Procurador ignora apuração acirrada no Peru e pede prisão de Keiko Fujimori

Keiko é investigada por receber dinheiro ilegal da construtora brasileira Odebrecht para as campanhas de 2011 e 2016, mas nega acusações

Agência Estado

Na reta final da apuração no Peru, e com o resultado do segundo turno da eleição presidencial ainda em aberto, José Domingo Pérez, procurador da equipe especial da Lava Jato peruana, pediu ontem a prisão preventiva da candidata Keiko Fujimori, sob acusação de ter se reunido indevidamente com uma testemunha do caso Odebrecht.

Pérez pediu à Quarta Vara do Crime Organizado "que seja revogado o comparecimento com restrições (liberdade condicional) e seja emitida a prisão preventiva contra a candidata Keiko Fujimori Higuchi", que disputa a presidência do Peru contra o candidato de esquerda Pedro Castillo - desde segunda-feira, ele mantém uma leve vantagem na contagem dos votos.

"Determinou-se novamente que a acusada, Fujimori Higuchi, cumpra a determinação de não se comunicar com testemunhas. E se tornou público e notório que ela se comunica com a testemunha Miguel Torres Morales", afirmou o procurador.

Na entrevista coletiva que Keiko concedeu na quarta-feira, quando anunciou que pediria a revisão de 802 atas de votação - o que representa cerca de 200 mil votos -, a candidata do partido Força Popular apareceu ao lado de Miguel Torres Morales, que é testemunha de acusação no caso Odebrecht e, segundo Pérez, prestou depoimento em setembro de 2020, na presença da advogada de Keiko, Giulliana Loza.

Segundo pessoas próximas à campanha de Keiko disseram ao Estadão, Torres Morales se tornou um porta-voz da campanha desde que ela passou para o segundo turno e a acompanhou em diversos atos políticos. Ex-congressista, Torres Morales é amigo de Keiko há anos e diz que apenas tratou de temas de campanha com a candidata conservadora.

Keiko é investigada por receber dinheiro ilegal da construtora brasileira Odebrecht para as campanhas de 2011 e 2016, mas nega as acusações. Como não foi condenada, Keiko teve sinal verde para se candidatar à presidência.

Em março, Pérez pediu uma pena de 30 anos e 10 meses de prisão para Keiko pelos delitos de lavagem de dinheiro, crime organizado, obstrução de justiça e declaração falsa em processo administrativo. Se não vencer as eleições, Keiko pode ser julgada. Caso vença, seu processo será suspenso até que ela deixe o cargo.

Filha do ex-ditador Alberto Fujimori, Keiko ficou em prisão preventiva por 1 ano e 4 meses, em 2020. Agora, o juiz Víctor Zúñiga Urday deve convocar uma audiência para ouvir os argumentos do procurador e da defesa de Keiko, mas ainda não há data definida.

Ontem, a apuração entrou na reta final. Castillo se mantém à frente, com uma pequena vantagem. Com 99% das urnas apuradas, o esquerdista tem 50,2% dos votos e Keiko, 49,8%. A diferença entre os dois candidatos é de 70 mil votos.

Ao pedir a anulação de 200 mil votos, a campanha de Keiko alegou irregularidades e indícios de fraude. A própria candidata havia declarado, no começo da semana, que teria vídeos para provar as acusações. No entanto, observadores internacionais até agora dizem que o processo eleitoral ocorreu normalmente.

Na quarta-feira, Castillo falou em vitória e recebeu uma série de congratulações ao longo do dia de muitos líderes, ativistas e chefes de governo, principalmente de aliados, como o ex-presidente boliviano Evo Morales.

Ontem, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, postou uma mensagem de parabéns pela vitória de Castillo. "Hoje conversei com Pedro Castillo, presidente eleito do Peru. Expressei a ele meu desejo de unirmos forças em favor da América Latina. Somos nações profundamente irmãs", escreveu Fernández no Twitter.

Na quarta-feira, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, lamentou a vitória de Castillo. "Perdemos agora o Peru", disse Bolsonaro durante discurso em Anápolis (GO). "Só um milagre para reverter, vai reassumir um cara do Foro de São Paulo." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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