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Enchente recorde desalojou milhares em São Domingos do Capim

Mais de 5 mil pessoas foram afetadas diretamente pela força das águas grandes que invadiram todo o município

Dilson Pimentel
fonte

A combinação entre chuvas e marés deixou 43 famílias desabrigadas, em São Domingos do Capim, totalizando 252 pessoas. Quase 100 moradores, principalmente crianças, adoeceram, com diarreia, vômito e febre. Segundo a prefeitura, se forem incluídos os desalojados, os enfermos e outros que sofrem algum tipo de impacto, o número total de famílias atingidas é de 1.136, totalizando 5.682 pessoas. Das famílias alojadas no ginásio da cidade ou em casas de parentesmuitas já voltaram para seus lares. “Essa enchente foi cruel. A gente andava de canoa pelas ruas”, disse Adamor Pastana da Silva, aposentado de 64 anos, que reside no centro.

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A cheia começou às 11 da noite e ele teve de improvisar uma pontezinha para levar as crianças ao colégio. Adamor mora com a esposa, Neuzarina Guilherme, e os cinco filhos, com idades entre 15 e 28 anos. Uma semana depois da enchente, a rua ainda permanecia alagada. Ele não quis ir para o ginásio, com medo de roubos.

O servente de pedreiro Joelson do Socorro Coutinho Queiroz, de 26 anos, que mora há dois anos no bairro, com a mulher e dois filhos, disse que foi um susto. “Entrou uma cobra, que eu matei”, lembrou. A área não tem saneamento básico e é cercada de mato. As águas danificaram a geladeira.

A dona de casa Jucilene Nazaré Batista dos Santos, de 28 anos, disse que perdeu muitas roupas. “Os móveis estão destruídos”, contou ela, que se abrigou no ginásio, onde ficou uma semana, com os quatro filhos. “A gente começou a sair deixando tudo, abandonando a casa”, acrescentou.

Jucilene já soube que pode haver mais maré alta em abril. Com a notícia de um botijão e de uma geladeira roubados, ela não pretende mais ir para o ginásio. Maria Raimunda Ferreira dos Anjos, lavradora de 50 anos, que mora há mais de cinco anos na Rua Veiga Cabral, confirmou que cheia como essa nunca tinha acontecido. “Quando eu vi, era o pessoal gritando, que era pra todo mundo acordar, que estava alagado”, disse.

A filha mais nova de Maria tem sete anos e a neta, 3. Ela diz que passou mal, junto com a filha e que um bicho deu-lhe uma ferroada durante a enchente, sem que ela saiba o que era. Maria preferiu ir para a casa da filha, de onde retornou na terçafeira.

A lavradora Maria Benedita Tavares Nascimento, de 64 anos, não quis sair do bairro. “Eu não saí de casa porque fico com medo de roubarem”, contou. Sua mãe, Maria Carmosa, tem 93 anos. Ela diz que sua casa entortou com a força da água. Na última quarta-feira, muita gente já havia voltado para casa, em um caminhão do Corpo de Bombeiros, mas algumas permaneciam no ginásio, no qual continuariam, uma vez que a estrutura de suas casas está comprometida. É o caso de Creuza Maria dos Santos dos Reis, de 37 anos. “Estou aqui desde quinta-feira. Moro na Nona rua. Minha casa ficou destruída. Já era velha, feita de madeira de segunda. A força da água subiu, arrancou as tábuas do assoalho e a sujeira entrou para dentro de casa. Não tenho como voltar”, disse a dona de casa, que reside com o marido e quatro filhos. “Moro lá há 20 anos, nunca tinha acontecido isso. Achei incrível. Durante a gente morar lá já tinha enchido, mas não tanto pra invadir a casa e ficar daquela altura que ficou. Ficar no ginásio é estranho, a gente não fica confortável. Na casa da gente, a gente tem conforto”.

Creuza aguarda que lhe consigam uma casa provisória até aprontar a sua. “Não dá pra ficar aqui”, afirmou.

O prefeito Paulo Elson da Silva e Silva disse que, além das casas, a chuva forte destruiu estrada, pontes, tubulações e asfalto no município. Segundo ele, algumas famílias não têm como voltar para suas casas, porque foram destruídas e a solução seria o Estado ajudar com aluguéis sociais.

O problema nunca tinha ocorrido no município, que tem 32 mil habitantes. Uma equipe técnica da Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) realizou atendimento com os órgãos municipais e federais em São Domingos e também em Paragominas, de modo a viabilizar o benefício de um salário mínimo durante três meses aos afetados que não têm condições de arcar com o enfrentamento de situações adversas como vulnerabilidade temporária e estado de calamidade pública.

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