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Autor do cartaz do 'Facada Fest' vai prestar depoimento à Polícia Federal nesta quinta (02)

Além do artista Paulo Victor Magno, organizadores do evento também estão sendo investigados por supostos crimes contra a honra do presidente Jair Bolsonaro e de apologia ao homicídio

João Paulo Jussara
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O ilustrador paraense Paulo Victor Magno, autor do cartaz de divulgação do festival punk "Facada Fest", foi convocado pela Polícia Federal a prestar depoimento sobre o episódio, nesta quinta-feira (02), às 14h, na sede do órgão, em Belém. Além do artista, organizadores do evento também estão sendo investigados por supostos crimes contra a honra do presidente Jair Bolsonaro e de apologia ao homicídio.

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O polêmico cartaz traz a imagem de um palhaço com uma faixa presidencial empalado por um lápis. Após a divulgação da arte, figuras públicas, como o deputado federal Éder Mauro e os filhos do presidente da república, compartilharam a imagem nas redes, afirmando se tratar de uma "homenagem" ao atentado sofrido pelo então candidato a presidência, em 2018. Entretanto, segundo os organizadores, o festival existe desde 2016, portanto, antes do atentado.

Autor da ilustração, Paulo Victor Magno conta que não esperava que o cartaz fosse gerar a grande repercussão que gerou. Ele afirma que a arte como uma forma de crítica sempre existiu, e que não há, na imagem, nenhuma apologia ao crime de homicídio, nem mesmo uma representação direta do presidente Jair Bolsonaro. "Eu acho que o cartaz não incita a violência de nenhuma forma, tanto que você não vê sangue, você vê um boneco ali, e o que caracteriza a questão do governo é somente a presença da faixa presidencial, não tem nenhuma feição do presidente, nada", diz o artista.

Ele explica que o desenho representa uma crítica, onde o governo é representado pela figura do palhaço sendo "derrotado" pela educação, que seria representada pelo lápis. "Nesta época o ex-ministro da Educação, Vélez Rodríguez, estava promovendo um desmanche da educação, e isso estava em pauta. Houve, inclusive, passeatas e manifestações. Então foi pra simbolizar isso, o lápis é a educação vencendo a ignorância do governo em desfazer várias conquistas dessa área no Brasil", completa Magno.

O artista contou que, na manhã desta quarta-feira (01), recebeu a ligação de um delegado da Polícia Federal solicitando que ele comparecesse à sede do órgão no dia seguinte, às 14h. Inicialmente, ele iria prestar depoimento sozinho, porém, ao divulgar no facebook que havia sido intimado, recebeu o apoio de grupos de advogados antifascistas que se dispuseram a defendê-lo gratuitamente. Ele vai se reunir na manhã de quinta com dois advogados para obter as primeiras orientações.

Paulo Magno afima que está tranquilo pois, segundo ele, nenhum crime foi cometido. Mas lamenta que um artista tenha que prestar depoimentos à Polícia Federal por conta de uma obra crítica ao governo. "É bem triste que eu esteja passando por essa situação, que beira a censura. Já pensou se todo ilustrador, todo cartunista que fizer uma crítica ao presidente for chamado para depor? Isso é constrangedor, sua liberdade de expressão está sendo tirada. Quer dizer que a partir de agora temos que ter cuidado com as críticas?", questiona o artista. "É uma censura bem velada, mas bem escrachada ao mesmo tempo".

A reportagem solicitou nota à assessoria de imprensa da Polícia Federal e aguarda resposta.

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