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'É mentira: não temos apoio algum', diz mãe do bebê que teve cabeça arrancada em parto na Santa Casa

Pais acusaram falta de assistência, ao saírem de depoimento dado esta quinta à polícia, para a apuração do caso. Morte ocorreu dia 16, em Belém

João Paulo Jussara
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"Estão falando que a Santa Casa e o governo estão dando apoio pra nós. Isso é tudo mentira. Até agora, não recebemos apoio nenhum". O relato é de Daira Oliveira, 26 anos, mãe do bebê que morreu durante o parto no Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Pará, no último dia 16. Ela, o pai da criança, Roberto Lemos, e uma amiga da família que acompanhou o parto, prestaram depoimento à Polícia Civil, em Belém, na sede da Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data), na manhã desta quinta-feira (29).

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A família chegou ao local para prestar depoimento às 9h30. Daira foi a primeira a ser ouvida, e em seguida Roberto e a amiga. Por volta das 11h, os três foram liberados. Emocionada, a mãe da criança relatou que ainda está muito abalada desde que o fato aconteceu. "O que eles fizeram foi horrível. Eu nunca imaginei que iria passar por isso. Só eu sei o que eu estou passando", afirmou. Veja:

"Estão falando que a Santa Casa e o governo estão dando apoio pra nós. Isso é tudo mentira. Até agora, não recebemos apoio nenhum. Me sinto ruim. Espero por justiça", diz Daira Oliveira, mãe do bebê que morreu durante o parto na Santa Casa de Misericórdia do Pará

Segundo Daira, desde o momento do parto até agora, ela e o marido não receberam nenhum tipo de apoio da maternidade ou do próprio governo do Estado. "O único apoio que nós recebemos foi da nossa própria família", contou. "Nem a Santa Casa e nem o governo procuraram a gente. Eles estão dizendo que estão dando apoio pra família da criança, mas isso é mentira. O que eu quero é justiça pelo meu filho, porque o que eles fizeram foi muita maldade".

Daira contou ainda que o enxoval do bebê já estava pronto, e que ela e Roberto já haviam preparado tudo em casa para a chegada do filho. "A gente já tinha as coisas dele, tudo bonitinho. Só não estávamos esperando isso que eles fizeram com o meu filho", lamentou. Ela contou que escolheu a Santa Casa por ser uma referência no Estado, e por isso se dirigiu até este hospital ao ter sido identificado que o bebê tinha um problema no rim.

image Pai do bebê também foi à polícia: três dias de espera pelo corpo (Igor Mota/ O Liberal)

Entenda o caso


Na noite de sexta-feira (16), Daira Oliveira de Souza  chegou a Belém, vinda de Ourém, em avançado trabalho de parto. Recebida na Santa Casa de Misericórdia, ela passou por um procedimento indicado para a realização do parto natural, mas durante o trabalho a cabeça do feto foi arrancada, segundo o testemunho de Amanda Vieira, amiga da família que acompanhava o parto. “Uma (enfermeira) novinha puxou, puxou com força e a cabeça do bebê caiu no chão”, afirmou ela.  

O feto foi levado para o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, onde um exame cadavérico foi feito, antes da liberação do corpo, que ocorreu apenas no dia 19, três dias após a morte. Só então a criança pode ser enterrada pelos familiares, em Ourém. 

“O feto possuía várias malformações, o que ocasionou uma complicação obstétrica pouco frequente chamada distocia de ombro, na qual a cabeça fetal se exterioriza e o corpo não. Todas as manobras previstas na literatura científica foram realizadas com o intuito de despender o ombro fetal e assim liberar o restante do corpo do bebê. Mas a equipe não obteve sucesso com a realização do procedimento”, disse a Santa Casa de Misericórdia em nota divulgada  na noite de sábado (17), quando o ocorrido ganhou repercussão. O hospital, que lamentou o episódio, disse que todos os procedimentos previstos para casos como esse foram realizados. 

O governador Helder Barbalho chegou a se pronunciar sobre o caso através da sua conta no Twitter. Helder prestou condolências à família e informou que havia acionado a Polícia Civil para investigar o caso. o governador também disse nas redes sociais que havia determinado o afastamento imediato dos profissionais envolvidos no caso. "Pedi também a Polícia Civil do Pará que apure com rigor o ocorrido".

A Polícia Civil confirmou, após o episódio, que instaurou um inquérito que "corre em sigilo para investigar, junto com o Renato Chaves, as causas e os responsáveis, para eventuais punições sobre o caso”

A Fundação Santa Casa também disse que uma investigação interna foi instaurada para apurar as condutas técnicas adotadas durante o parto e investigar se houve erro da equipe envolvida no parto do bebê, “dentro do processo de avaliação de riscos e de cumprimento dos protocolos de segurança do paciente estabelecidos pelo hospital”. O hospital confirmou ainda que os profissionais - que não tiveram os nomes divulgados - foram afastados.

Santa Casa diz que não consegue contato com família


A redação integrada de O Liberal solicitou ao governo do Estado e à Santa Casa de Misericórdia notas comentando as afirmações da família, referentes à falta de apoio e assistência, após o episódio. 

Em comunicado, a Santa Casa de Misericórdia do Pará disse que "colocou à disposição da família todo o acompanhamento médico, ambulatorial e psicossocial disponível no hospital". A Santa Casa afirmou ainda que "após a alta médica da paciente foram feitas diversas tentativas de contato pelo número existente no cadastro feito na unidade, porém sem sucesso".

Segundo ainda afirmou a Santa Casa, "diante desta dificuldade, o Serviço Social da instituição comunicou a situação ao Serviço Social de Ourém, onde o casal reside na zona rural, se colocando mais uma vez à disposição para realizar o apoio necessário à família".

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