Biblioteca Pública Arthur Vianna completa 153 anos preservando a memória de gerações

Com cerca de 800 mil volumes que abrangem o campo audiovisual, musical e da literatura, o espaço marca a memória dos belenenses

Gabriel Pires

A Biblioteca Pública Arthur Vianna (BPAV), localizada no Centro Cultural Tancredo Neves (Centur), em Belém, completa 153 anos de existência nesta segunda-feira (25). Ao longo de décadas, o espaço preserva a memória por meio de diversas obras no campo audiovisual, musical e da literatura. No total, a BPAV abriga, aproximadamente, 800 mil volumes. Considerado um dos mais importantes espaços socioculturais do estado, a biblioteca também faz parte do cotidiano de muitos belenenses, sobretudo na formação educacional.

Quem costuma frequentar o local é o universitário Fernando Oliveira, de 23 anos. Para ele, a biblioteca do Centur é a opção ideal para poder estudar e pesquisar. O estudante conta, ainda, que frequenta o espaço desde quando estava se preparando para o vestibular. Para o jovem, a estrutura de acesso à internet e a disponibilização de diversos livros são indispensáveis para o estudo.

image Fernando Oliveira, universitário de 23 anos (Igor Mota / O Liberal)

“É importante ter um ambiente mais tranquilo e acolhedor para que os estudantes possam estudar. É um espaço que agrega vários conhecimentos, de vários autores locais. Isso não só no acervo físico, mas também digital. Isso é importante para o conhecimento sobre a nossa história, do povo paraense e outros conhecimentos que a gente precisa. Geralmente eu frequento de vez em quando”, completa o estudante.

Importância

Coordenadora da Biblioteca Arthur Vianna, Socorro Baía, 64 anos, conta que é uma imensa alegria comemorar mais um aniversário no espaço público e reforça a importância para a sociedade. Segundo Socorro, a BPAV é uma instituição que se conservou ao longo dos anos e continua se fortalecendo dia após dia, porque tem um papel importante na formação social e cultural da sociedade. Com diversos setores, ela lembra que a BPAV atende a todos os públicos: crianças, jovens, adultos e até os idosos.

image Carmelinda Cruz, 64, é bibliotecária e responsável pelo setor de Obras Raras (Igor Mota / O Liberal)

As obras que compõem a Biblioteca Pública Arthur Vianna, gerida pela Fundação Cultural do Pará (FCP), são parte da memória dos paraenses, mas também têm um papel indispensável na educação de muitas pessoas. Mesmo com o desenvolvimento da tecnologia e a digitalização dos livros, Socorro enfatiza que a função social e educacional da BPAV na sociedade continua sendo perpetuada. Diariamente, o espaço chega a receber um público de, aproximadamente, 500 pessoas.

“Temos um público, que além de vir fazer pesquisas no nosso acervo, são pessoas que vêm estudar, fazer alguma atividade ou até mesmo a lazer. O espaço é vivo, dinâmico e vai continuar sendo. Não tem como isso acabar. A gente ouve relatos importantes e gratificantes de pessoas que já passaram por aqui. Existe uma memória muito afetiva [com o espaço]. Temos relatos de pessoas que falam que a Biblioteca ajudou para que entrassem em uma faculdade ou passassem em um concurso”, conta a gestora.

Acervo diverso

Localizada no segundo e terceiro andar do prédio-sede do Centur, a Biblioteca Pública Arthur Vianna tem um acervo diversificado com livros, gibis, DVDs, discos de vinil, além de livros em Braille, entre outros. Além de consultar os livros no local, os visitantes também podem realizar empréstimos, como lembra Socorro. “Eu acredito que seja a maior biblioteca em termos de volume de publicações do Norte. Temos uma variedade de suporte de informação”, enfatiza a coordenadora.

Para além da literatura, o local se divide em diversos ambientes: o espaço Braille, a Fonoteca Satyro de Mello, a Gibiteca, a Brinquedoteca, o Auditório Aloysio Chaves e a sala de restauro. “Cada setor [da biblioteca] tem um projeto. No setor de Braille, temos o projeto Múltiplas Visões [para pessoas com deficiência visual], temos a Gibiteca com o Ilustra [produção de ilustrações e quadrinhos], a Fonoteca tem o Sonoridades [apresentações de composições autorais]. As atividades culturais são uma forma de trazer o público para a biblioteca”, pontua Socorro.

Atuando há 40 anos como servidora do espaço e sendo uma das mais antigas no local, Socorro define que trabalhar na biblioteca é gratificante. ”O que me mantém ainda na biblioteca é que não tem uma rotina. Todos os dias têm uma situação nova, é um usuário novo, uma pessoa para conversar. A biblioteca atende um público diverso, então, de qualquer forma, nós também somos educadores. As bibliotecárias que estão aqui, estamos sendo o suporte para que as pessoas adquiram conhecimento e tenham melhores condições de vida”, destaca Socorro.

