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Comunidade de Santa Izabel fecha PA-140 em manifestação contra buracos e assaltos

Esse é o segundo bloqueio em três meses. Moradores cobram providências

Dilson Pimentel
fonte

Moradores interditaram, na manhã desta quinta-feira (28), a PA-140, entre os municípios de Santa Izabel do Pará e Bujaru. O bloqueio começou pouco depois das 10 horas, perto do balneário Porto de Minas, no sentido Bujaru, e segue sem previsão de suspensão até que uma reunião seja agendada com a Secretaria de Estado de Transporte (Setran). A interdição é feita com pneus e restos de árvores aos quais os manifestantes atearam fogo. Uma van está atravessada na pista. Desde a manhã ninguém passa nesse trecho. Os manifestantes querem melhorias para a estrada, que tem muitos buracos. Por essa mesma razão, eles já haviam bloqueado essa rodovia estadual em agosto deste ano.

image Moradores cobram melhorias na via (Ary Souza)

A PA-140 é um importante rodovia do nordeste paraense. A rodovia começa em Santa Izabel do Pará e interliga os municípios de Santo Antônio do Tauá, São Caetano de Odivelas, Vigia de Nazaré, Bujaru e Concórdia do Pará. Com 214,7 quilômetros de extensão, a estrada foi construída há cerca de 20 anos.

"A situação da PA é desesperadora. Bandidos se aproveitam dos buracos. Param o veículo, roubam tudo, deixam homens e mulheres nus. Estamos jogados ao léu,  esquecidos. Situação caótica de um povo abandonado", disse o morador Carlos Ferreira. Segundo ele, a situação é mais crítica a partir do Porto de Minas até Jundiaí. Um trecho de mais ou menos 15 quilômetros, no sentido Bujaru. "Eles assaltam no horário dos ônibus e das vans. De hora em hora tem ônibus e vans passando. Eles intercalam os horários de assaltos., que podem ocorrer às 12h, 13h, 19h, 20h, ...", contou. A reportagem encontrou Carlos recolhendo pedras, à beira da rodovia, para tapar os buracos da pista.

"Levaram a minha moto há 40 dias. Foi às 19 horas, 19h30 no máximo. Fiquei nu, humilhado. Umas pessoas ficaram com pena e meu deram roupa pra eu vestir até eu chegar em casa", acrescentou ele, que é aposentado e tem 56 anos. "Não recuperei  a moto", afirmou.

É grande o fluxo de carretas, caminhões, ônibus, vans e veículos particulares na rodovia. Há buracos de todos os tamanhos. Motoristas precisam dirigir com muita atenção, sobretudo aqueles que não conhecem a estrada.

image Motoristas e moradores prometem manter bloqueio até reunião ocorrer na Setran  (Ary Souza)

Interdição continua até reunião acontecer 


Eles estão deixando passar veículos que transportam pessoas doentes. Esses veículos são liberados. PMs estão no local e conversam com os moradores. Uma comissão partiu às 13h para tentar articular uma reunião na Secretaria de Estado de Transporte (Setran), em Belém, às 15h desta quinta-feira.

"Houve uma reunião anterior (em agosto, quando a rodovia também foi interditada). E o governador falou que ia organizar isso aqui. Asfaltar e tal. Só que, até hoje, não foi resolvido nada. O senhor está vendo esse pedaço aqui (perto do local do protesto)? Tem mais de quatro meses os caras (da empresa) estão vindo aqui. Fazem uma recapagem e vão embora. Faz e refaz", diz Jorge Gentil, presidente da Associação de Condutores de Veículos Alternativos (vans e micro-ônibus).

"Do Jundiaí (comunidade) pra lá, antes do porto da balsa, no sentido Bujaru, não tem buraco. Tem verdadeiras crateras ao longo de uns cinco quilômetros. É um risco permanente de assalto, de acidente. Você quebra o carro, arrebenta tudo. Quer dizer: quem paga pra gente? Tem assalto 10 da manhã, duas da tarde, de noitinha. Normalmente, assaltam mais ônibus. Nós (da van) também somos assediados por bandidos aqui. Tem colegas que abandonaram a profissão porque não suportaram. É muito difícil trabalhar aqui. Não interessa a gente coibir a população (com o fechamento da rodovia). A gente sabe do direito de ir e vir. Mas nós também estamos empatados. Hoje, por exemplo, os colegas não estão trabalhando. E um dia que você para é um prejuízo".

image Polícia Militar acompanha o ato (Ary Souza)

Dona Maria Benedita Ferreira de Araújo, de 54 anos, saiu de Tomé-Açu para Belém. Ela tinha consulta no hospital Ophir Loyola às 14h desta quinta-feira. Mas o ônibus no qual viajava não pôde passar no bloqueio. Os passageiros tiveram que descer. Às 11h25, e sob o sol forte, ela estava preocupada, com medo de perder a consulta.

Na semana passada, ela já havia estado em Belém, mas o médico não pôde atendê-la ela e remarcou pra hoje. "Tenho um problema no pulmão", disse a senhora, que é dona de casa e que pagou 40 reais de passagem. "Não tenho condição de estar pagando passagem", afirmou. Uma mulher está acompanhando ela nessa viagem, pois dona Maria Benedita não tem condições de saúde de viajar sozinha. Ela afirmou que a consulta é importante para definir os próximos passos do seu tratamento. Logo em seguida, ela e sua acompanhante embarcaram em outro ônibus, mas da mesma empresa, com destino a Belém.

A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com a Setran para saber que providências estão sendo tomadas para a recuperação do trecho. O órgão informou que vem executando trabalhos de conservação da pista, enquanto corre o processo de licitação para as obras nos primeiros 38 quilômetros da rodovia, entre Bujaru e Santa Izabel. A Setran esclarece, ainda, que a licitação dos outros 30 quilômetros, que ligam Bujaru à Concórdia do Pará, está prevista apenas para o ano que vem. 

 

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