagem ganha iluminação especial neste período, até o dia 12 de janeiro. Assim, nesta terça (9), às 18h, no Foyer do Theatro da Paz, será realizado o sarau “Chuva de Poesias para Belém”. 

Já na quarta-feira (10), será inaugurada a mostra "Entremeio Cabano", no Museu do Estado do Pará (MEP), com uma experiência visual sobre as pessoas que participaram da Cabanagem, por meio de documentos da época. Ainda na quarta (10), começará a mostra "Fronteiras Cabanas" no Arquivo Público do Pará, situando o público sobre os lugares, fora de Belém, nos quais os cabanos atuaram, desde a Guiana até o inteior do Amazônia. Parte da exposição será apresentada na área externa ao prédio do Arquivo Público, no Projeto "Calçada de Histórias". Ambas as mostras poderão ser visitadas até 31 de janeiro, no MEP, de terça-feira a domingo, das 9h às 17h, e no Arquivo Público de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. 

Nesta quinta-feira (11), a professora doutora Eliana Ramos irá ministrar a palestra "Insurgências femininas na Cabanagem", às 9h30, no MEP. Em seguida, às 10h30, o tema "Da guerra e da paz: as conexões entre as eleições para a justiça de paz e a Cabanagem no Grão-Pará (1828 - 1841)", será abordado pela professora doutora Danielle Mourão. Ainda nesta quinta, às 19h, será apresentado o espetáculo "Poesia e Canção para Belém – Paes Loureiro e Salomão Habib", na Igreja de Santo de Alexandre.

Na sexta-feira (12), dia do Aniversário de Belém, a cantora Fafá de Belém e a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz apresentarão o concerto “A Sinfonia dos Dois Mundos”, de Dom Helder Câmara e Pierre Kaelin. Será às 21h, no Theatro da Paz, e contará com a participação do cantor lírico Atalla Ayan, Coro Carlos Gomes e Coro Itacy Silva. No sábado (13), às 16h, no Centur, ocorrerá o lançamento do projeto "Carnaval Sustentável, pelas Escolas de Samba Associadas (ESA), com o apoio da Secult.  

 

 

 

 

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