Alagamentos: saiba quais danos o carro pode sofrer e como evitá-los

O custo de alguns consertos pode equivaler ao preço de outro carro, avalia mecânico

Eva Pires
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Março é um dos meses com chuvas mais intensas do período popularmente conhecido como "inverno amazônico" e, nesses dias, passar com o carro pelos trechos alagados nas vias é o pesadelo de muitos motoristas. Por isso, condutores que trafegam pela capital e Região Metropolitana precisam ficar atentos aos principais danos que os veículos podem sofrer e quais as recomendações para evitá-los e garantir a segurança no trânsito.

Segundo o mecânico João Guedes, 41 anos, o motorista deve evitar que o nível da água fique acima da metade da roda. "Principalmente em uma rua que tenha caminhões ou ônibus que venham no sentido contrário, porque na hora que vem o veículo no sentido contrário, ele faz uma espécie de maresia. Isso aumenta o volume da água, que acaba sendo aspirada pelo motor", diz.

Caso evitar o trecho alagado não seja possível, a maneira mais segura de passar por ele é dirigir com uma aceleração moderada, já que acelerar fundo aumenta o risco de calço hidráulico. "É necessário quebrar o mito, que muitos acreditam, de que a água entra pela descarga do carro. Não é. Ela entra pela admissão de ar do motor. A admissão de ar do motor é por onde o motor aspira oxigênio para o seu funcionamento e, assim, ele acaba aspirando água ao invés de oxigênio. Com isso, acaba causando o chamado calço hidráulico internamente no motor. E isso faz com que quebre determinadas peças internamente no motor", destaca.

O calço hidráulico é uma situação que ocorre em motores a pistão, ocasionado por entrada de água ou acumulação de óleo no interior da câmara de combustão, impedindo o pistão de comprimir a mistura no seu interior, o que leva a um travamento abrupto e consequente empeno ou ruptura das bielas (peças que são responsáveis por transmitir a força gerada na câmara de combustão para o virabrequim, eixo que fica na base do bloco do motor).

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O custo de alguns consertos pode equivaler ao preço de outro carro

Se o veículo estancar de vez ou for tomado pelo alagamento enquanto estiver estacionado, o mecânico orienta quais são as melhores condutas na situação.

"Se estancar, não insista na partida. Quanto mais insistir, mais chance de queimar o motor ou causar o calço hidráulico, que, até o momento, pode não ter ocorrido. Se a pessoa tiver como desligar a bateria do veículo e empurrar para um lugar seguro, é o melhor a se fazer. Caso não, chame o mecânico ou o guincho para levar o veículo à oficina. Lá será realizada a substituição de óleo e a revisão da parte elétrica para posteriormente dar partida do veículo", afirma.

Para o mecânico, em alguns casos, os danos podem levar à perda total do veículo. "Os carros mais novos têm inúmeros módulos eletrônicos que são danificados quando o volume de água chega a entrar no veículo. Um cliente meu vai gastar R$ 11 mil por pane no motor. O valor de alguns módulos, como de airbags e sistema de freio, chega quase ao valor do carro, daí é perda total, não compensa nem consertar", explica.

"Muitos carros considerados nacionais já tem o duto de ar do motor em um ponto mais alto para evitar danos por alagamento do veículo. Eles são adaptados para o Brasil e suas enchentes que ocorrem com frequência. Em alguns carros importados, esses dutos de ar são baixos, o que exige atenção redobrada", conclui.

Eva Pires (Estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidades)

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