Obras Raras

A "Arthur Vianna" também possui a seção de Obras Raras. A bibliotecária Carmelinda Cruz, 64 anos, responsável pelo setor, explica que o acervo tem cerca de mais de 2 mil obras raras e antigas. E para conservar as obras, há todo um cuidado na biblioteca, como iluminação adequada, manuseio específico, entre outros. “Nosso acervo é composto por livros, folhetos, fotografias, gibis e revistas, que são os periódicos. E ainda, alguns jornaizinhos mais simples e tabloides, além de moedas, cartas e até do Lauro Sodré e Haroldo Maranhão”, detalha Carmelinda.

Para que uma obra seja considerada rara, Carmelinda explica que existem vários critérios para essa categorização: “Por exemplo, nas primeiras edições [de obras] a gente considera, dentro da literatura brasileira, todas as obras publicadas no Brasil até 1850, entre outros critérios. A gente faz uma pesquisa de autoridade, temos um historiador para fazer essa pesquisa se a obra é considerada rara ou não”, completa a bibliotecária. Além disso, essas obras passam por restauros - quando necessário -, como lembra Carmelinda.

O público que consulta a seção de Obras Raras é, em sua maioria, de pesquisadores, conforme frisa a bibliotecária. Para ampliar o acesso às demais pessoas, a BPAV também possui um acervo digital, por meio do site da FCP. O espaço é oferecido para que pesquisadores, estudantes e a comunidade em geral possam ter acesso às obras de valor para a história do Pará e do Brasil.

“Múltiplas Visões”

Já entre as atividades destinadas à população está o projeto “Múltiplas Visões”, que estimula o aprendizado de pessoas com deficiência visual. O assistente cultural Jorge Ramos, 38 anos, responsável pela programação, explica que um dos intuitos da iniciativa da biblioteca é promover a inclusão por meio de diferentes abordagens e ações. Entre as dinâmicas oferecidas, há oficinas de Libras, formações para PCD’s, além de outras oficinas de literatura e escrita criativa.

image Assistente cultural Jorge Ramos, responsável pelo Múltiplas Vozes (Igor Mota / O Liberal)

“Dentro do projeto, a gente organiza, junto com os profissionais de cada um dos setores, por exemplo, oficinas de Libras e de Libras tátil. O projeto está preocupado com o acesso das pessoas e o direito do acesso desse público aos bens culturais que a gente dispõe, como a leitura e a informação. O ’Multiplas Visões’ vem nesse caminho e abrindo essas possibilidades de acesso a deficientes visuais e, em outros momentos, abrindo espaço para pessoas com outros tipos de deficiência”, pontua Jorge.

Como parte do “Multiplas Visões”, em programação especial de aniversário da biblioteca, será realizado, até o dia 24 de abril, o “Curso Prático de NVDA” (Software Leitor de Telas). As aulas têm foco em auxiliar o público sobre o uso das tecnologias assistivas, a partir da informática, usando programas como Word, Office e Chrome. O curso é realizado no Espaço Maker, localizado no 3° andar do Centur.

Programação completa do mês de aniversário da Biblioteca Pública Arthur Vianna:

Literatura para Gente Miúda
Data: 19 e 26 de março
Horário: das 10h às 11h e das 14h às 15h
Local: Seção Infantil, no 3° andar da Biblioteca Pública Arthur Vianna
Público alvo: Crianças de 5 a 10 anos

Oficina Múltiplas Visões
Data: 18 de março a 24 de abril, todas às segundas, quartas e sextas-feiras
Horário: das 9h às 12h
Local: Espaço Maker, no 2° andar da Biblioteca Pública Arthur Vianna
Serão ofertadas 10 vagas.

Palestra Múltiplas Visões
Data: 26 de março
Horário: a partir das 14h
Local: Auditório Aloysio Chaves, no 3° andar da Biblioteca Pública Arthur Vianna

Lançamento do 3º Concurso de Quadrinhos
Data: 25 de março
Horário: 18h
Local: Cine Líbero Luxardo, no térreo do Centur

Noite Cultural dos 153 anos da BPAV
Data: 25 de março
Horário: 18h
Local: Cine Líbero Luxardo, no térreo do Centur

Uma Dose Musical de Rita Lee
Data: 27 de março
Horário: a partir das 15h
Local: Fonoteca Satyro de Mello, no 3° andar da Biblioteca Pública Arthur Vianna

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