Promotor vai abrir inquérito em Bragança

Justiça quer saber porque Prefeitura não tomou providências no caso

O Liberal
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O promotor de Justiça Bruno Beckembauer vai instaurar inquérito civil para apurar porque a prefeitura municipal de Bragança não tomou as providências para evitar que o Palacete Augusto Corrêa desabasse. O Ministério Público do Estado tomou conhecimento de que há um ofício do Corpo de Bombeiros datado de 2009, que alerta o município sobre o risco de desabamento do prédio. Ontem, Bruno Beckembauer já expediu ofício solicitando à prefeitura de Bragança que preste informações, no prazo de 48 horas, sobre o risco de comprometimento à estrutura do prédio do hospital das Clínicas de Bragança, bem como a razão pela qual não tomou as providências para a integridade do prédio que desabou. “Já fui comunicado pelo Corpo de Bombeiros que o local foi isolado e sobre o perigo de novo desmoronamento no local. Solicitei a corporação que me envie, no prazo de até 10 dias, a relação de todos os estabelecimentos comerciais e órgãos públicos que estejam com quaisquer tipos de pendências frente ao Corpo de Bombeiros”, destacou Beckembauer.

Peritos do Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves vistoriaram, na manhã de ontem, a área do palacete Augusto Corrêa, prédio histórico no centro de Bragança que desabou na segunda, 21, à noite. A prefeitura havia iniciado a retirada dos escombros da fachada, mas o serviço foi interrompido por recomendação dos peritos. O risco era que a trepidação provocada pela movimentação das máquinas comprometesse a estrutura que permanece de pé - incluindo a parede lateral que fica ao lado do Hospital das Clínicas de Bragança. 

Por causa da possibilidade de desabamento da parede, o hospital foi interditado e evacuado ainda na segunda. A proprietária, Glafira Braun, disse que recebeu o laudo de interdição pelo Corpo de Bombeiros e iniciou a retirada de pacientes ao meio-dia, horas antes do desabamento da fachada do Augusto Corrêa. Glafira também atualizou o número de pacientes que estavam em atendimento e precisaram ser transferidos ou liberados: foram 26. Oito deles foram transferidos para o hospital Santo Antônio Maria Zaccaria. Os demais receberam alta entre a noite de segunda e a manhã de terça. 

A suspensão do trabalho de retirada de escombros com máquinas pesadas, que havia sido iniciado na manhã de ontem, serve também para que elementos da fachada do edifício, que resistiram ao desabamento, possam ser preservados para uma eventual reconstrução, ou para servir de referência a esse trabalho. As recomendações foram feitas pelo perito criminal Eriko Nery, da unidade regional de Castanhal do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, diretamente aos representantes da Secretaria Municipal de Planejamento que estavam no local. 

“A gente chegou em um momento bem crítico, porque estavam tentando liberar o espaço usando as máquinas. Mas a primeira recomendação foi pela segurança, para não provocar mais vibrações aqui na frente. A segunda recomendação é fazer a amarração, que já deveria ter sido feita: o escoramento das paredes que estão soltas, especialmente a parede lateral que é do lado do hospital”, explica. “A Prefeitura de Bragança deve arrumar um outro local para que sejam levados os restos dos materiais desabados. Recomendei que fosse recolhido manualmente e se fosse levado para um local adequado onde possa ser classificado e preservado para, futuramente, ser utilizado na reconstrução do prédio. Tem muitas cerâmicas que são da época, que continuam preservadas, alguns elementos de fachada.”

Desde a noite de segunda-feira, quando o palacete Augusto Corrêa desabou, muitos moradores furaram o isolamento para recolher pedaços da fachada para guardar como recordação. Para evitar os furtos, uma equipe do Corpo de Bombeiros passou a ser mantida no local. 

ESCORAMENTO

Ainda segundo a avaliação dos peritos, o prédio do Hospital das Clínicas de Bragança, não foi comprometido com o desabamento e não apresenta riscos na estrutura. O hospital, que é referência no atendimento à saúde mental na região dos Caetés, deve ser liberado para voltar a funcionar assim que houver o escoramento da estrutura do palacete que se manteve. Uma empresa de Belém já está trabalhando nesta etapa. 

“O que estava abalado mesmo era a parte da frente (do palacete), que sofreu muito com infiltração. Foi por isso que desabou. Tem uma parte da fachada que estava com muita infiltração, porque recebia a chuva de frente. Já o hospital, na lateral, não teve abalo da estrutura”, confirma o  perito do CPC Castanhal Eriko Nery.

Inaugurado entre 1902 e 1903, o palacete Augusto Corrêa era considerado um dos principais edifícios do conjunto arquitetônico que forma o centro histórico da cidade de Bragança - do qual fazem parte também a igreja de São Benedito, o Museu Teatro da Marujada, o coreto e o prédio da Associação Comercial. O palacete foi desocupado em 2009 após uma interdição dos Bombeiros, em virtude de problemas no telhado da edificação. À época, o palacete era a sede da Prefeitura de Bragança. Um projeto de restauração do edifício estava em fase final de ajustes, para a liberação de recursos que já haviam sido destinados à obra por duas emendas parlamentares. 

No fim da noite de segunda-feira, 21, toda a fachada do edifício desmoronou, levando junto parte das paredes laterais, parte do primeiro piso do edifício e o telhado. 

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