Espancadas e abusadas, mulheres do Sudão mostram marcas da luta pela liberdade

Vítima, e agora ativista, ainda tem curativos nos ferimentos por agressão

Reuters
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Após seis anos no exterior, Khadija Saleh voltou ao Sudão em março e se uniu a manifestantes que foram às ruas pedir mudanças.

Ela participava de uma ocupação perto do Ministério da Defesa, em Cartum, no dia 3 de junho quando as forças de segurança atacaram. A área havia se tornado local de protestos contra o governo.

Saleh, de 41 anos, disse que foi espancada com porretes, e ainda usa curativos nos ferimentos. "Voltei de um lugar seguro porque quero um futuro melhor para este país", disse.

As mulheres deram grande ímpeto aos meses de protestos contra os 30 anos de comando do presidente Omar al-Bashir antes de ele ser substituído por um conselho militar em abril.

Mas os protestos não pararam, já que os manifestantes exigem que os militares entreguem o poder rapidamente aos civis, o que provocou um impasse e depois uma repressão.

Nahid Gabralla, ativista de 53 anos, disse ter sido espancada e ameaçada de estupro durante a operação de 3 de junho.

"O Sudão pode ser melhor", disse. "Minha filha merece viver em um país bom... lutaremos por um Sudão democrático, mudanças reais e por nossos direitos".

Médicos do Human Rights, grupo sediado nos Estados Unidos que investiga violações de direitos humanos, citou médicos locais segundo os quais mulheres foram despidas à força e estupradas, embora seja difícil quantificar a violência sexual.

Ativistas femininas locais, citando diversos depoimentos de testemunhas oculares, disseram que soldados exibiram roupas íntimas de mulheres em varas para indicar que elas haviam sido agredidas sexualmente.

"Eles sabem que, se humilharem as mulheres, humilharão todo o povo", disse Hadia Hasaballah, ativista de 42 anos. "Nenhuma das mulheres sudanesas dirá oficialmente que foi estuprada por causa do estigma".

Não foi possível para a Reuters verificar os relatos de estupro de maneira independente. Tampouco foi possível contatar um porta-voz do conselho militar para obter comentários. O conselho já havia negado a ocorrência de estupros.

O chefe da Comissão de Direitos Humanos do Sudão, que é indicado pela Presidência, disse que a entidade iniciou uma investigação sobre violações cometidas durante e após a dispersão da ocupação, que criticou, sem dar detalhes.

Sob o governo de Bashir, as vidas das mulheres eram controladas rigidamente pelos homens. As leis de moralidade permitiam que uma mulher fosse presa por vestir calças.

Na semana passada, apesar da violência, os comandantes militares e uma coalizão de grupos de oposição e de protesto concordaram em dividir o poder durante três anos antes de realizar eleições.

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