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"Ninguém falou nada", comenta delegado sobre banalidade do assassinato de Bianca

Taxista, dono de carro de mão e transeuntes tomaram contato com desova de corpo no Mangueirão. Acusado bebia quando foi preso

Redação integrada de O Liberal
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As várias versões trocadas entre o acusado e os familiares da vítima, após a prisão efetuada na manhã de hoje (4), e as revelações detalhadas pela Polícia Civil sobre a morte da adolescente Bianca Cunha da Silva, de 15 anos, estrangulada e morta na quarta-feira passada (30), no bairro Mangueirão, em Belém, chocam não apenas pela banalidade das motivações alegadas para o crime, mas também por uma inusitada sequência de omissões de pessoas que poderiam ter denunciado o assassinato cometido por Matheus Pinheiro dos Santos Teixeira às autoridades.

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Conforme confirmou esta segunda o delegado Eduardo Rollo, da Divisão de Homicídios, responsável pelo caso, as investigações apontam que pelo menos duas pessoas tiveram conhecimento do crime antes da desova: um taxista, que se negou a carregar o corpo quando soube do que se tratava a corrida, e depois o próprio proprietário do carrinho de mão, alugado a R$ 10 para que Matheus levasse Bianca, envolta em um lençol, até o local onde foi abandonada, à luz do dia. Veja o que disse o delegado:

"Matheus procurou um carrinho e mão e, com a ajuda da pessoa que lhe alugou esse carrinho de mão, colocou o corpo em cima e saiu pela rua", detalhou Eduardo Rollo, delegado

"Ele [o acusado Matheus Pinheiro] disse que primeiramente pediu que um taxista fosse à casa dele para carregar um entulho. Esse taxista, vendo que não se tratava de entulho, recusou fazer a corrida", detalhou o delegado Eduardo Rollo. "Posteriormente Matheus procurou um carrinho e mão, alugou esse carrinho de mão e, com a ajuda da pessoa que lhe alugou esse carrinho de mão, colocou o corpo em cima e saiu pela rua", confirmou o responsável pela investigação.

"Matheus disse que uma única senhora desconfiou [do transporte do corpo], mas ele seguiu andando normalmente pelas ruas. Ninguém o interpelou. Ninguém falou nada. Ele disse que ficou nervoso, mas seguiu até o local onde deixou o corpo", acrescentou o delegado.

image Eduardo Rollo: "Matheus seguiu andando normalmente pelas ruas. Ninguém o interpelou" (Caio Oliveira)

A chegada ao suspeito ocorreu apenas cinco dias depois da morte, e com o auxílio de imagens que circularam nas redes sociais, dois dias depois do assassinato. Elas mostravam que o suposto assassino Matheus Pinheiro dos Santos Teixeira carregou o corpo por várias ruas, durante a manhã, até o local de despejo de lixo e entulho onde deixou o cadáver da adolescente, em uma rua do conjunto Paulo Fonteles, no bairro do Mangueirão.

"Nada justifica, nada, o que ele fez com a nossa família, o que ele fez com a minha irmã", desabafa Marcus Cunha, irmão de Bianca

"Nada justifica, nada, o que ele fez com a nossa família, o que ele fez com a minha irmã", desabafou emocionado, o irmão mais velho de Bianca, Marcus Cunha, ao encontrara as autoridades logo após o anúncio da prisão.

Filha única, jovem faria aniversário mês que vem


Bianca era a única filha mulher e a caçula dos três filhos do casal Marcus Vinícius Santos da Silva, marceneiro, 45 anos, e Débora Cunha, manicure, 36. Os pais dela se separaram há 15 anos, logo após seu nascimento, mas ela mantinha boas relações com os dois. Bianca tinha atendimento médico especial. Diagnosticada com esquizofrenia, recebia atendimento psicológico em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) localizado na avenida Duque de Caxias, no bairro do Marco.

A menina faria 16 anos no dia 31 de dezembro deste ano. A mãe da Bianca, a manicure Débora Cunha, alternou, na Divisão de Homicídios, momentos de revolta, serenidade e desespero.

Dona Débora lembrou das dificuldades enfrentadas pela família, que é humilde, e dos sonhos que a filha não conseguiu realizar e que nunca mais poderá. "Ela sempre falava que o aniversário dela era o único que tinha fogos de artifício, que todos comemoravam...", recordou, comovida. "Essas datas nunca mais serão as mesmas, ano novo, aniversário, nunca mais", chorou. "O sonho da minha filha era ter uma festa de 15 anos e infelizmente eu não consegui dar isso para ela... eu não tive condições, eu sou apenas uma manicure. Não pude nem fazer um aniversário simples, eu não consegui... A minha filha era cheia de sonhos, alegria, tinha tanta coisa para ver ainda e agora nunca mais...".

"O sonho da minha filha era ter uma festa de 15 anos e infelizmente eu não consegui dar isso para ela", chorou Débora Cunha, mãe de Bianca

Débora Cunha espera por Justiça e diz que tudo que quer entender é o que motivou verdadeiramente o assassinato da adolescente. "Eu nem gostaria que ele fosse morto, como estão dizendo nas redes sociais que vão fazer. Eu sou Cristã, isso não me daria nenhum conforto. Mas eu quero que ele diga porque ele fez isso com a minha filha. A verdade. Isso que ele está dizendo é tudo mentira".

Bianca foi morta por estrangulamento e teve o corpo desovado no começo da tarde da quarta passada (30), em uma área de despejo de lixo e entulho situada na avenida Norte, no Conjunto Paulo Fonteles, no bairro do Mangueirão. A jovem foi achada por populares em posição fetal, enrolada em um lençol branco. 

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