Na pandemia, é imprescindível buscar estratégias para cuidar da saúde mental

No Pará, campanha nacional “Janeiro Branco” traz como tema “Cuidar da Mente é Cuidar da Vida”

Cleide Magalhães
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A depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas no planeta. A ansiedade atinge 18,6 milhões de brasileiros. No caso do suicídio, são registrados cerca de 12 mil ocorrências por ano no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda de acordo com a OMS, a saúde mental é caracterizada por “um estado de bem-estar no qual uma pessoa realiza suas próprias habilidades, pode lidar com estresse normal da vida, trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir com sua comunidade”.

Deste modo, “a saúde mental é primordial para nossa habilidade coletiva e individual, pois as pessoas pensam, se emocionam, interagem entre si, ganham e desfrutam a vida. É um componente essencial para todo indivíduo”, completa a psicóloga Luzia Aquime, coordenadora do curso de Psicologia da Universidade da Amazônia.

Nesse contexto da pandemia da covid-19, ocasionada pelo novo coronavírus, que já completa dez meses em janeiro, o tema da saúde mental se torna ainda mais relevante, uma vez que ela foi extremamente abalada por diversas razões, ocasionando um estado de pânico social em nível global.

“A saúde mental foi muito abalada no mundo inteiro por questões como o rápido avanço da doença, o isolamento social, o excesso de informações disponíveis (algumas vezes discordantes), o não conhecimento real do vírus, tudo se tornou um ambiente favorável para alterações comportamentais impulsionadoras de adoecimento psicológico que geram graves consequências na saúde mental, como os sentimentos de angústia, insegurança, medo e ansiedade”, explica Luzia Aquime.

A doutora em Psicologia Hilma Khoury, que é delegada da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas no Pará, esclarece que saúde mental não é ausência de problemas. “Todo ser humano tem problemas e emoções perturbadoras do seu equilíbrio em algum momento em maior ou menor grau consigo mesmo ou com outras pessoas”.

Enfermeira toma cuidados para garantir a saúde da mente

Em meio à pandemia, a enfermeira e professora universitária Lidiane Vasconcelos, 38 anos, conta que toma diversos cuidados no cotidiano para garantir a saúde mental. “Nesse tempo tão difícil, busco a tecnologia ao meu favor e uso a internet para pesquisas da minha área e tento colocar em dia minhas atividades que estavam paradas devido à correria do dia a dia, como escrever artigos e fazer leituras. Além disso, faço atividades de artesanato como hobby, porque ajuda a tirar a tensão”, afirma.

No pico da pandemia, a enfermeira lembra que se dedicou à atividade voluntária de ações de saúde e trabalhou em campanhas de vacinação e testagem. Ela também tem cuidado com o excesso de informações que lê sobre a doença.

“Tento filtrar a maioria e estabeleci uma rotina diária com prática de relaxamento. No início, busquei ajuda profissional, que utiliza terapias alternativas de cuidado. Então conheci a meditação e a respiração terapêutica e consigo melhorar a ansiedade. Agora estou fazendo atividade física, já que engordei devido à ansiedade que tive no início da pandemia”, conta Lidiane Vasconcelos.

Estratégias

A psicóloga Aquime salienta que o isolamento social é uma medida importantíssima para a preservação da saúde física do indivíduo. No entanto, é preciso buscar estratégias de enfrentamento junto aos problemas, para minimizar o adoecimento emocional e, assim, manter a saúde mental.

“Ao longo da pandemia, a principal recomendação é que as pessoas compreendam as informações corretamente, para diminuir os excessos de estresse, ansiedade e depressão geradas por uma percepção inadequada. Pois, durante uma pandemia, o medo intensifica os níveis de estresse e ansiedade em pessoas saudáveis. E aumenta os sintomas daquelas com transtornos mentais pré-existentes”, enfatiza a psicóloga Luzia Aquime, que também é mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano.

A psicóloga Hilma Khoury frisa que, caso o grau de dificuldades para lidar com os problemas e com as emoções for grande, é necessário buscar ajuda com profissionais especializados, como psicólogo e psiquiatra. Porém, algumas estratégias podem ajudar.

“Nesse início de ano, quando muita gente faz planos de mudança, uma boa estratégia é focar em desempenho e não em resultados, e estabelecer metas para alcançar os objetivos. E colocar expectativas realistas e pequenas metas viáveis de serem alcançadas a cada dia, a cada semana. Outra dica é focar a vida mais no presente e não no passado ou no futuro”, orienta Khoury.

