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População tira do bolso para resolver problemas causados pelas chuvas

Moradores da João Paulo II chegam a gastar mil reais por casa para conter alagamentos

Dilson Pimentel
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Aumentar a altura das calçadas é uma das alternativas adotadas por muitos moradores que residem nas transversais da avenida João Paulo II, no bairro Curió-Utinga, em Belém. Essa medida objetiva minimizar os transtornos causados pelas chuvas, como as que cairam na tarde desta segunda, comuns nesse período do ano - causando transtornos e prejuízos às famílias. Mas esse serviço representa, também, um gasto extra no orçamento dessas famílias. Os moradores disseram que esses alagamentos se repetem há muitos anos. 
 


Por essa razão, há pessoas que já pensaram em mudar de endereço, mas não fizeram ou por questões financeiras ou por razões emocionais, já que residem no local há muito tempo. Ainda segundo eles, uma chuva com duração de 20 a 30 minutos alaga tudo e, depois, a água demora muito para escoar.

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Os problemas são mais graves nas passagens Matilde, Elvira e Gaspar Dutra, entre outras. "Quando chove, começa a vir água dessas casas, por baixo. E alaga tudinho. Ali (próximo à João Paulo II), nem passa carro mais. A água bate na canela. E vinte minutos de chuva são suficientes para ficar tudo debaixo d'água", disse o motorista Alex Pereira Pinheiro, 29, e que há 23 anos reside na passagem Matilde. "A água fica na altura da cintura. E, para secar, leva de uma hora a uma hora e meia. Isso pra ficar rasinho", completou. 

Alex mandou aumentar o nível da calçada da casa dele em 80 centímetros. A obra, realizada há quatro meses, custou R$ 1 mil. "Às vezes, o pessoal faz uma reunião e mandar tapar os buracos. A nossa esperança é que essa realidade mude. A gente crê que um dia acabe isso (os alagamentos)", disse.

A autônoma Brenda Camila tem 24 anos e há nove também reside na passagem Matilde. "Quando chove, aqui fica muito cheio. Se a pessoa precisar sair de água, tem que passar por dentro da água. Não tem outra saída", disse. "Por causa dos alagamentos, nossa casa sempre foi alta (em relação ao nível da rua)", afirmou Brenda. Ainda segundo ela, essa situação também ocorre nas passagens Elvira e Osvaldo Coelho. "Essas ruas ficam cheias", disse.

O autônomo Odilon Pedrosa, 55 anos, mandou aumentar, também em 80 centímetros, a calçada de sua casa, na passagem Matilde, providência adotada por muitos moradores daquela região. "Antes, era muito sufoco. Entrava água direto na casa", disse ele, que mora nesse endereço há 44 anos. "Ou você sai antes ou depois da chuva, quando seca", afirmou. Ele disse nunca ter pensado em se mudar porque é uma "área nobre". 
Moradores pedem uma drenagem melhor

Odilon afirmou que os engenheiros precisam fazer uma "drenagem melhor. Essa tubulação vai com dois tubos daqui. E, quando chega na Gaspar Dutra, só é um tubo. E o volume de água é muito grande. Aí, não aguenta. Enquanto não esvaziar tudinho lá, não seca aqui", disse. A dona de casa Maria de Souza Cunha, 63 anos, mora na passagem Elvira. "Tive que levantar a casa, porque, quando chovia, ia pro fundo. Isso em todo inverno. Continua o mesmo problema. Nunca saiu dessa situação", afirmou ela, que reside no atual endereço há 14 anos. "Está cada vez pior. A água passa aqui na frente e vai embora. Pra sair de casa, a gente tem que ir por cima", disse. Ou seja, ela não pode seguir pela João Paulo II. Nesse caso, ela caminha pela passagem Elvira, mas em direção à avenida Almirante Barroso. "Pela João Paulo, não dá. Fica toda alagada", afirmou. Dona Maria disse que já pensou em se mudar. Mas desistiu porque todos os seus filhos moram no mesmo terreno e pertinho dela. "Eles podiam fazer um serviço que preste, pra melhorar a situação pra gente", disse.

A Prefeitura de Belém esclareceu que as intervenções para acabar com o ponto de alagamento da avenida João Paulo II, próximo da passagem Elvira, começaram no ano passado. "Toda obra de drenagem inicia pelo ponto de lançamento, para onde as águas são destinadas. Nesse sentido, a dragagem do Canal Murucutum e a preparação do Canal Mártir são parte da solução do problema", informou.

No Canal Murucutum, que dá nome à bacia hidrográfica, uma grande intervenção de dragagem vem sendo realizada desde o ano passado. "São utilizados mergulhadores, balsas de dragagem e draglines para aprofundar o canal e melhorar o fluxo da água da chuva em todo o bairro Curió-Utinga até o rio Guamá. Um novo trecho está sendo licenciado junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) para que os trabalhos avancem na área de proteção ambiental. Quando esta essa etapa estiver concluída, uma nova rede de drenagem será implantada no trecho da avenida João Paulo II, que recebe contribuição de drenagem, inclusive, da avenida Almirante Barroso", acrescentou a prefeitura. 
 

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