Médicos das UPAs da Marambaia e Jurunas param atendimentos por tempo indeterminado

A paralisação começou nas primeiras horas desta segunda (11). Eles cobram pagamento de plantões.

Bruna Lima

Quem compareceu às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) dos bairros da Marambaia e do Jurunas, em Belém, nesta segunda-feira (11) foi surpreendido com a paralisação dos médicos - que iniciou à zero hora e vai se manter por tempo indeterminado, até que ocorra o cumprimento das exigências da classe. E uma das principais exigências é a atualização de pagamentos.

De acordo com o comunicado de paralisação emitido pelos trabalhadores das unidades ao Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), os médicos deliberaram "paralisação nos atendimentos a partir de 72h do dia 08/09/2023, por período indeterminado".

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Atrasos de pagamentos

A razão da parada é o atraso do pagamento dos plantões médicos exercidos nestas unidades, por parte da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). O último pagamento realizado foi referente ao mês de maio de 2023, pago no dia 4 de agosto de 2023. O pagamento referente ao mês de junho, que deveria ter sido efetuado, encontra-se em atraso. "Vale ressaltar que os pagamentos estão sendo realizados cada vez mais com atrasos, tornando a situação intolerável", diz a categoria.

Conforme ainda detalha o comunicado, "tem-se no exposto acima uma situação financeira insustentável para o corpo médico das unidades em questão (UPA Marambaia e Jurunas)", e tem ainda se configurado "insegurança no sustento familiar de cada profissional, associada ao recrudescimento de dívidas, que é potencializado pela alta taxa de juros apresentada atualmente no Brasil".

O comunicado diz ainda que o cenário relatado "ocorre há dois anos, tendo sido iniciado no segundo semestre de 2021, permeado por promessas de regularização - nunca concretizadas".

image Na UPA da Marambaia, pacientes tiveram que ir à procura de outras unidades (Igor Mota / O Liberal)

Sem atendimento

Nas UPAs Jurunas e Marambaia, os médicos deliberaram pela parada, restringindo os atendimentos a 30% do fluxo, mantendo assistência somente aos pacientes com prioridade laranja e vermelha - de acordo com a classificação de Manchester, "seguindo o que está preconizado legalmente", justificaram. Essa situação seguirá "até que seja efetuado o pagamento dos mês em atraso (junho) e diante do compromisso legal em assumir um cronograma organizado e justo para o recebimento dos plantões médicos".

A reportagem foi até as duas unidades de pronto atendimento, na tarde desta segunda-feira e encontrou pessoas lamentando a falta de médicos e maior esclarecimento sobre a parada nos atendimentos.

O vigilante Michel Melo, de 42 anos, estava acompanhado da família em frente a UPA da Marambaia. Sua mãe deu entrada na unidade na noite de domingo (10), após uma queda, e está com quadro considerado grave. "Quando demos entrada, ontem, eles receberam a minha mãe e ela foi encaminhada para a sala vermelha, onde está intubada, mas o problema é que eles disseram que ela não tem condições de permanecer aí, e que ela precisa de um leito com urgência. Nós estamos tentando e nada", lamenta.

Michel comentou que a todo momento em que esteve na frente da unidade presenciou pessoas retornando sem atendimento. "Eles dizem que os médicos estão na paralisação, mas isso é muito ruim, pois as pessoas gastam com transporte e aqui são informadas que não tem atendimento. É uma situação muito complicada", lamentou.

Quem passou pela situação enquanto a reportagem estava na frente da unidade da Marambaia foi o jovem Taylor Monteiro, de 25 anos, que estava com sintomas gripais e resolveu ir até a UPA. Na porta, foi informado sobre a paralisação dos médicos. "É uma situação complicada, pois estou com aquela moleza no corpo e vou precisar ir para outro lugar. Eu não sabia dessa situação", reclamava o jovem.

Na Unidade de Pronto Atendimento do Jurunas, não havia mais quase ninguém na frente da unidade na tarde desta segunda (11). Juliana Jordão e Jorge Jordão, porém, resistiam do lado de fora, à espera de notícia da mãe, que caiu da rede, fraturou a cabeça e chegou a ser atendida pelos médicos.

image Juliana e Jorge Jordão: unidade do Jurunas de portas fechadas (Igor Mota / O Liberal)

"Eles receberam ela, mas já avisaram que ela vai precisar ser transferida para o Pronto-Socorro. O meu irmão está lá dentro com ela e ainda não sabemos o que vai acontecer, mas quando chegamos aqui informaram que estavam na paralisação. Várias pessoas já passaram aqui e tiveram que retornar", observou Juliana Jordão.

Reunião nesta terça


Emanuel Resque, diretor do Sindmepa, avalia que a situação dessas Unidades de Pronto Atendimento é complicada, pois são administradas por uma Organização Social (OS) contratada pela Sesma. "Nós somos favoráveis às reivindicações dos colegas, pois as reivindicações são consistentes. Nós fomos informados sobre a paralisação na última sexta-feira (8) e o assunto será pauta na nossa reunião da diretoria, nesta terça (12)", declara.

Ainda de acordo com o comunicado, a paralisação visa no cumprimento dos requisitos formais que regem o movimento paredista, na forma da lei, assim como, esclarece-se que está aberta a livre negociação com os médicos, mesmo no período de paralisação, bem como estes estarão disponíveis para realizar uma assembléia geral extraordinária para demais deliberações, como prorrogação ou para a sua finalização.

A reportagem entrou em contato com a Sesma para obter informação sobre a paralisação. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que “já está realizando as tratativas devidas para evitar a paralisação dos serviços de saúde à população atendida pelas UPAs Jurunas e Marambaia”.

Segundo diz a Sesma, nesta segunda-feira (11), o secretário municipal de Saúde, Pedro Anaisse, “vai estar em reunião com técnicos e representantes que atuam nos serviços de pronto atendimento, para sinalizar as providências administrativas que serão encaminhadas para estas UPAs”.

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