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Morre José 'Pepe' Mujica, aos 89 anos, deixando legado de humildade e justiça social

Ícone global da política humanista, ex-mandatário uruguaio ficou conhecido por sua austeridade, reformas progressistas e discurso em defesa dos mais vulneráveis

O Liberal

José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, ex-presidente do Uruguai e ícone global da simplicidade e da política humanista, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em sua modesta fazenda nos arredores de Montevidéu. Nascido em 20 de maio de 1935, Mujica construiu uma trajetória marcada pela militância revolucionária, longos anos de prisão sob a ditadura militar uruguaia e uma presidência (2010–2015) que transformou o país em um laboratório de políticas progressistas, incluindo a legalização do casamento igualitário, do aborto e de uma regulação pioneira da cannabis. Conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”, ele doou cerca de 90% de seu salário a causas sociais e manteve um estilo de vida austero até os últimos dias.

Vida e carreira

Juventude e Tupamaros

José Mujica nasceu em Montevidéu em 20 de maio de 1935, filho de agricultores de origem italiana. Nos anos 1960, ingressou nos Tupamaros, grupo guerrilheiro urbano que lutava contra as desigualdades sociais no Uruguai. Em 1970, foi gravemente ferido em um tiroteio com a polícia e, posteriormente, passou 14 anos preso e torturado pela ditadura militar (1973–1985), incluindo longos períodos de isolamento.

Carreira política e prisão

Após a redemocratização, Mujica e outros ex-guerrilheiros integraram a coalizão de esquerda Frente Ampla. Elegeu-se deputado em 1994 e senador em 2000. Em 2005, foi nomeado Ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca no governo de Tabaré Vázquez, experiência que reforçou sua reputação de político próximo ao povo e defensor de políticas sociais.

Presidência (2010–2015)

Eleito presidente em novembro de 2009, assumiu em 1º de março de 2010. Sua gestão foi marcada por reformas sociais de grande impacto:

  • Legalização da cannabis: em junho de 2012, aprovou a venda estatal de maconha para combater o tráfico e promover a saúde pública.
  • Casamento igualitário: sancionou a lei que permitiu união civil entre pessoas do mesmo sexo, colocando o Uruguai na vanguarda dos direitos LGBT na América
  • Latina.
  • Aborto legal: em outubro de 2012, tornou legal o aborto até a 12ª semana de gestação sob protocolos de segurança para as mulheres.
  • Políticas sociais e econômicas: ajudou a reduziu a pobreza de 18% para menos de 10% e manteve a taxa de desemprego em torno de 7%.

Mujica também ganhou destaque internacional por discursos veementes contra o consumismo e em defesa do meio ambiente, como fez na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2013. Seu estilo austero — recusou o palácio presidencial, viveu em sua pequena chácara e dirigiu seu Fusca velho — rendeu-lhe o título de “presidente mais pobre do mundo”.

Legado e conquistas

Ao deixar a presidência em 1º de março de 2015, Mujica deixou o país com uma economia saudável e avanços sociais que entraram para a história regional. Após o mandato, atuou como senador até 2020, quando se afastou oficialmente da política para se dedicar à sua fazenda e à vida simples. Sempre foi saudado como “filósofo dos pobres” e figura de referência para movimentos progressistas em todo o mundo.

Batalha contra a doença

Em 2023, aos 88 anos, foi revelado que Mujica enfrentava câncer de esôfago. Optou por interromper tratamentos médicos mais invasivos e passar seus últimos dias em privacidade na fazenda, onde manteve reflexões sobre democracia, meio ambiente e justiça social.

Reações e homenagens

A morte de Mujica provocou ampla comoção no Uruguai e no exterior. Líderes latino-americanos destacaram seu legado de austeridade e solidariedade; movimentos sociais relembraram sua capacidade de conciliar idealismo e pragmatismo; intelectuais celebraram seus discursos éticos e sua defesa dos menos favorecidos. Em Montevidéu, o governo decretou três dias de luto oficial e organizou cerimônias públicas para celebrar a trajetória do “presidente camponês” que mudou para sempre a política latino-americana.

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