Quase metade das sepulturas para vítimas de covid-19 já foi ocupada no Tapanã

As 312 sepulturas compradas pela Prefeitura de Belém, exclusivas para vítimas de covid-19 — a grave doença respiratória causada pelo coronavírus sars-cov-2 —, já começaram a ser ocupadas. As vagas foram adquiridas num cemitério particular, o Parque Nazaré, no bairro do Tapanã. Muita gente achou que se tratava do cemitério público rotativo, mas não é. Essa foi uma das medidas para enfrentamento de uma das muitas crises que a pandemia provocou: a funerária.

Essas sepulturas foram anunciadas pelo prefeito Zenaldo Coutinho, em uma transmissão pelas redes sociais digitais (live), no dia 30 de abril. À época, eram 200. Já foi necessário adquirir mais. Era uma alternativa para quem não poderia fazer os enterros das vítimas da covid-19 no cemitério público rotativo Parque Tapanã, que foi fechado. E uma forma de dar resposta frente ao avanço do número de vítimas da doença do coronavírus na capital.

Até a noite desta terça-feira (5), só em Belém, havia registro de 216 mortes, em levantamento diário da prefeitura. Claro, nem todas foram enterradas no cemitério Parque Nazaré. Algumas já tinham jazigos familiares em cemitérios públicos ou planos funerários particulares. Até a mesma noite, 143 pessoas já haviam sido sepultadas lá.

Por conta da situação no estado do Amazonas, vizinhos do cemitério Parque Nazaré, que conseguiram fazer fotos e vídeos, têm dito que, em Belém, assim como em Manaus, as mortes por covid-19 estão demandando valas comuns. Ou valões. É o tipo de sepultamento em que não é possível identificar a posição exata da pessoa morta. Uma forma de enterro emergencial e às vezes até impessoal. Para algumas pessoas, muito insensível.

A Redação Integrada de O Liberal pediu um posicionamento sobre todo o plano de contingenciamento funerário da capital e se novas vagas serão abertas, já que o número de óbitos ainda tem a triste possibilidade de aumentar. Afinal, muitos corpos ainda estão em fase de liberação pelo Instituto Médico Legal (IML). E ainda, sobre o formato dos sepultamentos.

Prefeitura explica plano de contingência

Em nota, a Prefeitura de Belém explicou que "...montou um comitê para cuidar do plano de sepultamentos de vítimas de covid-19. O plano está em execução e em constante melhoramento para, se adequar as necessidades diárias".

Ainda na nota, a Prefeitura detalhe: "Dentre as medidas previstas, está o uso de EPI especial pelos coveiros, quando é sepultamento de vítima do vírus ou caso suspeito; a determinação do limite de 10 pessoas por funeral, com o devido distanciamento entre elas, que também devem usar máscaras; repasse de orientações às funerárias para manuseio e transporte de corpos; serviços de melhorias em acesso, limpeza e iluminação de cemitérios; extensão de horário de funcionamento de cemitérios; estudo de viabilidade de aquisição de novas sepulturas, remanejamento; e contratação de mão de obra para cemitérios"

Diariamente, informou a prefeitura, "...as equipes dos cemitérios têm feito esforço sobre-humano para dar conta do aumento da demanda de sepultamentos. Todos os cemitérios públicos ativos de Belém, Icoaraci, Outeiro e Mosqueiro estão recebendo sepultamentos".

Também foi garantido que não se tratam de valas comuns. São sepulturas individuais mesmo. Na tarde desta terça (5), os jornalistas de imagem da Redação Integrada de O Liberal conseguiram registrar o momento em que alguns sepultamentos estava sendo feitos. De fato, cada cova aberta tinha espaço entre uma e outra, sendo possível ver os limites entre elas. Outras sepulturas, já fechadas, podiam ser identificadas com cruzes e flores. Não se parece com vala comum.

"Sobre as medidas de segurança sanitária, todos os  funcionários que lidam diretamente com o sepultamento de vítima do vírus ou caso suspeito, estão usando os equipamentos de proteção individuais recomendados pelos órgãos competentes", completava a nota.