Estádio Municipal de Belém? Conheça a história do projeto pós-guerra que quase saiu do papel

Praça esportiva tinha a pretensão de ser uma das sedes da Copa do Mundo de 1950, ficaria no centro da cidade, porém não foi realizada por falta de verbas

O Liberal
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Você sabia que Belém quase teve um estádio municipal? O projeto visava a Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil, mas não saiu do papel. Caso tivesse sido tocado adiante, a arena esportiva completaria, em 2022, 75 anos do início de suas obras - que, mesmo sem terem sido executadas, chegaram a ser largamente anunciadas na imprensa.

A edição do Jornal A Província do Pará que foi às ruas no dia 24 de setembro de 1947 divulgou amplamente o projeto e o início da construção do Estádio Municipal. Junto com elas, o sonho de ser uma das cidades sedes da Copa do Mundo de 1950.

Um levantamento da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFPA mostra que o projeto foi assinado pelos arquitetos Davi Lopes e o engenheiro civil Augusto Meira Filho e consistia em um complexo que abrigaria o campo de futebol, a Escola de Educação Física, o Ginásio e o Hotel dos Atletas.

Tudo foi descrito de forma detalhada e cuidadosa pelo próprio Augusto Meira Filho em cinco matérias especiais intituladas “O que vai ser o nosso Estádio – Rápido esboço do majestoso projeto”, publicadas de outubro a novembro de 1947.

“A construção do Estádio Municipal de Belém não revela, apenas, um desejo particular da Prefeitura realizar uma obra de tão grande vulto, prevendo, exclusivamente, dotar a cidade de uma praça de esportes na situação geral do projeto que apresentamos”, escreveu Meira Filho no seu primeiro artigo.

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E onde seria a localização atua, do estádio? De frente para área sul do mercado de São Braz, a partir do ângulo entre a avenida José Bonifácio e a rua Farias de Brito, fazendo limite com as avenidas Gentil Bittencourt e a atual rua Deodoro de Mendonça. Mas, apesar de lançada na imprensa, a obra não chegou a sair do papel.

“Na verdade, o Município não  tinha recursos para fazer o complexo [esportivo]. Nos anos 40, a cidade sofria com muitos problemas de infraestrutura, como abastecimento de alimentos, fornecimento de energia e água”, contextualizou o pesquisador Heber Gueiros.

Sem verbas próprias para seguir com o projeto, a gestão municipal tentou financiar a obra numa parceria com o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), porém esbarrou em questões burocráticas. 

“O Prefeito da época, Rodolfo Chermont, pretendia fazer uma campanha para angariar fundos para construção. Tem até uma curiosidade: um jornal da época fez um levantamento dos municípios brasileiros mais endividados e Belém ficou em primeiro lugar disparado. O estádio não foi construído por conta do endividamento”, reforçou Gueiros.

Atualmente, a capital paraense possui quatro estádios dentro de seus limites: três deles privados - Baenão (Remo), Curuzu (Paysandu) e o Souza (Tuna), que já existiam na década de 1940; e o Mangueirão, inaugurado em 1978, que é  administrado pelo governo estadual e passa por reformas.

Dessa forma, a não construção do Municipal de Belém, na época, não causou falta à população belenense.

“Você já tem dois estádios de porte médio durante esse período, que são a Curuzu - que já estava funcionando plenamente - e o estádio do Baenão também, além dos bairros periféricos que tinham campos de futebol em grande quantidade, como é o caso do Jurunas e da Pedreira”, relembrou o historiador e professor Michel Pinho.

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