Lixo de Belém: moradores cobram licenciamento para novo aterro sanitário fora de Marituba
Comissão do Fórum Fora Lixão de Marituba se reuniram com dirigentes da Semas, para tratar do assunto
Em reunião na manhã de terça-feira (14), na sede da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), membros do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba cobraram celeridade do órgão para o licenciamento ambiental para a instalação de um novo aterro sanitário em substituição ao que se encontra em funcionamento no município de Marituba. Esse novo aterro, em área limítrofe entre Acará e Bujaru, receberia os resíduos sólidos da Região Metropolitana de Belém (RMB), hoje depositados em Marituba.
O movimento de moradores exige o fim do funcionamento do Aterro Sanitário de Marituba, o qual, segundo eles, vêm causando danos ambientais e uma série de prejuízos a quem vive no entorno desse espaço. De acordo com Herbert Nascimento, membro do Fórum, a comitiva da entidade foi recebida pelo diretor de Licenciamento Ambiental da Semas, Marcelo Moreno, e uma equipe de técnicos do órgão.
"A nossa principal indagação foi, dentro desse debate, dessa reunião, é sobre os dois processos de licenciamento que estão na Semas, referentes aos dois municípios, mas que estão em um processo moroso, lento, que estão caminhando, mas, não como deveriam caminhar, e a gente falou sobre a questão emergencial de que o aterro sanitário de não tem mais condições de funcionar em Marituba, já chegou no seu esgotamento máximo. As RIMAs (EIA/RIMA corresponde a Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) dos dois novos empreendimentos estão lá, mas só que em passo de tartaruga. A gente não sabe por quê, e a Semas também não soube explicar, de maneira efetiva", destacou Herbert.
Sem prorrogação
Como disse o integrante do Fórum de Marituba, foi entregue ao secretário adjunto da Semas documentos que foram anexados na Casa Civil para que a população de Marituba fosse assistida na área da saúde, no entorno do aterro sanitário. "É claro que a população não vai aceitar uma terceira prorrogação do funcionamento do aterro sanitário em Marituba, e a responsabilidade, agora, é dos órgãos que atuam com o licenciamento, para que eles, o mais rápido possível, dar os seus encaminhamentos",
Sobre a reunião de terça-feira (14), a Semas informou: "A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informa que a reunião tratou do cenário atual do licenciamento do aterro sanitário (de Marituba), que teve sua operação prorrogada até 29 de novembro de 2023. A Semas ressalta não é responsável pela gestão administrativa de aterros privados no estado e trata apenas do licenciamento dessas áreas. E esclarece que não está licenciando um substituto ao aterro de Marituba.
Aterro de Marituba
De acordo com decisão da Justiça, a Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS) de Marituba, gerida pela Guamá Tratamento de Resíduos, deve encerrar suas atividades até o final deste mês de novembro. Até o momento, não há definição concreta do destino que será dado ao lixo produzido pelos municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, que enviam seus resíduos para o empreendimento atual.
A possibilidade de instalação do aterro sanitário em uma área quilombola limítrofe entre Bujaru e Acará, envolvendo uma empresa asfáltica e a construção de um porto, é acompanhada de perto pela Defensoria Pública do Pará. A Defensoria informou, no dia 9 deste mês, que o que está sendo estudado no momento é sobre os licenciamentos e as autorizações do poder público estadual e municipal para a implantação desses portos e dessas empresas.
Contra
No começo deste mês, as prefeituras da Acará e de Bujaru manifestaram-se contrárias à instalação do aterro sanitário na região. "A Prefeitura de Acará, até o presente momento, não foi contatada para discutir a possível instalação do aterro sanitário. Não houve qualquer forma de diálogo com a prefeitura sobre esse assunto e não fomos consultados a respeito. Até o momento, as únicas informações que temos são as divulgadas pela mídia, pois a prefeitura não foi envolvida ou convidada a participar de qualquer discussão sobre o assunto. A respeito da proposta de instalação de aterro sanitário no Município de Acará, a Prefeitura não possui nenhuma proposta neste sentido, pois é categoricamente contra a instalação", reforçou, nesta quarta-feira (15), a gestão municipal.
"A Prefeitura considera que essa iniciativa acarretará sérios transtornos à população em geral e local, uma vez que afetará diretamente as comunidades quilombolas, tradicionais, os agricultores, as nascentes, igarapés e o forte setor de ecoturismo na região, impactando o meio ambiente local. Portanto, não apoia a instalação do referido aterro. A Prefeitura Municipal de Acará reafirma seu compromisso constitucional em proteger o meio ambiente local e o bem-estar de seus munícipes", complementou a Prefeitura de Acará.
No caso de Bujaru, a argumentação é de que existe uma lei e estudos técnicos que impedem a instalação do projeto.
Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Saneamento de Belém (Sesan) dá prosseguimento à licitação que pretende contratar uma parceria público-privada (PPP) para realizar a gestão dos resíduos sólidos da capital.
A nova empresa será responsável pelo sistema de limpeza urbana, coleta, destinação, tratamento e gestão dos resíduos sólidos da capital. O empreendimento deverá instalar uma nova Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, o que permitiria a paralisação da atual instalada em Marituba. Ainda não há informações sobre a empresa vencedora, prazos ou como será realizado o processo de transição dos serviços.
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