Trump nega ter escrito carta a Epstein, mas fracassa em se distanciar do caso
A carta, publicada pelo Wall Street Journal na noite de quinta-feira, 17, teria sido enviada por Trump no aniversário de 50 anos de Epstein, em 2003. Os dois eram amigos. Na mensagem, há um esboço feito com caneta preta, retratando uma mulher nua, com destaque para os seios e a assinatura "Donald" na região pubiana.

A divulgação de uma suposta carta de Donald Trump para Jeffrey Epstein, bilionário que morreu na prisão em 2019, cumprindo pena por crimes sexuais, colocou a Casa Branca na defensiva e ampliou a pressão para que o governo libere todos os arquivos sobre o caso. O presidente negou a autoria do bilhete e prometeu processar o Wall Street Journal, que publicou a mensagem, e seu dono, Rupert Murdoch, que controla vários veículos da mídia conservadora americana, incluindo a emissora Fox News.
A carta, publicada pelo Wall Street Journal na noite de quinta-feira, 17, teria sido enviada por Trump no aniversário de 50 anos de Epstein, em 2003. Os dois eram amigos. Na mensagem, há um esboço feito com caneta preta, retratando uma mulher nua, com destaque para os seios e a assinatura "Donald" na região pubiana.
Aniversário
O texto é recheado de mimos: "Temos certas coisas em comum, Jeffrey". De acordo com o jornal, a carta fazia parte de uma compilação de felicitações de aniversário elaborada pela namorada de Epstein, Ghislaine Maxwell. Condenada em 2021 por ajudar o bilionário pedófilo a fazer tráfico sexual de crianças, Maxwell foi sentenciada a 20 anos de prisão.
Ao final da carta, ainda de acordo com a descrição do Wall Street Journal, Trump escreveu: "Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário - e que cada dia seja um novo segredo maravilhoso."
A reação do presidente à divulgação foi furiosa. Ele negou ser autor do conteúdo, que chamou de "farsa". "Se havia uma evidência me envolvendo com Epstein, por que os democratas, que controlaram os 'arquivos' por quatro anos e tinham Garland (Merrick Garland, secretário de Justiça de Joe Biden) e Comey (James Comey, ex-diretor do FBI) no comando, não a usaram? Porque eles não tinham nada!", escreveu Trump em uma postagem na sua rede social.
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Críticas
Mais preocupante parece ter sido o afastamento entre a Casa Branca e o maior magnata da mídia conservadora. "Eu disse a Rupert Murdoch que era tudo uma farsa, que ele não devia publicar esta história falsa. Mas ele publicou, e agora vou processá-lo e processar o seu jornal de terceira categoria", disparou o presidente, também nas redes sociais.
Trump parece ter se tornado vítima de uma história que ele mesmo promoveu. Mesmo antes de se lançar candidato pela segunda vez, o republicano prometia revelar todos os mistérios do Caso Epstein, um dos maiores escândalos da história recente dos EUA.
Durante a campanha, Trump endossou diversas teorias da conspiração, como a de que Epstein não teria se suicidado na cadeia, mas sido assassinado em sua cela, para não revelar os clientes de sua rede de tráfico sexual, que envolveria celebridades e políticos, especialmente democratas.
A história passou a ser a teoria da conspiração preferida da base mais fiel de eleitores do presidente republicano. Por isso, foi com espanto e revolta que muitos reagiram ao anúncio da secretária de Justiça, Pam Bondi, na semana passada, de que não havia uma lista de clientes, nem arquivos secretos.
Arquivos
Ontem, alguns apoiadores de Trump, descontentes com a forma como o governo tem lidado com o caso, postaram vídeos em que aparecem queimando seus bonés do movimento "Maga" - sigla do slogan "Make America Great Again" - Faça a América Grande de novo).
Em seguida, o presidente, que na quinta-feira, 17, havia chamado seus seguidores de "fracos" por acreditarem em uma "farsa", autorizou o Departamento de Justiça a divulgar parte dos documentos relacionados à investigação de tráfico sexual do Caso Epstein.
Bondi, sua secretária de Justiça, prometeu entrar com um pedido para liberar arquivos do julgamento de Epstein. Ela fez o requerimento para obter as transcrições, mas cabe ao tribunal decidir, porque há alto sigilo sobre o material para proteger as vítimas de crimes e as testemunhas.
Menos claro ainda é se a medida vai acalmar a base trumpista, já que o pedido fica muito aquém das exigências dos deputados republicanos, de tornar públicos todos os arquivos coletados pelo Departamento de Justiça e pelo FBI.
Modo pânico
Enquanto isso, assessores de Trump relatam a jornalistas americanos, confidencialmente, que a Casa Branca está em pânico, sem saber como fazer o caso desaparecer.
Nos últimos meses, dezenas de agentes do FBI e promotores do Departamento de Justiça foram desviados de outras atribuições para revisar milhares de documentos e um vasto acervo de vídeos, incluindo imagens de câmeras de segurança da prisão, na tentativa de encontrar alguma coisa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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