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Quando o amor vence: para eles, os afetos resistem, mesmo com uniões em queda na pandemia

O número de casamentos caiu 20% no Pará no primeiro ano de atenção ao coronavírus. Belém, lidera ranking, com 3.850 enlaces. Tirando Amazonas, todos os estados registraram quedas em uniões em cartórios

Eduardo Laviano
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A pandemia manteve muitas pessoas separadas por conta do distanciamento social, e, com isso, diversos casais acabaram terminando relacionamentos. Porém, não são raros os casos de pessoas que conheceram um amor ou até mesmo se casaram desde que a covid-19 começou a fazer parte do cotidiano paraense.

O número de casamentos caiu 20% no Pará no primeiro ano da pandemia. Foram apenas 23.070 registros matrimoniais. A capital, Belém, liderou o ranking, com 3.850 enlaces. Tirando o Amazonas, todos os estados brasileiros registraram quedas nos números de uniões oficializadas em cartórios.

Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, os cartórios brasileiros registraram 697.107 matrimônios, no mesmo período de 2019, foram registrados, 1.000.399 casamentos, o que representa uma queda de 30,3%.

Missão de fé


A missão de trocar alianças não é das mais fáceis considerando os tempos difíceis que a humanidade enfrenta, mas Artur e Patrícia Lira se uniram diante de um propósito: viver um casamento alicerçado pela fé. 

O casamento dos dois administradores é, na verdade, fruto de um daqueles reencontros inesperados que a vida proporciona. Vinte anos atrás, eles trabalharam juntos em uma agência dos correios na capital paraense. 

Eles compreendem que o matrimônio deles durante a pandemia não foi fruto de uma mera paixão, pois confiam no princípio bíblico de que os casais devem mais do que sentir paixão um pelo outro: devem amar.

"É maravilhoso ter a companhia do meu esposo. Eu digo que se eu soubesse que casar era tão bom, tinha casado antes. A pandemia tornou muitas coisas difíceis, distâncias foram criadas, rotinas mudadas, formatos e roteiros de relacionamentos foram alterados, mas acredito que muitos princípios foram mantidos, inclusive a ordem de Deus de que não é bom que o homem esteja só", diz Patrícia, citando o livro de Gênesis.

Artur é auxiliar administrativo e conta que o ofício de ambos acabou tornando o distanciamento menos dolorido para o casal, já que eles trabalhavam juntos. Ele conta que a vida menos agitada imposta pela pandemia fez ele amar ainda mais a mulher com quem, hoje, ele divide a vida.

"Descobri o que realmente é amar. Descobri que ela é uma mulher virtuosa, carinhosa, organizada, objetiva, que aceitou entrar no barco comigo  segurando na minha mão e Também na mão Deus , para enfrentarmos juntos as dificuldades até Jesus voltar.

Já Patrícia afirma que o isolamento social a fez conhecer um Artur que é "muito mais paciente do que ela", que além de trabalhador é muito generoso.

"Descobri com ele qual é o valor de um sonho alcançar, que no caminho pedras terão, o quanto que o mar da embarcação que entramos atravessará tempestades, mas que o nosso Deus estará segurando firme no leme do nosso barco", diz ela, que foi apresentada a Artur por uma 'irmã em Cristo', como ele gosta de dizer.

"É maravilhoso ter a companhia do meu esposo. Digo que se eu soubesse que casar era tão bom, tinha casado antes. A pandemia tornou muitas coisas difíceis, distâncias foram criadas, rotinas mudadas, formatos e roteiros de relacionamentos foram alterados, mas acredito que muitos princípios foram mantidos, inclusive a ordem de Deus, de que não é bom que o homem esteja só", diz Patrícia, citando o livro de Gênesis

image Patrícia e Artur: mobilização pelas redes sociais (Ivan Duarte / O Liberal)

Casar na pandemia: um desafio


Samara Moraes é pedagoga e também topou o desafio de casar durante a pandemia. O caminho que levou ela e o marido Mário Moraes ao altar foi um pouco mais turbulento.

