Gravidez de mulher deficiente vira caso de justiça na Inglaterra

A Igreja Católica no Reino Unido elogiou uma sentença que impede o aborto forçado de uma mulher com deficiência solicitado pelos médicos que a tratam, e contra o qual estavam tanto a própria grávida como a mãe dela. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (25), o bispo auxiliar da diocese de Westminster (Londres), John Sherrington, elogiou a decisão da Corte de Apelações, que ontem revogou uma sentença anterior que autorizava o aborto.

A sentença anulada pela Corte de Apelações foi ditada no último dia 21 pela juíza Nathalie Lieven, de outro tribunal, que, após ouvir as partes, concluiu que o aborto - na 22ª semana da gravidez - era o melhor para a jovem. A grávida, de pouco mais de 20 anos, é de origem nigeriana e católica, assim como sua mãe, que apresentou o requerimento à Justiça. Contudo, tem a capacidade intelectual de um criança de entre seis e nove anos e problemas de saúde mental.

Por conta disso, os médicos e psiquiatras que a tratam defenderam que seu estado de saúde poderia piorar com a gestação e seu comportamento seria um risco para o bebê. Além disso, alegaram que o recém-nascido poderia ter de ser entregue aos serviços sociais, o que teria maior impacto emocional na jovem do que um aborto feito dentro do prazo de 24 semanas permitidas pela lei. Mas a mãe se opôs à interrupção da gestação e se ofereceu para cuidar da criança.

O caso suscitou polêmica entre a comunidade católica britânica. Além disso, mais de 70 mil pessoas assinaram um pedido pela internet iniciado em 22 de junho pela organização contra o aborto "Right to Life", que solicitava a intervenção do ministro da Saúde, Matt Hancock. No Reino Unido, a confissão dominante é a anglicana, da qual a rainha Elizabeth 2ª é líder da igreja, enquanto a fé católica é minoritária, com pouco mais de quatro milhões de crentes registrados em 2010, cerca de 8% da população.