Ato em Belém cobra justiça para Bruno Pereira e Dom Phillips

Manifestação está sendo realizada, neste domingo, por movimentos sociais, na avenida Presidente Vargas

Fernando Assunção
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Movimentos sociais se reuniram, na manhã deste domingo (19), em frente à agência da Caixa, na Avenida Presidente Vargas, em Belém, em protesto contra o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. A manifestação cobra justiça para o caso e manifesta solidariedade às famílias das vítimas.

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Com forte atuação na defesa de povos originários e da floresta amazônica, Dom Phillips e Bruno desapareceram no início do mês, no dia 5 de junho, no Vale do Javari, no Amazonas, terra indígena supostamente ameaçada por garimpeiros, pescadores ilegais, madeireiros e traficantes de drogas. Após dez dias de buscas, a Polícia Federal encontrou os corpos, na última quarta-feira, 15, seguindo as pistas da confissão do pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, que confessou o crime. Ao todo, três pessoas já foram presas por suspeita de envolvimento nos assassinatos: Pelado, seu irmão Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima. O caso segue sendo investigado em sigilo e, segundo a polícia, ainda não é possível dizer a motivação do crime.

Grupos que organizaram o protesto acreditam que a morte dos ambientalistas possa ter relação com a atuação das vítimas em defesa das comunidades indígenas da região. “O Bruno Pereira atuava há mais de 10 anos no Vale do Javari, junto aos indígenas isolados na região. Nos últimos meses, batalhava para constituir uma guarda indígena que pudesse coibir o avanço da mineração, o avanço das madeireiras, o avanço do agronegócio frente a essas terras indígenas e, consequentemente, acabou estabelecendo uma resistência a esses interesses dessas grandes frações do capital que estão querendo se apropriar dos recursos ambientais da região amazônica”, disse Fabiano Bringel, professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade do Estado do Pará (PPGG-UEPA).

“Então, esse ato tem como objetivo pedir justiça imediata, para que a gente possa realmente não só punir os executores, mas também os mandantes. A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) tem a certeza que existe mais gente envolvida nesse processo, que tem aí muito interesse de políticos e agentes econômicos poderosos nessa região. Realmente, o nosso propósito é clamar por justiça e por uma política de assistência às famílias”, completou o docente.

O ato ainda lembrou outros defensores da floresta e de povos indígenas, que foram mortos em ação, como Dorothy Stang, Chico Mendes e Dilma Ferreira.

No ano de 2022, 19 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo no Brasil, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra. Quatro desses casos foram registrados no Pará, que lidera o ranking entre os estados brasileiros, com quatro mortes – três ambientalistas e um sem terra.

O protesto foi promovido por alunos e professores do Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA-UFPA), Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA-UFPA), Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural (PPGDS-MPEG), Instituto Idade Mídia e do já citado PPGG-UEPA.

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