De casamento marcado e com a festa dos sonhos marcada para o dia 29 de abril de 2020, Samara viu o vírus se espalhar pelo Brasil e, junto com ele, a incerteza sobre a possibilidade de selar o compromisso com Mário, de quem ela já estava noiva desde antes da pandemia.

"Casamos no civil, de maneira simples. Ligamos para ver se o cartório ia funcionar e estava aberto, mas com restrição de pessoas. Estavam lá somente eu, ele, padrinhos juiza [de paz] e fotógrafo. Até para pegar Uber nesse dia tivemos dificuldade", conta ela.

Ambos chegaram a ter um casamento religioso virtual, realizado pela igreja evangélica que frequentam.

Mario passava por um momento difícil, já que a saúde da mãe ficou debilitada após ela ter sido contaminada pela covid-19, o que a deixou com constantes picos de pressão. Um dia antes do casamento, ele passou o dia atrás de atendimento para ela. No dia do casamento, logo depois da assinatura dos papéis, ela passou mal de novo.

Para Samara, estar ao lado do marido diante das adversidades foi mais uma prova de o amor deles é verdadeiro.

"Quando a pessoa está passando por dificuldades, queremos ter pessoas ao nosso lado que nos entendam, segure na nossa mão e nos lance palavras positivas. Foi o que fiz. Abri mão do meu eu, parei de pensar em mim e passei a me colocar no lugar dele. Precisava ser forte e ele precisa ser forte pela mãe dele. Foi um cenário muito difícil. Hoje, graças a Deus, a mãe dele está bem", diz.

"Casamos no civil, de maneira simples. Ligamos para ver se o cartório ia funcionar e estava aberto, mas com restrição de pessoas. Estavam lá somente eu, ele, padrinhos juiza [de paz] e fotógrafo. Até para pegar Uber nesse dia tivemos dificuldade", conta a pedagoga Samara Moraes. Ambos chegaram a ter um casamento religioso virtual, realizado pela igreja que frequentam.

image Samara e Mario Moraes: casamento virtual e na igreja (acervo pessoal)

Dicas para manter união no olho do furacão


O marido de Samara reforçou ao longo da pandemia uma certeza da qual ele já estava convicto antes mesmo da pandemia: de que Samara é a pessoa certa. Segundo ele, os sucessivos lockdowns e decretos restritivos serviram para ambos estreitarem o afeto que sentem um pelo outro.

"Longe da correria do dia a dia, dos horários que não batem. A gente aproveitou  para passar mais tempo juntos, conversar mais. Saber ouvir o outro. Dar o braço a torcer, não se achar o certo sempre. a conversa, reconhecer erros e pedir perdão é primordial. É o que tem mantido a gente junto", aconselha ele, baseado na própria experiência.

"Longe da correria do dia a dia, dos horários que não batem. A gente aproveitou  para passar mais tempo juntos, conversar mais. Saber ouvir o outro. Dar o braço a torcer, não se achar o certo sempre. a conversa, reconhecer erros e pedir perdão é primordial. É o que tem mantido a gente junto", aconselha Mário Moraes

Samara também tem dicas para que o relacionamento siga saudável apesar de tantas horas juntos dentro de casa: "Procuramos fazer todos os dias as coisas que o outro gosta, descobrir os gostos de cada um. Malhamos junto em casas. A dica é procurar agradar o outro e buscar interesse pelo próximo", afirma.

No meio de tudo isso, ela se sente uma vitoriosa.

"Enquanto muitas pessoas estavam se separando porque passaram a conviver 24h, a gente quando brigava logo fazia as pazes. Não deixamos nenhum momento ruim prosperar no nosso relacionamento", conta ela, que estava comemorando um ano de casada no dia em que cedeu esta entrevista.

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