Muro do Cemitério da Soledade apresenta inclinação e preocupa feirantes da área

Precariedade se estende aos depósitos e banheiros do entorno, apontam os trabalhadores

Victor Furtado
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Os muros do histórico e tombado cemitério Nossa Senhora da Soledade estão inclinados.  Há várias rachaduras e infiltrações. O risco de desabamento assombra os trabalhadores da feira da Batista Campos, que apenas veem novas fissuras; árvores, galhos e ventos fortes que podem derrubar a estrutura; e precariedade nos espaços anexos: o depósito e os banheiros.

A feirante Silvia Matos trabalha na Batista Campos há 41 anos. A banca dela é uma das próximas ao muro. Ela ressalta que o cemitério é antigo — foi fundado em 1850, para servir de necrópole municipal e abriga um estilo arquitetônico característico — e um patrimônio histórico preservado. E desde a gestão de Hélio Gueiros, afirma que não houve esforços em solucionar os problemas da feira e do muro, que também abriga um depósito dos trabalhadores e algo que deveria ser o banheiro.

"Faz muitos anos que o muro envergou. Esse cemitério é histórico, muito antigo. Nas reuniões que temos com a prefeitura, entrando prefeito e saindo prefeito, já avisamos do muro, do depósito e do nosso banheiro, que aliás, nem temos. O argumento sempre é que precisa ver com o Iphan e nunca tem solução. Só quando cai uma árvore que vem alguém resolver. Todos nos preocupamos com esse muro cair", relata Silvia.

image Os depósitos também são alvo de denúncias dos profissionais (Ivan Duarte/O Liberal)

Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), por meio do Departamento de Administração de Necrópoles (Dane), informou que "...solicitou o envio de uma equipe técnica ao Departamento de Obras (Deoc) para realizar uma vistoria e avaliar a situação do local e não constatou risco de desabamento de partes dos muros do cemitério da Soledade".

Já o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse: "Tombado como Patrimônio Cultural do Brasil desde 1964, o “Cemitério de Nossa Senhora da Soledade: conjunto paisagístico” pertence à prefeitura de Belém. Assim, importante ressaltar que o tombamento federal é um instrumento de reconhecimento de que este bem tem relevância nacional. Contudo, a responsabilidade por sua conservação, uso e gestão continua sendo dos proprietários. Isso vale para qualquer bem tombado, seja de uso público ou privado, não interferindo nas competências institucionais, como as de prefeituras, governos estaduais e outras áreas do governo federal".

"O Iphan já comunicou a prefeitura sobre a situação do muro. Em reunião realizada no dia 5 de fevereiro de 2020, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) se comprometeu a realizar vistoria técnica para avaliar a situação do muro, que apresenta fissuras e trincas ao longo de sua extensão. Em ofício enviado à Seurb em abril de 2020, o Iphan reforçou a necessidade de manutenção do bem", destacou o órgão federal.

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