Paraenses que vivem no Amapá comentam polêmica de ‘apropriação’ cultural: ‘briga desnecessária’

Assim como no Pará, o vídeo viralizado nas redes sociais repercutiu como meme no município macapaense.

Redação Integrada
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O vídeo da macapaense Juliana Campos acusando uma suposta apropriação do Pará sobre a cultura nortista viralizou em todas as redes sociais nas últimas semanas. No Tik Tok, plataforma que foi realizada a publicação, o conteúdo ultrapassou mais de 8 mil visualizações.

Citando como principal alvo de discussão o recente apagão de 22 dias que o Amapá sofreu após o incêndio em uma subestação de energia elétrica no estado, a estudante de medicina veterinária afirmou que os paraenses se projetam como “donos” da cultura nortista e, inviabilizam outras localidades do Norte.

De acordo com Juliana, não existe culinária, música ou cultura paraense, e sim, nortista, pois todas cultura presente na região Norte é unificada e que todos possuem características iguais. 

 

 

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A opinião da jovem causou polêmica entre os paraenses e os vizinhos do Amapá, além de ter movimentado as redes sociais, inundadas com dezenas de memes que fizeram a festa de muitos internautas. Por outro lado, também acendeu uma rixa entre os dois estados, especialmente dos amapaenses que se fixaram no Pará e dos paraenses que vivem no Amapá.

É o caso de Adriane Rego, que há sete anos trocou as terras paraenses pelos ares do Amapá. A servidora pública mudou-se para Macapá quando passou em um concurso público na área da educação. Mesmo no processo inicial de adaptação à cidade, considerada a etapa mais difícil para quem é recém-chegado, ela afirma ter sido muito bem recebida pelos amapaenses e nunca ter percebido nenhum tipo de preconceito ou “ranso” entre os estados.

Para Adriane, não há apropriação da cultura nortista por parte do Pará. Ela acredita que, apesar das duas localidades terem semelhanças nas gírias, expressões do cotidiano e até na culinária, é notório que ambas têm suas especificidades. 

“Eu já tive oportunidade de conhecer outras culturas nortistas. Nenhuma região é igual à outra, Amazonas é uma coisa, Roraima é outra, idem Amapá e Pará. É muito bom saber que existem espaços com características específicas e com as suas peculiaridades, isso deixa tudo mais legal de aprender e conviver”, afirma.

“É legal poder sair da sua cidade natal e ir para um lugar que guarda semelhanças com ela, isso torna as coisas mais fáceis. Encontrar uma cidade onde açaí, por exemplo, é tão bom quanto o do Pará é ótimo”, pontua a servidora.

Adriane conta que a repercussão do vídeo, motivo da polêmica entre os paraenses, não foi levada muito a sério no Amapá. Ela diz que não viu pessoas apoiando ou “levantando a bandeira que a moça discutiu”, o que só resultou mesmo na boa e esperada zoeira da web. 

“Eu acredito que a pessoa criou uma briga desnecessária. Nós deveríamos unir as nossas bandeiras. A região [Norte] é pouco observada, por mais que saibam que no Pará tem uma culinária diferente e artistas conhecidos, é muito comum que em outras partes do Brasil, como o Sul e o Sudeste, as pessoas pensem que do Tocantins para cima tudo nordeste”, diz, ressaltando o esterótipo normalmente atribuído aos nortistas. 

Adriane lembrou também o episódio do 'apagão' que deixou a população do Amapá 22 dias sem energia elétrica, ocasionado por uma sobrecarga no sistema que abastece a capital e algumas cidades do interior. O Pará foi um dos poucos estados, na visão dela, a ter “tomado as dores" do vizinho e iniciado uma verdadeira campanha de solidariedade que resultou no envio de vários suprimentos.

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 A administradora Elem Martins é paraense, mas mora há mais de cinco anos em Macapá. Ela diz que os amapaenses são tão receptivos quanto o povo do Pará, principalmente porque muitos belenenses e também paraenses de outras regiões se instalaram na cidade.

Paraenses que moram no Amapá comentam polêmica de ‘apropriação’ cultural: ‘Briga desnecessária’

“O respeito é a base que nós sempre temos que ter. Mais importante do que as culturas, é saber respeitar a cultura alheia e debater quando for necessário”, opina Elem sobre a polêmica do vídeo divulgado por Juliana. 

“A briga foi desnecessária, principalmente porque estamos passando por um momento complicado - a pandemia da covid-19. Mas, pelo menos, ajudou a aliviar a tensão, pois muitos memes engraçados foram criados por causa do vídeo”, acrescenta.

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