Mais uma dica importante das especialistas é seguir, com consciência, todos os protocolos colocados pelos órgãos da saúde como: o uso de máscaras, lavar as mãos e usar álcool em gel.

Pará abraça campanha brasileira “Janeiro Branco”

Por todas essas questões, neste mês de janeiro, acontece a campanha Janeiro Branco. O intuito da ação é chamar a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental. Este mês foi escolhido para tratar do tema por ser a época em que as pessoas estão mais dispostas a fazerem resoluções para as mais diversas áreas da vida.

No Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) atua na campanha Janeiro Branco com o tema “Cuidar da Mente é Cuidar da Vida”. A programação será realizada na segunda quinzena do mês. Ainda segundo a Sespa, a finalidade é sensibilizar a sociedade sobre a importância da promoção e proteção da saúde mental, além de informar a população sobre o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial.

“Ela (Rede) é aquela voltada ao cuidado de saúde das pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema único de Saúde (SUS)”, esclarece a Secretaria.

Como ainda não é possível realizar atividades presenciais com grande número de pessoas, por conta da aglomeração, o tema da campanha será abordado em duas lives destinadas exclusivamente a profissionais de saúde e palestras educativas para a comunidade durante as ações do Programa Territórios pela Paz (TerPaz).

A primeira live será no dia 22 de janeiro, às 10h, por meio do Google Meet, com o subtema “Depressão no contexto intra e extrafamiliar em tempos de pandemia da covid-19”. A segunda, no dia 29 de janeiro, às 10h, também pelo Google Meet, abordando o subtema “Saúde Mental e Trabalho”. Já as palestras para a comunidade ocorrerão nas escolas, abordando o mesmo subtema da primeira live.

No âmbito municipal, a Secretaria de Saúde (Sesma) informa que, em virtude do momento de pandemia, não haverá programação da campanha Janeiro Branco, havendo apenas atividades internas para os usuários dos serviços municipais. A Prefeitura informou, no entanto, que qualquer pessoa que necessitar de atendimento de saúde mental pode procurar os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para atendimento de demanda espontânea ou referenciado da atenção primária.

O atendimento é, prioritariamente, para pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, e pessoas com sofrimento ou transtorno mental em geral, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. O usuário é acolhido e matriculado, se for perfil de atendimento nestes centros especializados. A partir de então, deverá receber atendimento multiprofissional, incluindo médico, e de acordo com a avaliação da equipe, ter o seu Plano Terapêutico Singular (PTS).

Até novembro de 2020, foram 15.300 atendimentos em saúde mental na atenção primária, e 14.903 atendimentos na atenção especializada, totalizando mais de 30 mil atendimentos pela Prefeitura.

Veja algumas estratégias de enfrentamento para minimizar o adoecimento emocional e manter a saúde mental na pandemia:

- Compreender as informações sobre a covid-19 corretamente;

- Isso ajuda a diminuir os excessos de estresse, ansiedade e depressão geradas por uma percepção inadequada;

- Fazer planos de mudança, mas focando em desempenho e não em resultados;

- Estabelecer metas para alcançar os objetivos;

- Colocar expectativas realistas e pequenas metas viáveis de serem alcançadas a cada dia, a cada semana;

- Focar mais no presente e não no passado ou futuro;

- Se o grau de dificuldades para lidar com os problemas e as emoções for grande, é necessário buscar ajuda com profissionais especializados, como psicólogo e psiquiatra.

- Seguir, com consciência, todos os protocolos colocados pelos órgãos da saúde como: o uso de máscaras, lavar as mãos e usar álcool em gel.

Onde encontrar atendimento em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps):

1. Caps I – Infantojuvenil – Casa Mental da Criança e do Adolescente

Endereço: Av. Duque de Caxias, nº 945, entre Trav. Mauriti e Trav. Barão do Triunfo - Bairro do Marco. Fone: (91) 3236-0399

2.  Caps AD II – Casa Mental Álcool e outras Drogas;

Av. Governador José Malcher, nº 1457 - Bairro de Nazaré. Fone: (91) 3276-0890

3. Caps II Mosqueiro – Casa Mental do Mosqueiro

Francisco Xavier Cardoso, nº 1077 - Bairro do Maracajá. Fone: (91) 3771-1362

4. Caps III 24h – Casa Mental do Adulto

Trav. 3 de Maio, nº 1.125 - Bairro São Brás. Fone: (91) 3229-9678 / 3229-9678.

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