'Como posso oferecer provas para algo que não há evidências', diz virologista chinesa

A teoria de que o novo coronavírus pode ter saído do laboratório em que ela atuava tem ganhado força

O Liberal

O jornal The New York Times publicou nesta segunda-feira (14) reportagem com entrevista com a virologista chinesa Shi Zhengli, que coordena o Instituto de Virologia de Wuhan, na China, cidade onde foram registrados os primeiros casos de Covid-19. A teoria de que o novo coronavírus pode ter saído do laboratório em que ela atuava tem ganhado força, meses após a hipótese ter sido descartada. 

A versão agora compete com a tese de que os primeiros casos de contaminação ocorreram após contato entre humanos e animais infectados. Nesta semana, o G7 – grupo dos sete países mais ricos do mundo – reforçou a cobrança internacional para que a China coopere com novas investigações acerca da origem da Covid-19. 
"Como é que posso oferecer provas para algo em que não há evidências", disse, respondendo ao jornal americano. "Não sei como é que o mundo chegou a isto, despejando constantemente acusações sujas sobre um cientista inocente", escreveu ela, em resposta por email ao jornal. 

Ao New York Times, Zhengli argumentou que as suas experiências não tinham como objetivo tornar o vírus mais perigoso, mas sim compreender como ele poderia saltar através das espécies. "O meu laboratório nunca conduziu ou cooperou com a realização de experiências que aumentem a virulência dos vírus", disse ela.

Questionada, também negou a informação de que, segundo a teoria da fuga do vírus de laboratório (conhecida como LabLeak Theory), ao menos três funcionários da equipe do Instituto de Virologia de Wuhan procuraram tratamento em um hospital local em novembro de 2019, com sintomas semelhantes da Covid-19 e antes dos relatos dos primeiros casos da doença que se tornaria uma pandemia. “O Instituto de Virologia de Wuhan não se deparou com tais casos", escreveu ela. "Se possível, poderia fornecer os nomes dos três para nos ajudar a verificar?", questionou a pesquisadora. Ainda sobre as origens da Covid-19, a pesquisadora afirmou que "tenho a certeza de que não fiz nada de errado", escreveu. "Por isso, não tenho nada a temer", disse. 

Sobre a crítica acerca da falta de transparência da China em compartilhar os registros médicos dos funcionários e do laboratório sobre as experiências realizadas, Zhengli disse que o instituto sempre esteve aberto para a comunidade científica. "Isto já não é uma questão de ciência", disse. "É uma especulação enraizada na desconfiança total".

O Instituto de Virologia de Wuhan emprega quase 300 pessoas e é um dos dois laboratórios chineses classificados com a designação de segurança mais elevada do país. Shi lidera o trabalho do instituto sobre doenças infecciosas emergentes, e ao longo dos anos, o seu grupo já recolheu mais de 10.000 amostras de morcegos de toda a China.
Zhengli possui doutorado pela Universidade de Montpellier (França) e começou a estudar morcegos em 2004, após o surto de síndrome respiratória aguda grave, que matou mais de 700 pessoas em todo o mundo. Em 2011, a pesquisa avançou com estudo sobre morcegos de uma caverna no sudoeste da China que possuíam coronavírus, semelhantes ao vírus que causa a SRA.

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