Racismo Religioso: Homem ameaça com facão membros de religião de matriz africana em Ananindeua

No vídeo, o homem com a arma branca em mãos chama o grupo de “um bando de demônios que querem fazer o mal”, entre outros xingamentos e palavrões direcionados aos religiosos

Daleth Oliveira
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Um vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira (23) denuncia mais uma ocorrência de intolerância religiosa contra religiões de matriz africana em Ananindeua, cidade da Região Metropolitana de Belém. As imagens mostram um homem ameaçando os religiosos com um facão na mão na Cidade Nova 8.

As cenas foram postadas por Isadora Carvalho. “Hoje, às 7h, no Ilê Iyá Omi Asé Ofá Lewa, localizado na Cidade Nova VIII Tv. We 46- número 92, comandado por Mara Jucá, filha do Ofá Karê e Bàbá Edson Catendê, sofremos racismo religioso por parte deste cidadão que durante uma obrigação nossa, o mesmo, jogou água podre nos Orixás, nos ameaçou com um facão e nos agrediu verbalmente com xingamentos e palavrões”, denunciou.

No vídeo, o homem com a arma branca em mãos chama o grupo de “um bando de demônios que querem fazer o mal”, entre outros xingamentos e palavrões direcionados aos religiosos. 

“Nós já estamos providenciando o boletim de ocorrência e também esperamos pela justiça do nosso sagrado! Esse é o sistema que nos mata, nos agride e tenta apagar nossa história e nossa ancestralidade! Não vamos nos calar, vamos continuar na luta pelo respeito à nossa religião e vamos continuar na luta contra o racismo! Racismo Religioso é crime!”, finaliza Isadora em sua rede social.

Racismo religioso é crime

O crime de intolerância religiosa refere-se à perturbação de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa. Segundo artigo 228 do código Penal, a pena é detenção de um mês a um ano ou multa.

Como denunciar casos de intolerância religiosa no Pará

Titular da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos da Polícia Civil, Leilane de Araújo informa como as vítimas devem proceder para denunciar os crimes.

“A denúncia pode ser realizada em qualquer delegacia do bairro ou interior do estado. Quando há casos de intolerância, a vítima registra um boletim de ocorrência e é colhido o depoimento do relator e testemunhas. Depois são realizadas diligências pelas equipes policiais, que, ao final, se juntarão aos procedimentos para serem remetidos à Justiça”, explica. As vítimas podem procurar a Delegacia de combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos, na Rua Avertano Rocha, 417, bairro da Campina, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. 

Além das investigações, a Delegacia atua também de forma preventiva. “O verdadeiro sentido é respeitar para que possamos ter uma verdadeira sociedade democrática. Por isso, realizamos palestras e seminários interdisciplinares para combater a prática”, acrescenta Leilane.

Em nota, a Polícia Civil informou "que, até o momento, não tem registro sobre o caso na seccional da Cidade Nova e também na Delegacia de Combate a Crimes Discriminatórios". O comunicado destacou ainda "a importância da formalização da ocorrência na Delegacia do bairro ou por meio da Delegacia Virtual, para que a denúncia seja investigada".

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