Assista: equipe paraense de dança em cadeira de rodas conquista vaga no Mundial na Coreia do Sul

A equipe de O Liberal conheceu de perto a história da Companhia do Nosso Jeito

Andre Gomes / O Liberal

"A dança para mim é libertação. É o momento que o preconceito bate na porta, mas não entra". O relato do paratleta paraense Elielson Silva é apenas uma prova que quando o esporte e o direito à vida se unem, a junção abre espaço para transformar pessoas. E é promovendo esta mudança que a Companhia do Nosso Jeito, equipe de dança esportiva em cadeira de rodas de Belém, fundada pelo próprio Elielson, tem conquistado o seu espaço no cenário esportivo mundial.

Entre os dias 4 e 6 de junho, o time formado por 10 dançarinos, homens e mulheres, conquistaram o terceiro lugar na Copa do Mundo, disputada em Gênova, na Itália. Foram sete medalhas no total (duas de prata e cinco de bronze), em uma disputa contra 82 bailarinos de outros seis países. Com o feito, a equipe garantiu uma vaga no Mundial, que será disputado em novembro, na cidade de Ulsan, na Coréia do Sul.

Tão importante quanto os resultados da Companhia, é a promoção da dignidade humana, um dos fundamentos do Estado democrático de direito, da Constituição Federal. E a equipe de O Liberal foi conhecer de perto o grupo, que se prepara no Espaço Curro Velho para brilhar e levar a cultura paraense para palcos do mundo.

image Cleyton Bentes (à esq.) foi dançarino em diversas bandas, como a Fruto Sensual (Sidney Oliveira / O Liberal)

Expandindo o tecnobrega

Uma das histórias que tomou outro rumo, mas não se desviou da dança, foi a de Cleyton Bentes. O paratleta contou que passou mais de 10 anos dançando por diversas bandas, até que Cleyton sofreu um acidente de carro, enquanto viajava para um show. Como resultado, uma lesão na medula fez com que o dançarino se tornasse usuário de cadeira de rodas.

"Muita gente achava que eu ia desistir da vida. No início, eu não aceitava muito bem. Até que num dos shows de uma banda que passei, encontrei um anjo, que é o fundador da Companhia, o Elielson. Ele me tirou do fundo do poço para voltar a fazer o que eu mais gostava", revelou.

Após mais de uma década, Cleyton não apenas continua vivendo o sonho da dança, como coleciona agora conquistas na modalidade. Aliás, Cleyton e sua parceira, Tayane Santana, fizeram uma apresentação ao som da música Príncipe Negro é um Show, da banda de tecnobrega Fruto Sensual, da qual o paratleta foi integrante.

"[A apresentação] foi com a música de uma das bandas que trabalhei, a Fruto Sensual. Nós conquistamos este segundo lugar. Só tenho gratidão à Tayane, que foi peça fundamental para que isso acontecesse. Foi muito especial", concluiu Cleyton.

image Elielson (à esq.) fundou o grupo que conquistou a vaga para o Mundial (Sidney Oliveira / O Liberal)

Dando a volta por cima e sobre rodas

Fundador da Companhia, Elielson nasceu com o tipo mais grave de uma doença rara chamada espinha bífida, Uma malformação do sistema nervoso que afeta a coluna e pode resultar em paralisia das pernas. Apesar das dificuldades, o bailarino conta como encontrou na dança uma alternativa para dar a volta por cima e sobre rodas.

"A dança entrou na minha vida em 1999. Foi um momento que eu estava tentando me encontrar como uma pessoa com deficiência. E um dia li no jornal um anúncio da primeira oficina de dança. Foi paixão à primeira vista. Vi um rapaz dançar, o Roberto Morais. Ele estava com uma roupa de palhaço e vi o sorriso muito grande dele, fazendo tanta coisa na cadeira de rodas, que pensei 'porque não fazer?'. Me identifiquei", disse Elielson.

Depois de dançar por diversos grupos, Elielson conheceu Thays Reis, que era sua parceira, antes de se tornar técnica do grupo. Após um período dançando de forma independente, eles decidiram criar o grupo que hoje fazem parte: "A gente começou a dançar juntos na época. E depois de alguns eventos, para a honra e glória fomos campeões brasileiros. O evento foi aqui no Pará. E aí fundamos a Cia do Nosso Jeito, dançando eu e ela".

image Mesmo sem a estrutura das equipes favoritas, Cia do Nosso Jeito continua conquistando troféus e medalhas (Sidney Oliveira / O Liberal)

Em busca de apoio

Em busca de patrocínios, um dos técnicos do grupo, Ricardo Reis, comenta que a Cia do Nosso Jeito vive com o apoio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL) e também da Fundação Cultural do Pará (FCP). Apesar do terceiro lugar, ele revela que há uma diferença nos equipamentos usados por eles em comparação às equipes favoritas de outros países:

"Um dos nossos objetivos é conseguir apoio para conseguir cadeiras melhores.  A cadeira é uma tecnologia que melhora a performance. O nível técnico precisa melhorar, mas além do nível técnico, tem o instrumento. A gente precisa desse apoio. Na medida que tivermos equipamentos do nível das equipes tops, vamos conseguir equiparar. O nosso grande diferencial é a determinação. Onde eles compensam [a diferença nos equipamentos]? No sentido que eles dão para tudo isso", finalizou Ricardo.

 

Integrantes da Cia do Nosso Jeito: Tayane Santana, Jeniffer Soares, Alexia Lohany Silva, Amanda Karina Sousa, Aliny Rosa, Thaís Correa, Cleyton Bentes, David Pontes, Lucivaldo Trindade, Elielson Silva, Ricardo Reis (técnico) e Thays Reis (técnica).

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