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Sala de escola marajoara alaga e assessor diz que foi sabotagem

A escola municipal Padre José de Anchieta passou por uma reforma no ano passado. Diante de críticas à reforma e valor da obra, assessor especial da prefeitura acusou professores pelo alagamento

Victor Furtado
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Uma das salas da escola municipal Padre José de Anchieta, em São Sebastião da Boa Vista (arquipélago do Marajó), alagou neste final de semana. Foi por conta de uma forte chuva. A água passou pelo forro, estragando alguns móveis e materiais. A extensão total dos danos ainda não foi confirmada. Um professor fez um vídeo, mostrando o resultado da chuva, e publicou nas redes sociais digitais. Um assessor especial da prefeitura acusou o mesmo professor de provocar os estragos.

LEIA MAIS: MP ingressa com Ação Civil Pública para garantir reforma em escola

No vídeo, o professor Paulo Rodrigues mostra a sala, as cadeiras, carteiras e o teto. E lembra que a escola passou por uma reforma, no ano passado. Apesar de ele mencionar o valor de R$ 400 mil, o orçamento foi de cerca de R$ 320 mil. Essa reforma foi exigida, em ação civil pública, pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Foi ajuizada em maio de 2019. A Promotoria de Justiça de São Sebastião da Boa Vista considerou que havia risco à segurança dos estudantes e trabalhadores da unidade.

VEJA O VÍDEO

Entre os riscos identificados pelo MPPA, havia registro de acondicionamento inadequado dos alimentos da merenda escolar; problemas de higienização da copa e outros compartimentos; e salas mal-iluminadas. Ao final de uma audiência, do processo 0003024-37.2019.8.14.0056, um acordo foi firmado: imediata interdição das salas 03, 04, 05, 10, 11 e 12 para reformas. Os alunos foram remanejados, sem prejuízos aos calendários escolares.

A sala que alagou foi a 12, uma das reformadas. Por telefone, Rômulo Leal, que se identificou como assessor especial da Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista, afirmou que essa sala não estava incluída nas demandas do MPPA. E disse que tinha tomado conhecimento da denúncia, em vídeo, do professor Paulo Rodrigues (a quem se dirigiu pelo nome mesmo e apelido de "Paulinho"). Foi quando o acusou de sabotagem.

"Fizemos a reforma, no ano passado, por conta da ação civil pública, do Ministério Público. Fizemos reforço de laje, troca de piso e requalificação elétrica da escola. A ação não falava em cobertura da escola. Falava em estrutura de lajes", comentou o assessor especial da prefeitura de São Sebastião da Boa Vista.

image Professor Paulo Rodrigues mostrou como ficaram mesas, carteiras, o piso e materiais da escola, após as chuvas que invadiram a sala 12. (Reprodução / Naveneza Domarajo)

E então Rômulo continuou: "O professor, conhecido como Paulinho, fez a denúncia com mentiras. Ele mesmo pode ter jogado uma pedra lá no telhado. Ele é bem capaz disso. O telhado não estava com estrutura danificada. Essa sala, a 12, onde ocorreu o problema é do prédio novo, da gestão passada. Não teve problema em outras salas", alegou. Somente nesta terça-feira (14) é que os reparos foram feitos na escola.

Apesar de o assessor especial acusar o professor que fez a denúncia, a secretária municipal de Educação de São Sebastião da Boa Vista, Jacineth Pinheiro de Lima, comentou, por um aplicativo de mensagens, que telhas escorregam, "...o que é comum quando pássaros e gatos pisam nos telhados". Ela, em si, não fez outros comentários sobre o caso.

 

MPPA vai cobrar explicações à prefeitura sobre problema nos telhados

Em nota, o MPPA reforçou que a reforma da escola municipal Padre José de Anchieta ocorreu após ingresso de ACP, da promotora de Justiça de São Sebastião da Boa Vista, Patrícia Medrado Assmann, "...tendo em vista o risco de desabamento do telhado da referida escola".

"Em audiência realizada no ano de 2019, foi firmado acordo judicial em que a prefeitura se obrigava a realizar a reforma na escola após o devido procedimento licitatório. A reforma foi realizada e entregue ainda no ano de 2019", reconhecia o MPPA, em nota.

image Entre os riscos à segurança de estudantes e trabalhadores, identificados pelo MPPA, no ano passado, estavam problemas de higiene no armazenamento de alimentos. (MPPA / Divulgação)

Ainda na nota, a Promotoria de Justiça de São Sebastião da Boa Vista informou que soube do alagamento na escola, por conta da chuva do final de semana. A PJ oficiou a prefeitura, requerendo informações e providências sobre os fatos.

"Já foi encaminhado também pedido para o setor de engenharia, do Grupo de Apoio Técnico Interdisciplinar do Ministério Público, que realize inspeção especializada na escola e emissão de laudo, com o objetivo de verificar se houve má execução da obra realizada, bem como as possíveis causas do alagamento das salas", concluía a nota do MPPA.

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